São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2008

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"Não esperava a reação", diz Muricy

Técnico diz que persistência e oscilação dos rivais o ajudaram a superar pressão no São Paulo e vê tri como "grande feito'

Treinador afirma que seu custo/benefício é bom, que valorização deve vir com os títulos e que, para criticá-lo, é preciso conhecer o esporte

TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ele vive e respira futebol. Em casa, mesmo longe do trabalho, é no futebol que Muricy Ramalho concentra suas atenções. Persistente, estudioso e carrancudo, o treinador vive hoje às 17h, contra o Figueirense, no Morumbi, mais um capítulo na escalada que trava neste final de Brasileiro para obter seu terceiro título seguido no torneio. Na iminência de se tornar o segundo treinador a ser legitimamente tricampeão nacional -o primeiro foi Rubens Minelli entre 1975 e 1977-, Muricy, em entrevista à Folha, fala da pressão que passou no cargo, da obstinação que teve em recuperar a equipe em meio à desconfiança da diretoria do clube e da disciplina que ele impõe para ter seus comandados sob rédea curta.

 

FOLHA - Você disse que nem nas horas vagas se desliga do futebol. Como é sua rotina fora do clube?
MURICY RAMALHO
- Eu vivo futebol, respiro futebol. Vejo todos os programas para saber de tudo. Vejo basquete e vôlei e tiro lições para o futebol. Você tem que saber tudo para passar confiança aos jogadores. Eu me ligo tanto que nem sei quantas horas eu perco com futebol.

FOLHA - Em campo, os jogadores têm que ter tudo na cabeça sobre cada situação de jogo?
MURICY
- O que eu sou é organizado. Se tem uma falta contra a gente, o Rogério não tem que ficar sofrendo para formar a barreira. Os jogadores são numerados. Não dá para ter um escanteio e ninguém saber onde vai ficar na área. Tudo isso é treinado. E eu cobro muito.

FOLHA - Como o São Paulo conseguiu essa reação no Brasileiro?
MURICY
- Olha, se eu disser que esperava essa reação, vou estar mentindo. O que eu fiz foi não desistir. E contamos com a oscilação dos outros times.

FOLHA - Você foi muito contestado internamente quando o time estava mal. O que pensa das cobranças?
MURICY
- Não ligo para os críticos. Para falar de futebol comigo, tem de entender muito.

FOLHA - Mas e em relação às críticas de diretores?
MURICY
- É a mesma coisa. Tem diretor que fala e não sabe nada. Por isso é que gosto do Juvenal [Juvêncio, presidente do São Paulo]. Não se empolga se tudo está bem e não dá ouvidos quando falam de pressão.

FOLHA - Em 2009, a prioridade volta a ser a Libertadores?
MURICY
- Era para ser neste ano. Mas infelizmente não deu. Não abri mão de nada.

FOLHA - Você pode levar o São Paulo ao terceiro título brasileiro seguido. É hora de falar em aumento?
MURICY
- Acho que a valorização tem que acontecer para os dois lados. Eu revelo jogadores, não gasto muito, trabalho com quem mandam. O meu custo/ benefício é muito bom. E já recebi propostas mirabolantes e não saí do São Paulo.

FOLHA - Qual seria a importância de um tri brasileiro?
MURICY
- Olho para trás e vejo a dificuldade que foi ganhar dois Brasileiros. Ganhar outro, então, é mais ainda. Acho muito difícil acontecer de novo uma seqüência dessa de três títulos brasileiros seguidos.


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