São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2005

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BASQUETE

Capitaneadas pelo ex-jogador Oscar, equipes programam para setembro torneio independente da confederação

Rebelados, clubes criam liga e peitam CBB

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Todas as equipes que disputam o Nacional masculino decidiram ontem, após reunião na casa de Oscar, em Alphaville, na Grande SP, criar uma liga independente.
A associação de clubes, batizada informalmente de Nossa Liga de Basquete, pretende fazer seu primeiro campeonato a partir de setembro, com final em junho.
"Acho que era uma solução inevitável. A CBB [Confederação Brasileira de Basquete] só precipitou as coisas", comenta Oscar, dirigente do Rio de Janeiro.
Na semana passada, 12 clubes haviam solicitado uma reunião com a confederação para discutir a subvenção do transporte das equipes durante o Nacional.
Hoje, a entidade repassa só R$ 10 mil, ao todo, aos times para pagamento de despesas de viagem.
A confederação, no entanto, negou-se a receber os times, alegando que todas as agremiações haviam assinado o regulamento do torneio e não havia o que discutir.
"Tivemos alguns jogos transmitidos pela TV, mas quase não lucramos com isso porque não temos direito a muito espaço publicitário em nosso ginásio. Temos que pôr placa da TAM e não ganhamos nada por isso. Só viajamos de ônibus", diz Walter Montagna, presidente do Londrina.
A Folha apurou que os times chegaram a discutir a paralisação do Nacional devido ao problema. A idéia, porém, foi abandonada.
"Os clubes concordaram com as regras e disputarão o Nacional até o fim. Mas acho que as equipes tinham o direito de serem recebidas pela entidade que as comanda. A partir de agora, seguiremos nosso caminho. Vamos procurar os patrocinadores e as TVs por conta própria", declara Oscar, que afirma seguir o exemplo da maioria dos países que disputaram os Jogos de Atenas, que contam com ligas independentes.
"Ficamos fora das duas últimas Olimpíadas, nossas seleções de base têm colecionado fracassos e os clubes estão em dificuldade. A CBB não terá mais que realizar o Nacional. Terá tempo para cuidar melhor da seleção", analisa ele.
A liga, cuja criação está respaldada pela Lei Pelé, obteve a anuência até de dois fiéis aliados da confederação: o Grupo Universo, mantenedor de três times (Ajax, Brasília e Uberlândia), que enviou adesão por fax, e o COC, que sustenta o Ribeirão Preto.
"Vim à reunião para representar o COC. Mas quem assina a entrada é o Chaim [Zaher, dono da instituição de ensino], que está no exterior, mas já me disse que é favorável", conta Luiz Henrique Parigi, supervisor do Ribeirão Preto.
Clubes que nem disputam o Nacional, Hebraica e Bauru pediram para entrar na associação.
O estatuto da liga será elaborado por uma comissão integrada por representantes de quatro times: Oscar (Rio), Jorge Bastos (Brasília), Kelvin Soares (Joinville) e Alexandre Cunha (Minas).
"Se tivermos patrocínio de R$ 160 mil, já empatamos com o que todos os times receberam da CBB neste ano", exemplifica Fernando Minucci, supervisor do Franca.


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