São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007

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Agora é Kaká quem posa para Ronaldo

Yokohama, palco da consagração máxima do "Fenômeno" em 2002, engatilha a coroação do franzino reserva do penta

Ex-promessa são-paulina e coadjuvante no penta joga no Japão como melhor do mundo e ofusca o herói nacional de cinco anos atrás

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Yokohama, 2002. Kaká, garoto, assiste como um mero coadjuvante da seleção brasileira à consagração máxima de Ronaldo. Yokohama, 2007. Ronaldo, veterano, assiste como um mero torcedor do Milan à partida decisiva que antecede a consagração máxima de Kaká.
Se na conquista do penta do Brasil Kaká era só uma opção quase nunca usada por Luiz Felipe Scolari -atuou 18 minutos na Copa de 2002-, na atual temporada Ronaldo é apenas um freqüentador assíduo do departamento médico do Milan -ex-melhor do mundo por três vezes, jogou somente uma partida, contra o Cagliari.
O mundo mudou bastante para os dois nos últimos cinco anos. Kaká ascendeu no Milan e conseguiu feitos que o ""Fenômeno" sempre sonhou. Até hoje, não conseguiu o título da badalada Copa dos Campeões, competição que teve neste ano show do ex-são-paulino, campeão e artilheiro, com dez gols.
Em 2002, na Copa que teve final em Yokohama, Ronaldo é que fora campeão e goleador. Seria também naquele ano o melhor do planeta para a Fifa. Amanhã, será Kaká o centro das atenções na festa de gala da máxima entidade do futebol.
Na Itália, já comparam o ano de Kaká com o que Van Basten teve em 1989: campeão europeu, vencedor da Supercopa da Europa e da ""Bola de Ouro". Só falta o título mundial de clubes.
Ronaldo conseguiu também em 2002 em Yokohama um Mundial interclubes, mas esse foi um raro momento de conquista no Real Madrid. Na era galáctica, o ""Fenômeno" engordou a conta bancária, mas não a sua galeria de troféus.
Para o centroavante só sobrou o Espanhol de 2003, basicamente. Antes de o Real faturar novo troféu nacional neste ano, Ronaldo saiu do clube desgostoso com Fabio Capello, que acabou rindo por último, campeão. Na volta à Itália, lesões musculares em série o tiraram de combate. E seu longo tratamento gerou polêmica.
Ronaldo e Kaká se cruzaram nos últimos anos na seleção brasileira, mas no momento crucial, na Copa da Alemanha, não brilharam juntos. O primeiro, criticado pela forma (ou ausência dela), praticamente se despediu do time nacional. O segundo, com mais personalidade, até ousou cobrar o ídolo e companheiro. Determinado, voltou melhor para a equipe.
Prova da virada na carreira dos dois pode ser vista em recentes campanhas publicitárias. Eterno garoto-propaganda da Nike, Ronaldo agora ganha chuteira especial pela carreira, não pelo presente. Sua careca famosa e conhecida em todo o mundo foi aposentada. A situação está literalmente mais cabeluda para o centroavante.
Já Kaká, apesar de religioso, exibe uma veia mais ousada como 007 na nova campanha da Adidas -na foto publicitária, a chuteira parece ter se transformado numa pistola. De smoking, mostra elegância de modelo que se acostumou a desfilar trajando a grife Armani.
O Milan pode ser o time estrangeiro campeão mundial com mais brasileiros. Dida, Cafu, Serginho, Emerson. Tem ainda Pato, Digão, Leonardo como dirigente e site com versão em português. Nesse mundo, Kaká é o maioral. Ronaldo, cortado do Mundial, mas ainda no Japão, é testemunha disso.


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