São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2008

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Prova de SP, com Pessoa, pode acabar no tapetão

Punido por doping, brasileiro põe em risco resultado de evento milionário

Cavaleiro, que inicia hoje participação no concurso Athina Onassis, com R$ 5,2 milhões em prêmios, vale-se de liminar na Justiça comum


ADALBERTO LEISTER FILHO
GIULLIANA BIANCONI
DA REPORTAGEM LOCAL

O resultado do Concurso Internacional de Saltos Athina Onassis, principal competição de hipismo do país, iniciada ontem na Hípica Paulista, pode ser decidido no tapetão.
O evento encerra o Global Champions Tour, um circuito mundial da modalidade, e tem premiação recorde de 1,84 milhão (R$ 5,2 milhões), a maior da história do hipismo.
Os organizadores acataram a inscrição de Rodrigo Pessoa no evento, que cumpre suspensão por doping de seu cavalo Rufus nos Jogos Olímpicos. O brasileiro se ampara em medida cautelar obtida na 6ª Vara Cível da Justiça do Rio.
Pessoa participa hoje das eliminatórias do concurso principal montando o mesmo cavalo que lhe rendeu suspensão de 135 dias pela FEI (Federação Equestre Internacional), além da cassação de seu quinto lugar obtido na última Olimpíada.
O atleta, que também estava inscrito para as provas de salto de 1,45 m e 1,50 m, não esteve na pista no primeiro dia do evento porque seus cavalos chegaram da Europa somente na manhã de ontem.
Mas, por telefone, Pessoa falou à Folha sobre a polêmica que o cerca e disse não estar preocupado com retaliações da FEI. "Eu entrei na Justiça comum porque queria resolver esse problema [de não poder saltar no Athina] e não estou pensando no que pode vir a acontecer. A única coisa que me importa no momento é que tenho o apoio dos outros atletas e dos patrocinadores."
Coordenador do evento e empresário de Pessoa, André Beck disse que os organizadores "cumprirão a última ordem que estiver na mesa deles". Afirmou que, se a liminar que permite ao cavaleiro participar do evento for cassada, Pessoa será automaticamente excluído do concurso paulistano.
Campeão olímpico em 2004 graças ao doping alheio que o fez ascender da prata para o ouro, Pessoa reconheceu que sua imagem está "arranhada" e afirmou que ainda recorrerá à CAS (Corte de Arbitragem do Esporte) para tentar provar inocência no caso do doping.
Segundo André Beck, caso Pessoa seja derrotado na apelação, seus resultados no Athina Onassis serão anulados.
Especialistas ouvidos pela Folha, porém, acreditam que o caminho seguido pelo brasileiro, de procurar a Justiça comum, não foi o mais adequado.
"O resultado dele nesta competição pode não ser considerados oficial pela federação internacional do esporte e invalidado. Daí, ele perderia a premiação", diz Thomaz Mattos de Paiva, presidente da Agência Nacional de Combate ao Doping, vinculada à Confederação Brasileira de Atletismo.
O advogado ressalta que outro cavaleiro que se sinta prejudicado pela participação de Pessoa na prova poderá apelar.
"Ele poderá entrar no STJD da Confederação Brasileira [de Hipismo] ou na própria FEI reivindicando o prêmio e a desclassificação do atleta."
Para Luciano Hostins, que atuou nos casos de doping da saltadora Maurren Maggi e do judoca João Derly, a premiação já está sub judice. "O despacho da juíza [Flávia Viveiros] garante a inscrição na prova, mas não fala sobre premiação."
O advogado afirma que a punição de Rodrigo Pessoa pode até ser reiniciada. "A FEI pode começar o período de punição a partir de sua participação na prova de São Paulo."


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