São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2008

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JUCA KFOURI
Que Corinthians é este?


O Corinthians subiu, como se sabe. E foi campeão, como também se sabe. Mas de que Corinthians falamos?


CORINTIANOS exigentes cobraram o colunista por não ter dedicado espaço à subida do Corinthians à Série A e por ter mencionado apenas de passagem, na frase do técnico Mano Menezes, o título da Série B. Não adiantou argumentar que o texto da cobertura do jogo que valeu a subida foi da lavra do dono da coluna, algo que até protesto de flamenguista causou, pela menção a eventuais 30 milhões de corintianos pelo país afora.
(O rubro-negro achou que era uma maneira disfarçada de sugerir que há mais corintianos que flamenguistas, coisa que, de fato, nem passa pela cabeça do autor). Importa mais, no entanto, em vez de festejar, observar que Corinthians temos hoje, qual teremos no ano que vem e, principalmente, no ano do centenário, em 2010.
Registremos para os incautos que em fevereiro de 2009 haverá eleições para presidente, com voto direto do associado graças ao novo estatuto do clube, maior feito da gestão de Andres Sanchez, porque a subida era obrigação. Tivesse o Corinthians vencido a Copa do Brasil e a história seria outra, mas aquela derrota para o Sport teve o mesmo sabor da diante do Palmeiras, pela Libertadores, quando São Marcos pegou pênalti de Marcelinho Carioca.
A eleição tanto pode resultar na reeleição de Sanchez como pode dar a vitória à oposição. Friamente, o que se vê é que a atual gestão prometeu mais do que entregou em um ano de mandato-tampão depois da catástrofe que foi a parceria com a MSI.
Injusto desconsiderar a herança maldita que pegou, embora a esmagadora maioria dos membros da direção de hoje (como da oposição) estivesse na direção de Alberto Dualib e apoiado a MSI, com as exceções de praxe tanto na área de marketing quanto na jurídica.
O marketing, por exemplo, deu belas bolas dentro e algumas fora, com balanço positivo. E a área jurídica teve o mérito histórico do novo estatuto, além de enterrar a MSI, apesar de que aí ainda haja controvérsias. E o futebol cumpriu com sua obrigação técnica, embora não se possa dizer que tenha honrado a promessa de transparência, envolvido em nebulosas transações como tem sido revelado exaustivamente.
Mano Menezes, é verdade, escapou ileso, apesar de algumas contratações abaixo da crítica, que, dizem, fazem parte. Há quem jure no clube que o time estará na Libertadores no ano do centenário e em condições de ganhá-la para buscar o bicampeonato mundial, o que seria um colosso. E é aí que o colunista que teve sua orelha puxada por não festejar suficientemente a volta à elite (verdade que o blogueiro até festejou), abre os olhos de quem reclamou para a realidade: qualquer título, mesmo um mundial, não compensa se à custa da identidade, do vínculo com a torcida. Não há MSI, Traffic, o que seja, que se justifique.
Porque a outra formidável vitória da administração Andres Sanchez foi a volta do torcedor corintiano ao seu estilo, como sempre desde 1910, exceção feita ao hiato de 2005/06/ 07. E é este torcedor que importa, só ele, mais nada. Nem ninguém.

blogdojuca@uol.com.br


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