Reestruturado e otimista, time do Parque São Jorge revê torcedores um mês e meio depois de ter vivido pior pesadelo

Com três remanescentes do catastrófico Brasileiro-07 e média de idade de 27 anos, equipe faz estréia hoje no Paulista, contra o Guarani

EDUARDO ARRUDA
LUÍS FERRARI
ENVIADOS ESPECIAIS A ITU

Foram 45 dias de mudanças profundas, para cicatrizar algumas feridas, para tentar ficar de novo em pé. Depois do pior pesadelo de sua história, o rebaixamento para a Série B do Brasileiro, o Corinthians volta a campo hoje, às 21h45, contra o Guarani, em sua estréia no Campeonato Paulista.
Do fatídico dia do rebaixamento, em 2 de dezembro do ano passado, pouco restou. O departamento de futebol foi todo reestruturado, o técnico é novo, e a maioria dos jogadores vestirá hoje a camisa corintiana pela primeira vez.
Apesar disso, a equipe está mais "experiente". Em relação ao grupo que terminou a última temporada, envelheceu cinco anos. A média de idade dos titulares que irão a campo nesta noite é de 27 anos.
"Nós trabalhamos muito para fazer um novo Corinthians. Subir neste ano é uma obrigação. Se não subir, eu vou virar a Geni e ser apedrejado na praça da Sé", prevê o vice-presidente de futebol Mário Gobbi.
As palavras do dirigente deixam claro: o objetivo é subir, e o Paulista será usado como um laboratório para preparar o time para a disputa da segunda divisão, que começa em maio.
Nesse período, os 13 jogadores contratados até agora, além dos poucos remanescentes de 2007, serão avaliados pelo técnico Mano Menezes.
Da equipe que entrará em campo no Morumbi, apenas o goleiro Felipe, o volante Bruno Octávio e o atacante Finazzi estavam no grupo que caiu no ano passado. "Agora é tudo novo, os jogadores são novos, e estamos com ânimo renovado para dar a volta por cima", disse Felipe, principal ídolo corintiano na última temporada.
Endividado, o clube contou com a ajuda de seu novo patrocinador para reformular o elenco. A Medial Saúde já deu R$ 5 milhões dos R$ 16,5 milhões acordados pelo contrato de um ano para a diretoria ir às compras. "Nós entendemos que o patrocínio ajuda a compor o elenco, mas não vamos interferir no destino dos recursos", disse o diretor de marketing da Medial, Nilo Carvalho.
"A gente fica satisfeito que a Medial participe do processo de reestruturação do clube", completou o executivo.
A penúria financeira ocorre depois do período de vacas gordas de parceria com a MSI, rescindida pelo clube, que se tornou alvo de processo na Justiça Federal por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Sem o fundo de investimentos estrangeiro e suas estrelas, os gastos corintianos em 2008 foram modestos. Nenhuma estrela chegou, 19 atletas saíram, e o time está mais "enrugado".
"Vale muito isso nessa hora para superarmos esse ano difícil, mas não adianta ter experiência e não corresponder em campo. As contratações foram baseadas no sentido de equilibrar o grupo", disse o volante Alessandro, 29, um dos reforços trazidos por Mano.
"O Corinthians está montando uma equipe de Série A para enfrentar qualquer um no Paulista e na Copa do Brasil", diz o zagueiro William, 31.
O treinador, aliás, diz que os mais rodados ajudarão também no desenvolvimento dos novatos, como Lulinha e Dentinho. "Não tenho dúvida de que a campanha deste ano vai passar pela qualidade dos jogadores jovens formados nas categorias de base, mas com o apoio dos mais experientes e da comissão técnica", afirmou.
Mano, no entanto, pede "apoio e compreensão" à torcida, pois, segundo ele, o time só estará pronto nas rodadas finais do Paulista. "Eu só conheço jogador produzindo bem em um ambiente tranqüilo", falou.


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