São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2000

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Time do ABC bate recordes e assusta "grandes" na Copa João Havelange



Equipe, que amanhã decide vaga na final com o Grêmio com a vantagem do empate, já marcou 72 gols na competição, marca inigualável em uma só edição do Brasileiro

César Rodrigues/Folha Imagem
O atacante Addhemar, artilheiro da Copa JH com 21 gols, após treino do São Caetano, o melhor ataque da história do Brasileiro



PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela sua trajetória na Copa João Havelange, única na história de um Campeonato Brasileiro, e pelo seu desempenho em campo, o mais ofensivo de todos os tempos no torneio, o São Caetano já garantiu um lugar de honra na principal competição do país.
Com rostos desconhecidos -nenhum jogador do time jogou pela seleção principal-, o clube do ABC, o primeiro a chegar em uma semifinal de Nacional sem nunca ter disputado a primeira divisão em seu Estado, resgatou uma ofensividade que andava esquecida no futebol brasileiro.
Jogando em casa, em um campo neutro ou no estádio do adversário, o São Caetano aniquilou "grandes" como Fluminense e Palmeiras sem mudar seu estilo de busca obsessiva pelo gol.
Com os três da vitória de anteontem sobre o Grêmio, na primeira partida das semifinais, o São Caetano atingiu 72 gols na JH.
Com essa marca, o time da cidade mais rica do ABC se isolou como a equipe com mais gols em uma só edição na história do Campeonato Brasileiro.
O recordista anterior era o Vasco, que, com um time de jogadores consagrados, balançou a rede 69 vezes na edição de 1997.
Sem uma torcida grande -a diretoria precisa subsidiar ingressos e transporte para seus torcedores-, o time propiciou jogos com placares que lembram os anos 60.
Na Copa JH, o time do ABC marcou pelo menos quatro gols em oito partidas, ou quase um terço de sua campanha.
Para a maioria de seus adversários, como o Grêmio, as derrotas para o São Caetano acabaram saindo "baratas".
Em 60 torneios e mais de 3.000 jogos, o Datafolha nunca contabilizou uma equipe que cria tantas chances como o time do ABC.
Sem contabilizar os jogos da primeira fase do Módulo Amarelo, quando enfrentou rivais mais fracos, o time do artilheiro Adhemar tem uma média de 23,8 finalizações por jogo, quase 70% maior do que a geral da JH.
"Para montar essa equipe, a gente se inspirou em grandes times do passado, como o Santos da década de 60 e o São Paulo do Telê", diz Jair Picerni, técnico do São Caetano, principal responsável pela transformação do time.
Até o ano passado, mesmo com bons resultados, como a melhor campanha na primeira fase da Série B do Brasileiro, o time jogava um futebol defensivo, com vitórias magras e muitos empates.
Com Picerni, que assumiu o cargo no começo do ano, o time passou por uma transformação.
No Campeonato Paulista, quando conquistou o título da segunda divisão, o time já aplicou várias goleadas, como os 7 a 1 sobre a Paraguaçuense.
Na temporada 2000, só em partidas oficiais, o São Caetano já anotou 130 gols.
Com esses números, o time difere de outras zebras históricas do Campeonato Brasileiro.
Em 1985, o Coritiba se sagrou campeão mesmo terminando a competição nacional com um saldo de gols negativo.
Seis anos depois, treinado por Carlos Alberto Parreira, o Bragantino disputou a final após uma campanha modesta em termos ofensivos -o time teve uma média de gols quase 50% menor do que a registrada pelo São Caetano na Copa João Havelange.


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