São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2004

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FUTEBOL

Na Copa SP, time de central sindical tem nome de Paulo Pereira da Silva, pré-candidato à prefeitura, no uniforme

Com 11 "Paulinhos", Força dribla legislação

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Da arquibancada, um garoto de dez anos não entende o nome Paulinho estampado na camisa de todos os atletas. Ainda encucado após o jogo, telefona para o pai e tenta encontrar uma resposta: "Pai, todos os jogadores desse time se chamam Paulinho?".
A resposta é não. A cena é real e aconteceu no jogo entre o Força Esporte Clube, time mantido por seis sindicatos ligados à Força Sindical, e o Lençoense, pelas oitavas-de-final da Copa São Paulo de juniores, na última quinta-feira.
Nenhum dos atletas tem esse nome. O Paulinho das camisetas é ninguém menos do que Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PDT.
Em ano eleitoral, a prática pode ser considerada propaganda ilegal. A legislação diz que somente a partir do dia 6 de julho deste ano os candidatos e os partidos poderão fazer a divulgação.
A propaganda eleitoral antecipada pode render ao pré-candidato e ao partido multas que variam entre 20 mil e 50 mil Ufirs. Uma Ufir vale hoje R$ 1,06.
De acordo com o TRE (Tribunal Regional Eleitoral), o fato de o pré-candidato do PDT exibir seu nome na camisa do clube não caracteriza propaganda, a menos que haja uma reclamação oficial ao órgão. A partir daí, um juiz analisaria a questão.
"Eu não sei se é propaganda. Eu sou pré-candidato, não sou nem candidato ainda", declara Paulinho, que diz ter seu nome estampado na camisa do clube desde a fundação do Força, em 2001. "Eu ajudei muito esse clube."
O supervisor de futebol do Força, Ulisses Tavares da Silva, diz que Paulinho é o "grande responsável pela existência do time".
O sindicalista afirma que consultou a Federação Paulista de Futebol sobre o uso de seu nome no uniforme. "Eles disseram que, se ninguém reclamar, não tem problema. E eu até brinquei e perguntei se poderia colocar o número 12 [do PDT]", conta Paulinho.
O uso de propaganda política é proibido pela Fifa, entidade que rege o futebol mundial.
Paulinho diz que está disposto a retirar seu nome do uniforme do Força "se alguém reclamar".
O sindicalista, com a ajuda de alguns sindicatos ligados à central, tem oferecido prêmios aos atletas do time, que ganham R$ 240 cada um, por fase superada na Copa São Paulo.
Segundo ele, pela classificação na primeira fase, foram distribuídos R$ 6.000 entre jogadores e comissão técnica. Pela vitória por 3 a 2 contra o Lençoense, a bonificação será de R$ 8.500.
Se o time bater amanhã à tarde o Corinthians, em Osasco, pelas quartas-de-final do torneio, a premiação irá superar os R$ 9.000.
O Força participa da principal competição de juniores do país pela primeira vez. Para isso, atendeu exigência da FPF e entrou como um dos times-sede. A equipe foi a única que mandou seus jogos na cidade de São Paulo -no estádio do Nacional, na Barra Funda.
Com o bom desempenho na Copa São Paulo, o time espera poder negociar jogadores. O ex-zagueiro Luís Pereira, que já trabalhou no clube e é uma espécie de embaixador do Força, concretizou a ida de dois atletas da equipe para o Espanhol Las Palmas.


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