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desigualdade
Final do Mundial escancara abismo entre continentes
Barcelona, que fez quatro gols com estrangeiros, e Inter, que anotou dois com seus garotos, refletem cenário da bola
Joseph Blatter, presidente da Fifa, aumenta pressão para limitar a concentração de craques de vários países em poucos times europeus
PAULO GALDIERI
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
No papel, está cada vez mais
difícil para os times sul-americanos baterem os esquadrões
europeus no Mundial de Clubes. E a edição deste ano escancara de vez a ""teoria da concentração de craques" em poucos
clubes europeus que o presidente da Fifa, Joseph Blatter,
quer tanto derrubar em 2007.
O Barcelona venceu por 4 a 0
o América do México com quatro gols de jogadores que não
são espanhóis. O time catalão
levou 14 estrangeiros para o Japão, um a menos do que fez o
Liverpool no ano passado.
Os atuais campeões europeus usaram na estréia nove forasteiros e, se outros dois jogarem amanhã, poderá igualar o
Bayern-2001 como o campeão
mundial de clubes que mais
aproveitou jogadores não nascidos em seu país.
O Internacional, representante da Conmebol neste ano,
conta no Japão com apenas
dois estrangeiros (o peruano
Hidalgo e o colombiano Vargas). Fez seus gols até agora
com adolescentes revelados
pelo próprio clube. Em 2005,
com só um forasteiro (Lugano),
o São Paulo bateu o campeão
europeu e virou meio que
exemplo ao presidente da Fifa.
""O que está acontecendo faz
o desenvolvimento do futebol
correr risco. É fato que em algumas ligas os mais ricos ficam
mais ricos e os pobres ficam
mais pobres. Isto não é futebol.
O plano de seis mais cinco vai
logo entrar em vigor, com certeza", disse Joseph Blatter.
O plano é obrigar os clubes a
utilizar em campo ao menos
seis jogadores nascidos no próprio país, uma forma de revelar
mais talentos locais e ""equilibrar" o futebol mundial.
""Isso vai significar maior
identificação entre clubes e
torcedores. Dará mais oportunidade aos jogadores talentosos. Aliviará a pressão financeira sobre os clubes quando estão
promovendo jogadores de seus
próprios programas de treinamento", afirmou o dirigente.
O G14, grupo que reúne os
clubes mais poderosos da Europa, já se movimenta para abafar o movimento da Fifa para
impor limite de estrangeiros.
Com base no caso Bosman, que
revolucionou o mercado nos
anos 90, os clubes alegam que é
ilegal o limite, que deixava os times antes mais ""parelhos".
Nos últimos 11 Mundiais disputados no Japão, só três foram
ganhos por sul-americanos, todos em jogos sofridos. Até os
anos 80, os europeus usavam
também poucos estrangeiros.
""Se eles [clubes milionários]
pudessem ter só cinco estrangeiros, deixariam de comprar
os melhores atletas a preços
exorbitantes", disse Blatter, fazendo referência mais ao Chelsea de Roman Abramovich.
Blatter daria entrevista ontem no Japão, mas o evento foi
transferido para amanhã, antes
da final. O suíço, que defende o
Mundial de Clubes por oferecer chances a todos os continentes, mesmo os de menor
tradição no futebol, clama por
uma cruzada contra a ""concentração de poder no futebol".
Ele espera que ligas nacionais imponham limite de estrangeiros, como ocorre no
Brasil -o Inter não pode usar
mais de três forasteiros.
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