São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

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RÉGIS ANDAKU

Planejamento pra quê?


Calendário, planejamento, organização, isso tudo parece perfeito no tênis, mas só no tênis internacional


M ELHOR BRASILEIRO na última temporada e esperança do tênis nacional para este ano, Thiago Alves decidiu ignorar o Challenger de São Paulo e a perna de saibro na América do Sul em janeiro para abrir 2007 do outro lado do mundo.
Na falta de tenistas ambiciosos aqui, Alves fez a escolha ousada, a mais certa. Nada contra torneios locais e regionais, importantes para o terceiro pelotão acumular pontos no ranking, mas por que não buscar logo lugar no pelotão adiante, aquele que efetivamente busca consolidar carreira profissional de sucesso? Só que Alves tropeçou já no primeiro jogo, contra um tenista inexpressivo -você já ouviu falar de Karan Rastogi, número 480? Mas, mais do que o jogo, perdeu a chance de enfrentar um Rafael Nadal com problemas físicos na segunda rodada. E a possibilidade de derrubar o cabeça-de-chave número um e chegar às quartas-de-final no primeiro ATP Tour da temporada. Bom, acontece, não é mesmo?
Na semana seguinte, Alves simplesmente não entrou na chave principal do Torneio de Auckland, na Nova Zelândia. Em vez disso, jogou o qualifying do Torneio de Sydney, na vizinha Austrália. Sabe-se que o evento em Sydney é mais festivo e pomposo do que o de Auckland, mas o que faria um tenista buscando seu lugar ao sol preterir a chave principal de um ATP Tour para disputar o quali de outro? Alves caiu na primeira rodada do quali em Auckland. Bom, acontece, não é mesmo?
Chegou então a hora do Aberto da Austrália, o primeiro Grand Slam. Havia a expectativa de mais uma desistência entre 128 tenistas para Alves herdar vaga na chave principal. Mas o caminho natural era o quali. Pois Alves não se inscreveu no quali, simplesmente porque apostou que alguém desistiria do Grand Slam. O que aconteceu foi que... ninguém desistiu! Sim, Alves ficou fora da chave principal porque ninguém desistiu de jogar e da chave do quali porque ele próprio não se inscreveu. Essas coisas acontecem?
Alves deu sorte(!) e ficou com uma vaga no quali do Aberto da Austrália. Em vez de ser cabeça-de-chave, pegou um deles -e levou 7/5 e 6/0. O melhor tenista do ano e a esperança para esta temporada volta para casa com três derrotas em três jogos, sem um ATP Tour que poderia ter jogado, sem uma vaga no Aberto da Austrália que parecia na mão.
Flávio Saretta, nosso terceiro melhor tenista e certamente o mais técnico e habilidoso da atual leva de brasileiros, é outro que não dá motivos para achar que planejamento é o nosso forte. Eliminado na estréia no Challenger de São Paulo, Saretta foi ao Chile para o Challenger de La Serena. Perfeito, não fosse uma simples ação: lá, Saretta simplesmente tirou seu nome da lista do torneio. Não se sentiu em condições de jogar. Tudo bem. Fica para a próxima semana. Quem se importa, mesmo?

CÃIBRAS
André Sá estava no quali do Aberto da Austrália, mas não conseguiu vôo. Foi para o Chile e teve de entrar no quali do Challenger de La Serena. A um jogo da chave principal, com cãibras, abandonou.

DERROTAS
Além de Alves, Julio Silva, André Ghem e Rogério Silva falharam na busca por vaga na chave principal do Aberto da Austrália. Julio venceu dois jogos -os outros nem isso.

AUSÊNCIA NOTADA
Entre os tenistas que já ganharam Grand Slam e seguem na ativa, Gustavo Kuerten é o único fora do Aberto da Austrália, que reúne neste ano nove campeões: Roger Federer, Lleyton Hewitt, Rafael Nadal, Marat Safin, Juan Carlos Ferrero, Gastón Gaudio, Thomas Johansson, Carlos Moyá e Andy Roddick.

reandaku@uol.com.br


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