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salgado
Copa no Brasil custa mais que o dobro da africana
Gasto previsto no Mundial-14 é R$ 9,5 bilhões maior do que o da África do Sul
Estimativa de despesas do Ministério do Esporte para
o torneio tem transporte
e estádios, mas ainda não inclui itens como segurança
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A quatro anos e meio de seu
início, a Copa do Mundo do
Brasil-2014 já tem previsão de
gastos 120% maior que o investido na África do Sul-2010. Ou
seja, o evento brasileiro tende a
custar mais que o dobro do africano. Detalhe: o Mundial no
território nacional tem estimativa de custo incompleta, enquanto o torneio deste ano está
próximo da conta definitiva.
No início de fevereiro, o governo federal divulgou uma
primeira lista de projetos para a
Copa-2014. Incluiu 59 obras,
sendo 12 delas em estádios.
O custo total previsto é de R$
17,52 bilhões, incluindo verba
federal, estadual e privada.
Desse valor, são R$ 5,343 bilhões para construção e reforma de arenas. O restante é para
transporte e obras nos entornos das praças esportivas.
A Copa da África do Sul tem
gasto total previsto de 33 bilhões de rands (R$ 7,968 bilhões), montante informado à
Folha pela porta-voz do Tesouro Nacional sul-africano, Thoraya Pandy. "Esse valor inclui
infraestrutura, estádios, comunicação, segurança e desenvolvimento esportivo", explicou.
O investimento em arenas foi
de 13 bilhões de rands (R$ 3,1
bilhões) e, em transporte, atingiu 14 bilhões de rands (R$ 3,38
bilhões). "Acho que esse valor é
muito maior. Tenho convicção
de que é maior que isso", afirmou o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., a respeito das cifras sul-africanas.
Há dinheiro para reforma de
aeroportos que não entra na
conta da África do Sul. Mas o
Brasil também não incluiu o setor aéreo em suas obras.
Ressalve-se que o Mundial
brasileiro tem número maior
de sedes do que a África do Sul:
são 12 contra 9. Também terá
mais arenas: 12 contra 10.
Proporcionalmente, isso justificaria aumento de um terço
no investimento total e de um
quinto em estádios. A diferença, porém, é de R$ 9,5 bilhões.
E há tendência de alta. Os
custos de estádios, únicos que
tinham estimativa feita no projeto da CBF, já mais do que dobraram em relação a 2007.
Mais: ainda não houve previsão sobre os gastos com segurança, tecnologia e infraestrutura esportiva, como CTs.
Em comum, Brasil e África
do Sul tem onipresença estatal
para bancar as obras.
Um total de 94% dos custos
dos estádios será de responsabilidade dos governos federal e
estadual, segundo documentos
do Ministério do Esporte. O
restante será pago pelos clubes
- Atlético-PR, São Paulo e Internacional, donos de arenas.
Estados, clubes e União assinaram termo em que foi estabelecida a fatia de cada um.
Todos os gastos em infraestrutura estarão na conta dos
governos, sendo dois terços deles financiados pelo BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Na África, a presença estatal
é mais forte, já que o governo
federal bancou quase tudo.
Houve, em menor porte, aportes privados e de municípios.
Também em comum, Brasil e
África do Sul têm renda per capita próxima, em torno de US$
10 mil (R$ 18,7 mil). O país africano tem desigualdade social
um pouco maior, o que é indicativo de mão de obra mais barata. O eventual custo menor
com salários dificilmente cobriria a diferença de mais de R$
2 bilhões entre as obras de estádios no Brasil e na África do Sul.
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