São Paulo, sábado, 17 de março de 2007

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RODRIGO BUENO

Aquecimento global de jogaços

Duelos eletrizantes foram vistos nos últimos dias na Espanha, na Inglaterra, na Itália e até mesmo na Ucrânia

DESDE O ÚLTIMO sábado, quando tivemos um eletrizante Barcelona 3 x 3 Real Madrid pelo Espanhol, esbarramos numa suposta definição científica do que seria um grande jogo de futebol.
Chuva, belos gols, lances polêmicos, equilíbrio e emoção seriam os requisitos ou ingredientes de uma partida memorável. Pelo menos uns quatro jogos nos últimos dias não reuniram todos esses elementos e serão lembrados por anos. Basicamente, teriam faltado chuva e lances polêmicos, o que acho até bom. Começando pelo clássico na Espanha, tudo apontava para um dos mais fracos duelos entre os gigantes.
Mas saiu o empate com mais gols no confronto desde 1970, contando os jogos da Liga (só um outro encontro entre os arqui-rivais nesse período teve seis gols pelo Espanhol). Messi fez um "hat trick" que só oito homens conseguiram no mais badalado choque interclubes europeu. Mas o fato de o jogo não ter sido decisivo diminuiu a bola da partida.
No mesmo sábado, na Inglaterra, um Middlesbrough 2 x 2 Manchester United chamou a atenção muito por ser eliminatório. Era partida da FA Cup, com aquele que talvez seja hoje o melhor time da Europa. Parecia jogo fácil, mas o Boro botou os Red Devils contra a parede e, até o fim, o placar era imprevisível. O empate premiou ambos e jogou mais luzes no jogo-desempate desta segunda. Nesse dia teremos o replay de Chelsea x Tottenham pelo torneio. O primeiro jogo? Um 3 a 3 mais legal (opinião minha) do que o de Barça x Real. O time de José Mourinho, desfalcado, viu astros como Ballack e Essien se lesionarem e seguirem em campo mesmo com um 1 a 3 no placar. O clássico londrino também viu empate no fim com golaço, mas com fator decisivo que faltou em boa parte no jogaço espanhol.
Teve clássico em Milão no domingo. O placar de 2 a 1 foi magro, mas o derby mostrou virada, manutenção de invencibilidade e a presença de Ronaldo contra a Inter. Ele marcou pelo Milan, o que já tinha feito pela Inter, pelo Barça e pelo Real contra seu arqui-rival da ocasião. Não era decisão, mas esse duelo talvez seja o mais lembrado do scudetto da Inter.
No meio de semana, não houve Copa dos Campeões, quando esperamos os melhores jogos. Mas rolou Copa da Uefa, disputa que reunia até esta semana 40 brasileiros, alguns deles sócios da seleção de Dunga. E não é que o melhor jogo dos últimos dias (opinião minha, de novo) veio na quinta, no Shakhtar Donetsk x Sevilla? Era decisão, saíram gols bonitos (um raro de escorpião de Matuzalém), emoção (gol nos acréscimos do goleiro espanhol Palop) e equilíbrio (3 a 2 na prorrogação para o atual campeão da Copa da Uefa).
Desde o início de 2007, com o incrível Liverpool 3 x 6 Arsenal pela Copa da Inglaterra, vemos um festival de grandes jogos. Na última semana, isso ficou mais visível, mas o ano parece especial nesse sentido. Vai ver que é o aquecimento global.

COPA DA UEFA
O gol de Palop não o põe na lista de maiores goleiros-artilheiros, mas talvez o deixará como o arqueiro do gol mais lembrado. A IFFHS "aceitou" mais um goleiro com mais de 20 gols: Sadigov, do Azerbaijão (21 gols). Butt (28), do Bayer Leverkusen, perde espaço no time e deixa Rogério ainda folgado.

LIBERTADORES
O gol de Zé Roberto contra o Gimnasia foi genial. Como Riquelme, é um "jogador europeu em atividade na América". O Santos é o único favorito 100% e fez bom 1 a 1 com o São Paulo pelo Paulista. San-São ou San-Boca, na Libertadores, será na Vila. Se não for na final.

ESCOCÊS
Há torcedor do Glasgow que acha o bacana 1 a 0 no rival Celtic no domingo o melhor jogo de 2007.

rbueno@folhasp.com.br


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