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Noves fora
Esquema de Parreira e lugar cativo de Ronaldo no time impedem seleção de ter gols de Adriano e Luis Fabiano
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A DUBLIN
Um brilha a peso de ouro no duro Campeonato Italiano, o outro é
o maior artilheiro no pouco estrelado futebol nacional. Mas, na seleção brasileira, os atacantes
Adriano, 22, da Inter de Milão, e
Luis Fabiano, 23, do São Paulo,
não passam de reservas de luxo.
A ótima fase dos dois esbarra
em Ronaldo, também brilhando
no clube (Real Madrid) e dono
absoluto da camisa nove amarela.
Em Dublin, onde amanhã, às
16h30, o Brasil faz amistoso com a
Irlanda, o trio de goleadores está
reunido pela primeira vez.
Mas, ao que tudo indica, só fora
de campo. Pela cartilha do técnico
Carlos Alberto Parreira, na seleção só há espaço para um atacante
fixo na área -o treinador já indicou ontem, no hotel em que a seleção está hospedada, que vai usar
Ronaldinho e Kaká como companheiros de Ronaldo.
Assim, Adriano, que hoje faz
aniversário, e Luis Fabiano estão
condenados a serem apenas opções para o segundo tempo.
Apesar de viverem uma situação rara -poucas vezes na história a seleção teve no banco reservas tão eficientes-, os dois parecem conformados.
"É muito difícil ganhar uma posição quando você tem o Ronaldo
como concorrente. Nenhum reserva na seleção tem uma missão
tão dura como essa", diz, conformado, Adriano. "O Ronaldo é o
melhor atacante do mundo", afirma Luis Fabiano.
Para Adriano (que na Itália adotou o número dez, apesar de ser
um centroavante nato, o típico camisa nove), existe a possibilidade
de fazer uma parceria com o astro
do Real Madrid.
Ele está disposto até a mudar
seu posicionamento original pelo
sonho de atuar com o ídolo. "Posso fazer como na Inter, em que
saio da área para dar mais espaço
ao Vieri", diz sobre a dupla que
forma hoje com o ex-companheiro de Ronaldo no clube italiano.
Revelado no Flamengo, Adriano foi convocado à seleção pela
primeira vez quando ainda era
uma promessa, em 2001, por
Leão. No time nacional ele não se
firmou, mas ganhou projeção suficiente para conseguir uma
transferência para o futebol italiano, onde vai muito bem.
Nas últimas duas temporadas
ele alcançou uma média de gols
extraordinária. Em 41 jogos, marcou 25 vezes. Nenhum brasileiro
que atua no Italiano, o campeonato europeu com marcação mais
dura, balançou as redes tantas vezes no período. "Eu estou muito
bem, mas meu time precisa melhorar", diz Adriano sobre seu
momento na Itália, em que marca
muitos gols, mas vê a Inter fora da
Copa da Itália e cada vez mais longe dos líderes no Nacional.
Único dos três que não atua no
futebol europeu, Luis Fabiano
quer uma chance no jogo contra a
Irlanda para ter uma vitrine que
possa beneficiá-lo no futuro. "É
uma oportunidade para todo
mundo conhecer meu futebol",
diz o jogador do São Paulo.
Realmente, Luis Fabiano, que já
ultrapassou a marca dos cem gols
pelo clube do Morumbi, é separado por um abismo em termos financeiros dos outros concorrentes à camisa nove da seleção.
Ronaldo é o atleta brasileiro
mais bem pago, com um faturamento anual que supera os US$ 10
milhões. Valorizado pelos gols
marcados pelo Parma, Adriano
acaba de trocar essa agremiação
pela Inter, que pagou 20 milhões pela transferência.
Não é só o currículo com muitos
gols que credencia Adriano e Luis
Fabiano. Os dois recebem muitos
elogios de Parreira.
O treinador continua a apostar
no são-paulino mesmo reprovando seus seguidos atos de indisciplina em campo pelo clube -no
final do ano passado, criticou Luis
Fabiano por brigas e expulsões
em dois jogos seguidos.
Adriano, que esteve em quase
todas as convocações do treinador, agrada por seu porte físico,
bom cabeceio e forte chute.
Mas os gols que fazem os reservas e os elogios de Parreira a eles
ainda estão longe de ameaçar Ronaldo, que é o artilheiro do Campeonato Espanhol.
O máximo goleador do Mundial-02 reina absoluto na seleção.
Em Dublin, ele dá início amanhã à temporada em que completa dez anos servindo ao time nacional. E, para desilusão de Adriano e Luis Fabiano, promete disputar no mínimo mais uma Copa.
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