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Prova de SP, com Pessoa, pode acabar no tapetão
Punido por doping, brasileiro põe em risco resultado de evento milionário
Cavaleiro, que inicia hoje participação no concurso Athina Onassis, com R$ 5,2 milhões em prêmios, vale-se de liminar na Justiça comum
ADALBERTO LEISTER FILHO
GIULLIANA BIANCONI
DA REPORTAGEM LOCAL
O resultado do Concurso Internacional de Saltos Athina
Onassis, principal competição
de hipismo do país, iniciada ontem na Hípica Paulista, pode
ser decidido no tapetão.
O evento encerra o Global
Champions Tour, um circuito
mundial da modalidade, e tem
premiação recorde de 1,84
milhão (R$ 5,2 milhões), a
maior da história do hipismo.
Os organizadores acataram a
inscrição de Rodrigo Pessoa no
evento, que cumpre suspensão
por doping de seu cavalo Rufus
nos Jogos Olímpicos. O brasileiro se ampara em medida
cautelar obtida na 6ª Vara Cível da Justiça do Rio.
Pessoa participa hoje das eliminatórias do concurso principal montando o mesmo cavalo
que lhe rendeu suspensão de
135 dias pela FEI (Federação
Equestre Internacional), além
da cassação de seu quinto lugar
obtido na última Olimpíada.
O atleta, que também estava
inscrito para as provas de salto
de 1,45 m e 1,50 m, não esteve
na pista no primeiro dia do
evento porque seus cavalos
chegaram da Europa somente
na manhã de ontem.
Mas, por telefone, Pessoa falou à Folha sobre a polêmica
que o cerca e disse não estar
preocupado com retaliações da
FEI. "Eu entrei na Justiça comum porque queria resolver
esse problema [de não poder
saltar no Athina] e não estou
pensando no que pode vir a
acontecer. A única coisa que
me importa no momento é que
tenho o apoio dos outros atletas e dos patrocinadores."
Coordenador do evento e
empresário de Pessoa, André
Beck disse que os organizadores "cumprirão a última ordem
que estiver na mesa deles".
Afirmou que, se a liminar que
permite ao cavaleiro participar
do evento for cassada, Pessoa
será automaticamente excluído do concurso paulistano.
Campeão olímpico em 2004
graças ao doping alheio que o
fez ascender da prata para o
ouro, Pessoa reconheceu que
sua imagem está "arranhada" e
afirmou que ainda recorrerá à
CAS (Corte de Arbitragem do
Esporte) para tentar provar
inocência no caso do doping.
Segundo André Beck, caso
Pessoa seja derrotado na apelação, seus resultados no Athina
Onassis serão anulados.
Especialistas ouvidos pela
Folha, porém, acreditam que o
caminho seguido pelo brasileiro, de procurar a Justiça comum, não foi o mais adequado.
"O resultado dele nesta competição pode não ser considerados oficial pela federação internacional do esporte e invalidado. Daí, ele perderia a premiação", diz Thomaz Mattos de
Paiva, presidente da Agência
Nacional de Combate ao Doping, vinculada à Confederação
Brasileira de Atletismo.
O advogado ressalta que outro cavaleiro que se sinta prejudicado pela participação de
Pessoa na prova poderá apelar.
"Ele poderá entrar no STJD
da Confederação Brasileira [de
Hipismo] ou na própria FEI
reivindicando o prêmio e a desclassificação do atleta."
Para Luciano Hostins, que
atuou nos casos de doping da
saltadora Maurren Maggi e do
judoca João Derly, a premiação
já está sub judice. "O despacho
da juíza [Flávia Viveiros] garante a inscrição na prova, mas
não fala sobre premiação."
O advogado afirma que a punição de Rodrigo Pessoa pode
até ser reiniciada. "A FEI pode
começar o período de punição a
partir de sua participação na
prova de São Paulo."
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