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LEGISLAÇÃO
Projeto de ministro tem o apoio da maioria dos paulistanos, mas ele é menor entre os menos esclarecidos
Desinformação 'segura' apoio à lei Pelé
da Reportagem Local
A maioria dos
paulistanos
apóia o projeto
da lei Pelé, mas
esse apoio seria
ainda maior se
eles fossem mais
informados sobre seu conteúdo.
Esses são os principais resultados de uma pesquisa realizada pelo
Datafolha.
O projeto de autoria do ministro
dos Esportes, Edson Arantes do
Nascimento, está tramitando na
Câmara e pretende alterar a estrutura do esporte no Brasil.
Seus pontos principais são a
transformação compulsória dos
clubes em empresa, o fim do passe
dos jogadores de futebol, a independência dos tribunais esportivos e a fiscalização dos clubes e federações pelo Ministério Público.
A votação na Câmara deve acontecer ainda neste ano. A decisão do
Senado pode ficar para o início do
ano que vem (leia texto ao lado).
No último dia 22 de outubro, o
Datafolha ouviu 630 pessoas com
pelo menos 18 anos, na cidade de
São Paulo. Do total, 71% declararam apoio ao projeto, 11% são
contrários, 10% estão indiferentes
e 8%, indecisos.
Mas, dos entrevistados, apenas
5% declararam estar bem esclarecidos sobre o projeto, 30% disseram estar mais ou menos informados, Havia também 19% mal informados e 47% totalmente desinformados.
No grupo dos bem informados,
90% apóiam o projeto, e 7% são
contrários. Entre os nada esclarecidos, só 62% são a favor, e 13 estão
na oposição.
Os entrevistados foram ouvidos
também sobre alguns pontos, como o clube-empresa e o fim do
passe (veja quadro nesta página).
A questão mais polêmica é o clube-empresa. A fatia dos que querem a transformação compulsória
é a mesma dos que preferem que
isso seja opcional, como está na
Lei Zico, em vigor: 40% para cada
lado.
Quanto mais informado disse estar sobre o projeto, maior foi o
apoio. Entre os que se diziam bem
esclarecidos, a transformação
compulsória venceu a opcional
por 52% a 45%. Entre os que não
tinham informação alguma, o resultado foi inverso: 31% x 40%.
Também na questão do passe,
houve essa variação. A média foi
de 84% pela extinção e 8% pela
manutenção. Entre os quem
acompanham mais o projeto, o
"placar" foi de 90% a 10%. Entre
os menos interessados, de 79%
contra os mesmos 10%.
Repercussão
Hélio Viana, vice-presidente do
Conselho Deliberativo do Indesp e
braço-direito do ministro Pelé,
disse que o ministério não tem dinheiro para fazer uma divulgação
do projeto com o objetivo de aumentar o apoio popular.
"E fazer um pronunciamento
pela TV não vale a pena. É muito
complicado de conseguir e não teria efeito prático, porque o tempo
seria curto, e o projeto é longo."
Viana manifestou confiança na
aprovação do projeto. Segundo
ele, a grande maioria dos deputados está informada sobre ele e vai
votar pela sua aprovação. Ele disse
que espera que o relator faça poucas mudanças no projeto original.
"Continuou achando que o projeto pode ser votado na Câmara e
no Senado até o dia 15 de dezembro", declarou.
Comparação
Apesar de toda a discussão que
provocou, o projeto de lei Pelé
mudou muito pouco a opinião dos
paulistanos sobre seus pontos
mais polêmicos: o passe e o clube-empresa.
Numa pesquisa publicada em 2
de março deste ano, após a primeira semana de reportagens da série
"País do Futebol", o Datafolha
apurou resultados muito próximos aos da pesquisa deste mês.
Numa pergunta sobre o fim do
passe, 48% dos entrevistados disseram ser favoráveis a que a medida valesse para todos os jogadores.
Outros 35% concordaram com
ela, desde que fosse estabelecido
um limite de idade, como está estabelecido, por exemplo, na Resolução do Passe que Pelé baixou no
final do ano passado.
A soma desses percentuais, 83%,
é quase igual à resposta obtida na
pesquisa de novembro, 84%.
O número de pessoas contrárias
à extinção desse vínculo caiu de
13% para 8%, mais significativo.
Na questão do clube-empresa, a
equivalência entre as duas pesquisa é ainda maior.
Em março último, 37% queriam
que todos os clubes virassem empresa. O número em outubro foi só
um pouco maior: 40%.
Para os que defendem a possibilidade de opção, a fatia de respostas variou de 42% para 40%.
Entre os contrário, houve a
maior variação: queda de 17% para
13%.
Curiosamente, os indecisos cresceram, de 4% para 6%.
(MD)
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