São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2011

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JUCA KFOURI

O voo frustrado


O caso do avião fretado pelos clubes que só chegou após os jogos já terem terminado

O FUTEBOL BRASILEIRO já tinha três voos famosos, históricos, escandalosamente inesquecíveis: os voos da alegria promovidos pela CBF com representantes graúdos do Poder Judiciário do Rio de Janeiro convidados para as Copas do Mundo de 1994 e 1998 e o não menos célebre voo da muamba, quando a delegação da CBF chegou ao Brasil trazendo o tetracampeonato mundial e um sem- -número de artigos que os comandantes da seleção não queriam que passassem pela alfândega. Agora, temos mais um, sem a participação da CBF, embora causado por ela: o já consagrado voo que nunca chegou.
Melhor retrato da organização do futebol brasileiro seria impossível.
Primeiramente por ter sido encomendado, pois é um absurdo que se quisesse botar para jogar atletas que tinham participado da partida contra o México, na terça-feira à noite, menos de 24 horas depois no Brasil; segundamente porque o voo chegou quando os jogos já estavam terminados, porque o avião teve de voltar para a Costa Rica por falta de autorização para sobrevoar a Colômbia.
Sem se dizer que tudo porque o Campeonato Brasileiro não para quando a seleção joga, uma dessas coisas nossas, típicas de quem faz um montão para os clubes e suas ambições.
Clubes que são dirigidos por cordeiros incapazes até de fazer um avião fretado cumprir o seu papel. Quer dizer, cordeiros na subserviência, mas verdadeiras águias para defender seus próprios interesses, que raramente são os dos torcedores.
E que não são homens o suficiente nem sequer para fazer com que a própria CBF trate de devolver seus jogadores a tempo e a hora, embora, repitamos, tenha sido um absurdo o Flamengo tentar que Ronaldinho Gaúcho enfrentasse o Palmeiras (por mais que sua ausência tenha colaborado para a perda de dois pontos obrigatórios e que devem ser postos nas contas de dona Patrícia Amorim e seu novo amor Ricardo Teixeira) e que o Botafogo quisesse que Jefferson jogasse no lugar de Renan, de resto um dos maiores responsáveis pela ótima vitória sobre o líder Corinthians.
Absurdo comparável à escalação do hiperdesgastado Neymar contra o Galo, como se no Santos ele fosse visto como Super-Homem, o que está longe de ser. Azar do Botafogo que o pegará descansado. É isso. O tempo passa, o tempo voa e o futebol brasileiro continua muito longe de uma boa.

blogdojuca@uol.com.br


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