São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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JUCA KFOURI

Tempos modernos


Mudanças no futebol: da unificação dos títulos no Brasil à zebra no Mundial de Clubes


A MAIOR surpresa futebolística de minha tenra infância foi a derrota da Hungria para a Alemanha na Copa de 1954. Se os alemães se doparam, se Puskas jogou machucado, nada disso é relevante diante do resultado. E, na verdade, só fui tomar conhecimento de tudo muito mais tarde, porque não guardo a menor lembrança daquele ano, com exceção do suicídio de Getúlio Vargas.
A segunda maior surpresa da minha infância, já bem viva na memória, foi a derrota do Santos para o Bahia na Taça Brasil de 1959. Não conhecia nenhum dos jogadores tricolores, e o time do Santos tinha Pelé.
Outra surpresa enorme, mas na adolescência, aconteceu em outra Taça Brasil, quando o Cruzeiro também bateu o Santos, em 1965, além de goleá-lo por 6 a 2 no Mineirão. O Santos de Pelé e pentacampeão da Taça Brasil (1960/61/62/63/64) e melhor time que vi jogar em toda a minha vida.
Sim, a Alemanha tornou-se uma potência no futebol, como de resto é em tudo mais; o Bahia, nem por isso, pois só voltou a ter projeção nacional ao vencer o Campeonato Brasileiro, brilhantemente, em 1988; o Cruzeiro também virou potência, porque, afinal, nasceu para o Brasil embalado por gênios como Tostão e Dirceu Lopes, ambos cercados por diversos grandes jogadores.
E o Santos é o Santos, tão Santos que até neste 2010 protagonizou os melhores jogos do ano e fez e sofreu os mais belos gols da temporada, sinônimo de futebol bem jogado.
Santos que não precisa ser chamado de octocampeão brasileiro para ser reconhecido como melhor time da história, assim como Pelé não precisa ser campeão brasileiro com esse nome para ser o maior jogador de futebol de todos os tempos.
A CBF parece sair de um exagero, não reconhecer nada além do Campeonato Brasileiro, para ir a outro exagero, reconhecer como campeonato o que foi taça. Basta equiparar o Robertão ao Brasileirão e ponto final.
Mas o que dizer desta nova surpresa, das maiores de minha vida adulta, a vitória, justa, do Mazembe, da República Democrática do Congo, sobre o Inter?
Dizer aquilo que já sabemos, mas que teimamos em esquecer até que a realidade bata em nossas caras novamente: está tudo muito nivelado, cada vez mais tudo é possível, como foi o Bahia, 50 anos atrás (sim, a final foi em março de 1960).
A questão é saber se o Mazembe virará um Bahia ou um Cruzeiro. Sábado começaremos a saber.

blogdojuca@uol.com.br


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