EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O norte-americano Floyd Mayweather, campeão dos superpenas do Conselho Mundial de Boxe e possível futuro (mas bem no futuro) rival de Popó, "passeou" no sábado em sua vitória sobre Jesus Chávez (o destino de Mayweather deve ser agora a categoria dos pesos-leves).
Não chegou a ser brilhante, como na vitória sobre Diego Corrales, mas foi extremamente eficiente contra Chávez, controlando quase que inteiramente as ações.
Popó, que está atualmente com 65 kg e começa no final do mês a perder peso para sua unificação com o campeão dos superpenas pela Associação Mundial de Boxe, Joel Casamayor, afirmou esta semana que não tem planos imediatos de subir de categoria, o que deve adiar um desafio a Mayweather, que sempre é mencionado quando se discute o seu futuro.
Popó, que treina nos EUA, reafirmou que seus planos para 2002 são descer de categoria para pena ou permanecer entre os superpenas. Subir para leve, ""só se houver uma proposta muito vantajosa".
Mas, voltando à luta de sábado, discordo de uma afirmação do comentarista Daniel Fucs. Nos assaltos iniciais, quando não havia golpes eficientes (precisos) desferidos, viu domínio nas porções iniciais de tais assaltos de Chávez, afirmando que, ao se julgar lutas, não se usa mais os conceitos ataque, defesa, técnica e eficiência.
Segundo ele, orientação dada durante um seminários do CMB para árbitros instruiu que o ataque eficiente tem peso de 70% na pontuação, o domínio do ringue 20% e o ataque puro, mesmo que ineficiente, 10%. Assim, nas primeiras porções daqueles assaltos, Fucs deu vantagem ao desafiante ""pelo movimento ofensivo, mesmo que ineficiente, de Chávez (acertava só a guarda e cotovelos de Mayweather). Só a reação de Mayweather nos últimos 30 segundos finais dos assaltos permitiu que ganhasse aquelas etapas".
Não tenho experiência como jurado e concordo em parte com Fucs (o ataque é o aspecto mais importante ao se julgar uma luta), mas em minha opinião (baseada em discussões que mantive com o norte-americano Tom Kaczmarek, que dá seminários no CMB), ainda há que se levar em conta os quatro fatores, dentre eles a técnica (ring generalship), que é ""quando um pugilista controla a ação, tem sucesso em implementar os primeiros passos para impor seu plano e está em controle do que ocorre no ringue".
Segundo Kaczmarek confirmou a esta coluna, esse (ring generalship) é um fator que pode e deve ser levado em conta para desempatar um assalto quando os ataques de ambos são improdutivos.
(Pense bem, se a nova mentalidade prevalecesse, qual teria sido o resultado de ""Sugar" Ray Leonard x Marvin Hagler, se essa luta tivesse sido disputada hoje?)
Em outro tópico ligado à transmissão de sábado, constatou-se que o canal Premiere enfrenta problemas com os horários. Primeiro, a luta de Mike Tyson com Brian Nielsen foi exibida uma hora antes do anunciado. Agora, a programação de sábado foi transmitida com uma hora de atraso, considerando-se as informações de sua central de atendimento.
Ainda assim, é uma opção melhor do que a alternativa, a falta de boxe na TV (ninguém exibirá Hasim Rahman x Lennox Lewis amanhã). O Sportv, aliás, exibe VT da luta de Tyson amanhã, às 22h30. Assim, motiva mais telespectadores a acompanhar boxe.

Programação 1
O invicto pena Valdemir Pereira, o Sertão, faz revanche amanhã, no ginásio Ayrton Senna (Diadema), com Renato Pedro. No primeiro encontro, Sertão venceu em dois assaltos. Na programação, o leve Juliano Ramos enfrenta Carlos Alberto Marcolin. O ingresso é um quilo de alimento não-perecível, que será encaminhado à família de um pugilista assassinado com o técnico Lindoarte Patriota.

Programação 2
O empresário de Sertão, Servílio de Oliveira, negocia disputa de título para o boxeador até o final do ano. Sertão deve desafiar Almir Fernandez pelo título paulista dos pesos-penas ou Giovano Andrade pelo cinturão brasileiro dos pesos-supergalos.
Resultado Andrade, aliás, em luta não-válida pelo título, bateu Edelson Martins no primeiro assalto, na última terça-feira, em São Paulo.

E-mail: eohata@folhasp.com.br


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