São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2007

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FÁBIO SEIXAS

A peneira


GP de Macau, que celebra 25 anos no domingo, é uma amostra de como é difícil chegar à F-1 e ficar por lá


ENQUANTO VOCÊ dormia (ou não), trinta rapazes treinavam em Macau. Trinta candidatos à F-1, ao estrelato, à glória.
Com vários futuros frustrados. Espécie de Mundial da F-3, o GP de Macau corre no domingo sua 25ª edição. Nesses 24 anos, foram 24 vencedores com carros de uma categoria praticamente imutável, que mantém com galhardia a função e o status de formadora de pilotos. É uma amostragem interessante.
Interessante e significativa para avaliar o futuro de garotos que encaram essa aventura chamada automobilismo. E, vai lá, um passatempo bacana para o feriadão prolongado. Do primeiro vencedor, pouco a falar, porque tudo já foi dito: Ayrton Senna. Em 84, a vitória foi de John Nielsen. Quem? Dinamarquês, nunca chegou à F-1 e seu último sopro de sucesso foi a vitória nas 24 Horas de Le Mans de 1990. No ano seguinte, o segundo triunfo brasileiro, Mauricio Gugelmin: cinco temporadas de F-1, sem brilho, e nove anos na Indy.
Andy Wallace ganhou em 86, para depois se tornar um mestre em endurace. Ele foi seguido por outro inglês, Martin Donnelly, que chegou à F-1 em 89 e que, em 90, sofreu um terrível acidente em Jerez. Fim de carreira. Em 88, Enrico Bertaggia: tentou disputar seis GPs de F-1, mas nunca superou a pré-classificação.
Em 89, David Brabham. O filho de Jack disputou 24 GPs por Brabham e Simtek, passou para o Turismo, correu neste ano na American Le Mans Series. Do seguinte, também pouco a dizer: um certo Michael Schumacher. Que, nesta semana, voltou a um F-1 para mostrar a todos que, se quisesse, seria octocampeão.
Em 91, David Coulthard. O eterno. Em 92, Rickard Rydell, muito prazer: tornou-se piloto de Turismo e hoje está aposentado. Seguiu-se, então, uma seqüência de vitórias alemãs: Jorg Müller, Sasha Maassen e Ralf Schumacher. Apenas o último chegou lá, e só pelo sobrenome. Ralph Firman venceu Macau em 96. Lembra dele? Correu pela Jordan em 2003. Neste ano, foi campeão da Super GT no Japão. Soheil Ayari, em 97, foi o primeiro francês a ganhar no circuito da Guia.
Dez anos depois, foi campeão da GT1 na Le Mans Series. A seguir, dois ingleses, Peter Dumbreck, hoje parado, e Darren Manning, na IRL. Em 2000, uma surpresa, André Couto, português que corria com licença de Macau. Não virou: hoje corre no Japão. Acho. Takuma Sato fez o caminho inverso: saiu do Japão, venceu em Macau, está na F-1.
Então, foi a vez de uma série francesa: Tristan Gommendy, Nicolas Lapierre e Alexandre Prémat, os três ainda buscando um lugar ao sol. O Brasil voltou a vencer em 2005, com Lucas di Grassi. Que tenta ser piloto de testes da Renault. E, em 2006, o vitorioso foi Mike Conway, apagado na GP2 nesta temporada.
Saldo: dos 24, 10 chegaram à F-1, 4 venceram GPs, 2 foram campeões. Pai, lembre-se disso quando decidir colocar o moleque no kart.

fseixas@folhasp.com.br


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