São Paulo, domingo, 17 de fevereiro de 2008

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JUCA KFOURI

Parar por quê? Por que seguir?


Guga e Ronaldo foram abatidos por seus quadris e joelhos. E o fracasso mantém Ricardo Teixeira ativo


GUGA PÁRA porque, além da dor, a limitação de seus movimentos desde a primeira cirurgia no quadril se tornou paulatinamente insuportável.
Ronaldo deve parar porque está cada vez mais claro que seus joelhos não suportam mais a carga pesada da competição em alto nível. Ambos, extraordinários em seus ofícios, vêem as carreiras prematuramente encerradas.
Será chover no molhado dizer que jamais houve um tenista brasileiro como Guga, embora, atenção, tenha havido uma tenista brasileira de seu porte, chamada Maria Esther Bueno. Será sangrar em saúde dizer que Ronaldo Fenômeno foi mesmo um fenômeno e tanto.
Como, por mais que nos inconformemos com as despedidas precoces de ambos, não adiantará blasfemar e dizer que Deus dá e Deus tira, porque os dois se esbaldaram suficientemente pelas quadras e gramados do mundo afora para terem a compreensão de que o destino foi muito mais generoso do que severo com eles.
Mas evidentemente não deixa de ser uma ironia sem graça essa coisa de ficar privado do talento da dupla e ter de conviver por mais sete anos com o presidente da CBF.
Cuja gestão, se nada de anormal acontecer, deverá chegar às bodas de prata, 25 anos, apesar de ser abaixo da crítica, mesmo com a conquista de duas Copas do Mundo, coisa de Romários e Ronaldos.
O ex-zagueiro Juninho, da seleção que foi à Copa de 1982, na Espanha, costumava dizer que, quando um time brasileiro chega ao aeroporto e o chefe da delegação desce do avião, já está 1 a 0 para o adversário, porque nossas equipes têm de, primeiro, ganhar dos cartolas. A maior contribuição de Teixeira foi a de ter criado a óbvia Copa do Brasil, a exemplo do que já existia na Europa há séculos.
Mas ele mesmo tratou de esvaziá-la com esse calendário que impede que os melhores times do país participem dela. Sua gestão, não nos esqueçamos, foi objeto de uma CPI, a CPI da CBF (que honra!), que o indiciou mais de uma dezena de vezes.
E foi marcada por escândalos como o do vôo da muamba e os das arbitragens, estrelados por ele mesmo, por Ivens Mendes e por Edílson Pereira de Carvalho, este último ao atuar com diploma falso, algo que era público e notório.
Nem mesmo o progresso do Campeonato Brasileiro em pontos corridos pode ser atribuído a ele, porque muito mais fruto de exigência do Estatuto do Torcedor. Teixeira é uma catástrofe tão grande que sob seu comando o futebol brasileiro virou um espantoso exportador de pé-de-obra, sem se dizer que ele é o primeiro a admitir que não temos nenhum estádio em condições, coisa com a qual convive faz quase 20 anos, passiva e preguiçosamente.
Pela gestão de Teixeira, passaram os governos Collor (a quem ele chamava de "meu presidente"), Itamar (com quem manteve relações protocolares), FHC (com quem teve sérios problemas) e está passando o de Lula, a quem ele temeu, com razão, e muita, no começo e com quem convive hoje em autêntica lua-de-mel.
É o Brasiiiiiiiiiiilllllll!!!!!!!!

blogdojuca@uol.com.br


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