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Cabeça boa garante o argentino que dá certo
Com média de gols pelo alto quase 100% maior do que a do resto do Paulista-2005, Frontini, do Marília, supera o compatriota Tevez na artilharia do torneio
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele tem 18 centímetros a mais
do que um patrício "baixinho" e
que ainda patina no futebol brasileiro. E, com seus gols de cabeça,
vai na contramão da tendência
que o compatriota famoso ajuda a
firmar no Campeonato Paulista.
O atacante argentino Frontini,
do Marília, é uma exceção em um
campeonato que entra para a história pelo desprezo ao jogo aéreo
-o também argentino Tevez,
que só fez gols em jogadas pelo
chão, é um exemplo disso.
Depois de 12 rodadas, só 16,8%
dos gols do Estadual foram feitos
com a cabeça. Este é o menor índice em uma grande competição
disputada no Brasil desde que o
Datafolha passou a compilar a artilharia de todas as partidas, em
meados da década passada
A marca do atual Paulista fica
15% abaixo da média histórica do
torneio e é quase 20% menor do
que a registrada no Brasileiro.
Mesmo depois de tantos jogos,
o Estadual mais importante do
país tem um time, o Atlético Sorocaba, que não fez sequer um gol
depois de uma cabeçada.
Outro fundamento acompanhado pelo Datafolha ajuda a explicar o baixo número de gols de
cabeça do Paulista. Menos de um
quarto dos cruzamentos feitos na
competição tem a direção certa.
No futebol europeu, onde a artilharia aérea é maior, a precisão
nos cruzamentos ultrapassa, na
maioria dos nacionais, os 30%.
Com 1,88 m, Frontini é um dos
quatro artilheiros do Paulista
-Diego Tardelli, Finazzi e Robinho são os outros. Cada um dos
quatro marcou dez vezes.
No caso do jogador do Marília, a
participação dos gols de cabeça
no total da sua artilharia bate nos
30%, ou quase o dobro da média
geral da competição.
"Essa é uma das minhas características, mas também vou bem
por baixo", diz, com bastante
convicção, um argentino que deu
certo no futebol paulista.
Frontini já conseguiu o acesso
para a Série B do Brasileiro por
duas equipes -o Mogi Mirim,
onde começou, e o União Barbarense. Ele foi campeão da terceira
divisão nacional pelo time de Santa Barbara d'Oeste no ano passado, quando também foi o maior
goleador do certame.
Passou ainda pelo Vitória e pelo
futebol da Ucrânia. "Consegui
juntar lá um dinheiro para comprar uma casa para minha mãe",
diz Frontini sobre sua primeira
experiência internacional.
Apesar de já estar há quase 20
anos longe de Buenos Aires, onde
nasceu, o atacante do Marília torce pelo sucesso de Tevez.
"Ele é um grande jogador. Tenho certeza de que vai dar certo
no Brasil", aposta Frontini, que
mostra a diferença de estilo entre
os dois para evitar comparações.
"Eu sou mais um jogador de área,
uma referência no ataque", afirma o argentino de maior sucesso
na artilharia dos campeonatos
disputados no Brasil em 2005.
Frontini lamenta não ter enfrentado Tevez ainda. No jogo entre Marília e Corinthians, a estrela
contratada pela MSI ainda não
havia estreado. Na ocasião, o time
interiorano venceu com um gol
dele, que tem esperança de, no futuro, se deparar com Tevez em
campo. "Se encontrá-lo, quero lhe
desejar boa sorte no Brasil", diz.
Com Frontini como principal
estrela, o Marília é um times em
ascensão no Paulista: está invicto
há sete rodadas e venceu os últimos cinco jogos que disputou.
Assim, deixou de lutar contra o
rebaixamento e hoje ocupa o
quinto lugar na classificação.
"De todos os clubes que já trabalhei, o Marília é o que tem a melhor estrutura", declara Frontini.
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