DA REPORTAGEM LOCAL

Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Alemão, disse ontem que alguns atletas do país planejam não ir aos Jogos de Pequim, em agosto, devido à violenta repressão no Tibete.
O dirigente, também vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional, afirmou que tentará demovê-los da idéia.
"Compreendo que esses atletas se questionem [sobre ir aos Jogos]. Estou disposto a falar com eles. Se estudarem a situação, darão conta que, em qualquer hipótese, é preferível estar presente do que ficar fora."
Um dos que já confessaram estar incomodado com a situação no Tibete é o cavaleiro Ludger Beerbaum, dono de quatro ouros olímpicos e dois em Mundiais na prova de saltos.
"Me questiono se devo competir na China nestas condições. Seguramente vamos discutir esse assunto em nossas reuniões", conta ele, que também é dono de três medalhas em Copas do Mundo de saltos.
O boicote aos Jogos Olímpicos por conta de violações de direitos humanos tem sido uma bandeira de algumas ONGs, como a Olympic Watch, com sede na República Tcheca.
No mês passado, o cineasta Steven Spielberg pediu demissão da direção artística dos Jogos. Ele deixou o posto criticando o apoio da China ao governo do Sudão, acusado de ajudar milícias a promover massacre aos rebeldes na região de Darfur (oeste do país). Os chineses compram petróleo do Sudão e vendem armas ao país africano.
A intenção de alguns alemães de deixarem o evento, porém, é criticada no país. A chanceler Angela Merkel é contrária à iniciativa. "Creio que o boicote aos Jogos Olímpicos não leva a nenhum lugar", afirmou Merkel, em entrevista ao diário "Bild".
O Dalai Lama, líder espiritual tibetano no exílio, rejeitou o boicote aos Jogos, apesar de denunciar o "regime de terror" imposto pela China. Segundo o governo tibetano no exílio, houve ao menos 87 mortos nos distúrbios desde segunda-feira. A China admite dez mortes.