São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997.



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LEGISLAÇÃO
Projeto de ministro tem o apoio da maioria dos paulistanos, mas ele é menor entre os menos esclarecidos
Desinformação 'segura' apoio à lei Pelé

da Reportagem Local


A maioria dos paulistanos apóia o projeto da lei Pelé, mas esse apoio seria ainda maior se eles fossem mais informados sobre seu conteúdo.
Esses são os principais resultados de uma pesquisa realizada pelo Datafolha.
O projeto de autoria do ministro dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, está tramitando na Câmara e pretende alterar a estrutura do esporte no Brasil.
Seus pontos principais são a transformação compulsória dos clubes em empresa, o fim do passe dos jogadores de futebol, a independência dos tribunais esportivos e a fiscalização dos clubes e federações pelo Ministério Público.
A votação na Câmara deve acontecer ainda neste ano. A decisão do Senado pode ficar para o início do ano que vem (leia texto ao lado).
No último dia 22 de outubro, o Datafolha ouviu 630 pessoas com pelo menos 18 anos, na cidade de São Paulo. Do total, 71% declararam apoio ao projeto, 11% são contrários, 10% estão indiferentes e 8%, indecisos.
Mas, dos entrevistados, apenas 5% declararam estar bem esclarecidos sobre o projeto, 30% disseram estar mais ou menos informados, Havia também 19% mal informados e 47% totalmente desinformados.
No grupo dos bem informados, 90% apóiam o projeto, e 7% são contrários. Entre os nada esclarecidos, só 62% são a favor, e 13 estão na oposição.
Os entrevistados foram ouvidos também sobre alguns pontos, como o clube-empresa e o fim do passe (veja quadro nesta página).
A questão mais polêmica é o clube-empresa. A fatia dos que querem a transformação compulsória é a mesma dos que preferem que isso seja opcional, como está na Lei Zico, em vigor: 40% para cada lado.
Quanto mais informado disse estar sobre o projeto, maior foi o apoio. Entre os que se diziam bem esclarecidos, a transformação compulsória venceu a opcional por 52% a 45%. Entre os que não tinham informação alguma, o resultado foi inverso: 31% x 40%.
Também na questão do passe, houve essa variação. A média foi de 84% pela extinção e 8% pela manutenção. Entre os quem acompanham mais o projeto, o "placar" foi de 90% a 10%. Entre os menos interessados, de 79% contra os mesmos 10%.
Repercussão
Hélio Viana, vice-presidente do Conselho Deliberativo do Indesp e braço-direito do ministro Pelé, disse que o ministério não tem dinheiro para fazer uma divulgação do projeto com o objetivo de aumentar o apoio popular.
"E fazer um pronunciamento pela TV não vale a pena. É muito complicado de conseguir e não teria efeito prático, porque o tempo seria curto, e o projeto é longo."
Viana manifestou confiança na aprovação do projeto. Segundo ele, a grande maioria dos deputados está informada sobre ele e vai votar pela sua aprovação. Ele disse que espera que o relator faça poucas mudanças no projeto original.
"Continuou achando que o projeto pode ser votado na Câmara e no Senado até o dia 15 de dezembro", declarou.
Comparação
Apesar de toda a discussão que provocou, o projeto de lei Pelé mudou muito pouco a opinião dos paulistanos sobre seus pontos mais polêmicos: o passe e o clube-empresa.
Numa pesquisa publicada em 2 de março deste ano, após a primeira semana de reportagens da série "País do Futebol", o Datafolha apurou resultados muito próximos aos da pesquisa deste mês.
Numa pergunta sobre o fim do passe, 48% dos entrevistados disseram ser favoráveis a que a medida valesse para todos os jogadores. Outros 35% concordaram com ela, desde que fosse estabelecido um limite de idade, como está estabelecido, por exemplo, na Resolução do Passe que Pelé baixou no final do ano passado.
A soma desses percentuais, 83%, é quase igual à resposta obtida na pesquisa de novembro, 84%.
O número de pessoas contrárias à extinção desse vínculo caiu de 13% para 8%, mais significativo.
Na questão do clube-empresa, a equivalência entre as duas pesquisa é ainda maior.
Em março último, 37% queriam que todos os clubes virassem empresa. O número em outubro foi só um pouco maior: 40%.
Para os que defendem a possibilidade de opção, a fatia de respostas variou de 42% para 40%.
Entre os contrário, houve a maior variação: queda de 17% para 13%.
Curiosamente, os indecisos cresceram, de 4% para 6%. (MD)



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