São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2004

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Conmebol renega a Olimpíada

DO ENVIADO A VIÑA DEL MAR

A Conmebol tem direito a apenas duas vagas no torneio olímpico de futebol, mas isso pouco importa para ela, pois, segundo disse à Folha o presidente da entidade, Nicolás Leoz, a disputa não interessa ao continente.
"Enviamos um pedido formal à Fifa para que o futebol na Olimpíada seja disputado só por jogadores amadores. Para o nosso continente, o torneio olímpico de futebol não importa. O que está sendo disputado não é Pré-Olímpico. É na verdade o Sul-Americano sub-23, que oferece duas vagas para a Olimpíada por motivos políticos e econômicos", disse.
O dirigente entende que o Comitê Olímpico Internacional teria que bancar todas as despesas das seleções e que o futebol, por ser altamente profissional, é diferenciado das outras modalidades.
"O COI não paga um só centavo aos países que disputam os Jogos. Se Brasil e Argentina forem a Atenas, por exemplo, irão gastar uns três ou quatro milhões de dólares e não receberão nada. E o futebol leva mais público aos estádios na Olimpíada do que todos os outros esportes juntos."
O futebol costuma atrair público por ser jogado em estádios, mas sua audiência não supera todas as outras modalidades juntas.
"Imagina, por exemplo, o Ronaldo na Olimpíada. Ele está acostumado com bons hotéis, não com uma Vila Olímpica. A CBF pode pagar o melhor hotel para a seleção brasileira, mas em um Mundial a Fifa arca com todos os custos", disse ele -Ronaldo foi aos Jogos de Atlanta-96, quando ainda não era "Fenômeno".
Segundo Leoz, o continente só não boicota o torneio olímpico de futebol porque Brasil e Argentina querem, por orgulho, ganhar uma vez a medalha de ouro, coisa que só o Uruguai conseguiu na região -em 1924 e 1928, quando não havia a Copa do Mundo.
"Os dois países já ganharam tudo o que era possível no futebol. Se já tivessem ganho o ouro, nem estariam querendo disputar os Jogos. É mais um orgulho."
O dirigente, que anunciou recentemente o lançamento do Sul-Americano sub-15, defende a criação de um Mundial sub-23, o que deixaria o torneio olímpico só mesmo para atletas amadores.
"Esperamos que seja criado um Mundial sub-23, como tem o sub-20 e o sub-17. Seria bastante rentável, pois nessa categoria os jogadores já são profissionais."
Fã de Diego e Robinho, Leoz acredita que o Brasil passará pela repescagem, fase que ele negou ter sido criada para "socorrer" uma possível campanha irregular dos anfitriões chilenos. ""Não foi o Chile que lançou a idéia da repescagem. Foram outros países."
Eduardo Deluca, argentino que é secretário-geral da Conmebol, disse que Brasil e Argentina costumam aceitar propostas de vizinhos para não criar problemas. "Às vezes fazem alguma concessão, como a repescagem." (RBU)


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