São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2006

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desigualdade

Final do Mundial escancara abismo entre continentes

Barcelona, que fez quatro gols com estrangeiros, e Inter, que anotou dois com seus garotos, refletem cenário da bola

Joseph Blatter, presidente da Fifa, aumenta pressão para limitar a concentração de craques de vários países em poucos times europeus

PAULO GALDIERI
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

No papel, está cada vez mais difícil para os times sul-americanos baterem os esquadrões europeus no Mundial de Clubes. E a edição deste ano escancara de vez a ""teoria da concentração de craques" em poucos clubes europeus que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, quer tanto derrubar em 2007.
O Barcelona venceu por 4 a 0 o América do México com quatro gols de jogadores que não são espanhóis. O time catalão levou 14 estrangeiros para o Japão, um a menos do que fez o Liverpool no ano passado.
Os atuais campeões europeus usaram na estréia nove forasteiros e, se outros dois jogarem amanhã, poderá igualar o Bayern-2001 como o campeão mundial de clubes que mais aproveitou jogadores não nascidos em seu país.
O Internacional, representante da Conmebol neste ano, conta no Japão com apenas dois estrangeiros (o peruano Hidalgo e o colombiano Vargas). Fez seus gols até agora com adolescentes revelados pelo próprio clube. Em 2005, com só um forasteiro (Lugano), o São Paulo bateu o campeão europeu e virou meio que exemplo ao presidente da Fifa.
""O que está acontecendo faz o desenvolvimento do futebol correr risco. É fato que em algumas ligas os mais ricos ficam mais ricos e os pobres ficam mais pobres. Isto não é futebol. O plano de seis mais cinco vai logo entrar em vigor, com certeza", disse Joseph Blatter.
O plano é obrigar os clubes a utilizar em campo ao menos seis jogadores nascidos no próprio país, uma forma de revelar mais talentos locais e ""equilibrar" o futebol mundial.
""Isso vai significar maior identificação entre clubes e torcedores. Dará mais oportunidade aos jogadores talentosos. Aliviará a pressão financeira sobre os clubes quando estão promovendo jogadores de seus próprios programas de treinamento", afirmou o dirigente.
O G14, grupo que reúne os clubes mais poderosos da Europa, já se movimenta para abafar o movimento da Fifa para impor limite de estrangeiros. Com base no caso Bosman, que revolucionou o mercado nos anos 90, os clubes alegam que é ilegal o limite, que deixava os times antes mais ""parelhos".
Nos últimos 11 Mundiais disputados no Japão, só três foram ganhos por sul-americanos, todos em jogos sofridos. Até os anos 80, os europeus usavam também poucos estrangeiros.
""Se eles [clubes milionários] pudessem ter só cinco estrangeiros, deixariam de comprar os melhores atletas a preços exorbitantes", disse Blatter, fazendo referência mais ao Chelsea de Roman Abramovich.
Blatter daria entrevista ontem no Japão, mas o evento foi transferido para amanhã, antes da final. O suíço, que defende o Mundial de Clubes por oferecer chances a todos os continentes, mesmo os de menor tradição no futebol, clama por uma cruzada contra a ""concentração de poder no futebol".
Ele espera que ligas nacionais imponham limite de estrangeiros, como ocorre no Brasil -o Inter não pode usar mais de três forasteiros.


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