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FUTEBOL
Na Copa SP, time de central sindical tem nome de Paulo Pereira da Silva, pré-candidato à prefeitura, no uniforme
Com 11 "Paulinhos", Força dribla legislação
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Da arquibancada, um garoto de
dez anos não entende o nome
Paulinho estampado na camisa
de todos os atletas. Ainda encucado após o jogo, telefona para o pai
e tenta encontrar uma resposta:
"Pai, todos os jogadores desse time se chamam Paulinho?".
A resposta é não. A cena é real e
aconteceu no jogo entre o Força
Esporte Clube, time mantido por
seis sindicatos ligados à Força Sindical, e o Lençoense, pelas oitavas-de-final da Copa São Paulo de
juniores, na última quinta-feira.
Nenhum dos atletas tem esse
nome. O Paulinho das camisetas é
ninguém menos do que Paulo Pereira da Silva, presidente da Força
Sindical, e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PDT.
Em ano eleitoral, a prática pode
ser considerada propaganda ilegal. A legislação diz que somente a
partir do dia 6 de julho deste ano
os candidatos e os partidos poderão fazer a divulgação.
A propaganda eleitoral antecipada pode render ao pré-candidato e ao partido multas que variam entre 20 mil e 50 mil Ufirs.
Uma Ufir vale hoje R$ 1,06.
De acordo com o TRE (Tribunal
Regional Eleitoral), o fato de o
pré-candidato do PDT exibir seu
nome na camisa do clube não caracteriza propaganda, a menos
que haja uma reclamação oficial
ao órgão. A partir daí, um juiz
analisaria a questão.
"Eu não sei se é propaganda. Eu
sou pré-candidato, não sou nem
candidato ainda", declara Paulinho, que diz ter seu nome estampado na camisa do clube desde a
fundação do Força, em 2001. "Eu
ajudei muito esse clube."
O supervisor de futebol do Força, Ulisses Tavares da Silva, diz
que Paulinho é o "grande responsável pela existência do time".
O sindicalista afirma que consultou a Federação Paulista de Futebol sobre o uso de seu nome no
uniforme. "Eles disseram que, se
ninguém reclamar, não tem problema. E eu até brinquei e perguntei se poderia colocar o número 12
[do PDT]", conta Paulinho.
O uso de propaganda política é
proibido pela Fifa, entidade que
rege o futebol mundial.
Paulinho diz que está disposto a
retirar seu nome do uniforme do
Força "se alguém reclamar".
O sindicalista, com a ajuda de
alguns sindicatos ligados à central, tem oferecido prêmios aos
atletas do time, que ganham R$
240 cada um, por fase superada na
Copa São Paulo.
Segundo ele, pela classificação
na primeira fase, foram distribuídos R$ 6.000 entre jogadores e comissão técnica. Pela vitória por 3 a
2 contra o Lençoense, a bonificação será de R$ 8.500.
Se o time bater amanhã à tarde o
Corinthians, em Osasco, pelas
quartas-de-final do torneio, a premiação irá superar os R$ 9.000.
O Força participa da principal
competição de juniores do país
pela primeira vez. Para isso, atendeu exigência da FPF e entrou como um dos times-sede. A equipe
foi a única que mandou seus jogos
na cidade de São Paulo -no estádio do Nacional, na Barra Funda.
Com o bom desempenho na
Copa São Paulo, o time espera poder negociar jogadores. O ex-zagueiro Luís Pereira, que já trabalhou no clube e é uma espécie de
embaixador do Força, concretizou a ida de dois atletas da equipe
para o Espanhol Las Palmas.
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