São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2005

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Cabeça boa garante o argentino que dá certo

Com média de gols pelo alto quase 100% maior do que a do resto do Paulista-2005, Frontini, do Marília, supera o compatriota Tevez na artilharia do torneio

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ele tem 18 centímetros a mais do que um patrício "baixinho" e que ainda patina no futebol brasileiro. E, com seus gols de cabeça, vai na contramão da tendência que o compatriota famoso ajuda a firmar no Campeonato Paulista.
O atacante argentino Frontini, do Marília, é uma exceção em um campeonato que entra para a história pelo desprezo ao jogo aéreo -o também argentino Tevez, que só fez gols em jogadas pelo chão, é um exemplo disso.
Depois de 12 rodadas, só 16,8% dos gols do Estadual foram feitos com a cabeça. Este é o menor índice em uma grande competição disputada no Brasil desde que o Datafolha passou a compilar a artilharia de todas as partidas, em meados da década passada
A marca do atual Paulista fica 15% abaixo da média histórica do torneio e é quase 20% menor do que a registrada no Brasileiro.
Mesmo depois de tantos jogos, o Estadual mais importante do país tem um time, o Atlético Sorocaba, que não fez sequer um gol depois de uma cabeçada.
Outro fundamento acompanhado pelo Datafolha ajuda a explicar o baixo número de gols de cabeça do Paulista. Menos de um quarto dos cruzamentos feitos na competição tem a direção certa. No futebol europeu, onde a artilharia aérea é maior, a precisão nos cruzamentos ultrapassa, na maioria dos nacionais, os 30%.
Com 1,88 m, Frontini é um dos quatro artilheiros do Paulista -Diego Tardelli, Finazzi e Robinho são os outros. Cada um dos quatro marcou dez vezes.
No caso do jogador do Marília, a participação dos gols de cabeça no total da sua artilharia bate nos 30%, ou quase o dobro da média geral da competição.
"Essa é uma das minhas características, mas também vou bem por baixo", diz, com bastante convicção, um argentino que deu certo no futebol paulista.
Frontini já conseguiu o acesso para a Série B do Brasileiro por duas equipes -o Mogi Mirim, onde começou, e o União Barbarense. Ele foi campeão da terceira divisão nacional pelo time de Santa Barbara d'Oeste no ano passado, quando também foi o maior goleador do certame.
Passou ainda pelo Vitória e pelo futebol da Ucrânia. "Consegui juntar lá um dinheiro para comprar uma casa para minha mãe", diz Frontini sobre sua primeira experiência internacional.
Apesar de já estar há quase 20 anos longe de Buenos Aires, onde nasceu, o atacante do Marília torce pelo sucesso de Tevez.
"Ele é um grande jogador. Tenho certeza de que vai dar certo no Brasil", aposta Frontini, que mostra a diferença de estilo entre os dois para evitar comparações. "Eu sou mais um jogador de área, uma referência no ataque", afirma o argentino de maior sucesso na artilharia dos campeonatos disputados no Brasil em 2005.
Frontini lamenta não ter enfrentado Tevez ainda. No jogo entre Marília e Corinthians, a estrela contratada pela MSI ainda não havia estreado. Na ocasião, o time interiorano venceu com um gol dele, que tem esperança de, no futuro, se deparar com Tevez em campo. "Se encontrá-lo, quero lhe desejar boa sorte no Brasil", diz.
Com Frontini como principal estrela, o Marília é um times em ascensão no Paulista: está invicto há sete rodadas e venceu os últimos cinco jogos que disputou. Assim, deixou de lutar contra o rebaixamento e hoje ocupa o quinto lugar na classificação.
"De todos os clubes que já trabalhei, o Marília é o que tem a melhor estrutura", declara Frontini.


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