Em jejum de gols, que quer acabar hoje contra o Cerro, na Libertadores, atleta se vira como armador

Na última partida, diante do Santo André, pelo Paulista, atacante deu o mesmo número de assistências que de arremates para gol, três

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Para Mano Menezes, o jogo de hoje contra o Cerro Porteño, o terceiro do Corinthians pela Libertadores no ano de seu centenário, não é exatamente o ideal para Ronaldo brilhar.
Mas o técnico do Corinthians certamente espera que em meio ao suposto jogo duro, sem espaços, diante dos paraguaios seu melhor jogador ache lugar no campo da mesma maneira como tem feito durante o período de seca de gols.
O atacante descobriu uma vocação até então pouco demonstrada. Sem a mesma mobilidade de outros tempos e com a precisão nos arremates fora de seus padrões, não tem hesitado em recuar e se transformar em um preciso armador durante as partidas.
Desde que voltou da contusão muscular sofrida logo nos primeiros jogos do ano, o camisa 9 corintiano disputou cinco jogos. Sua maior contribuição não foi com arremates certeiros, mas com assistências.
Segundo o Datafolha, Ronaldo conseguiu deixar seus companheiros cinco vezes na cara do gol. Nem todas elas, no entanto, se concretizaram em mudança no placar, por causa de finalizações erradas.
Em contrapartida, Ronaldo não tem demonstrado a mesma produtividade de atacante de primeiríssima linha, característica que lhe dá uma média de mais de um gol a cada dois jogos em toda a sua carreira.
Nos mesmos cinco jogos após o retorno, ele não marcou nenhum gol (conserva na sua conta apenas o anotado diante do Mirassol, em janeiro, no segundo jogo do time no ano).
Contra o Santo André, por exemplo, o maior artilheiros das Copas do Mundo teve três chances claras, cara a cara com o goleiro, e desperdiçou todas.
Na mesma partida, deu passes certeiros para Dentinho e Roberto Carlos marcarem. Jorge Henrique também foi agraciado por um toque preciso do camisa 9, mas chutou para fora.
Essa mudança de papel no time talvez seja fruto de uma série de fatores. Entre eles, a condição física de Ronaldo.
"O Ronaldo ainda não está no mesmo nível dos outros", admite Mano, que se diz satisfeito com a produtividade de armador de seu artilheiro. "Tenho uma noção clara da importância dele. E o time também tem."
Hoje, em Assunção, o treinador corintianos crê que o Cerro não dará tanto espaço para o Corinthians quanto o Independiente Medellín deu na semana passada, na Colômbia.
Por isso mesmo, a movimentação de Ronaldo, recuando para abrir espaços e enfiar bolas, deve ser bastante utilizada. Da mesma maneira como ele fez contra a retranca do Racing, na estreia na Libertadores, meta primordial do clube em 2010.
Naquela ocasião, não foi computada assistência para Ronaldo no jogo, mas ele participou diretamente dos dois lances que resultaram nos gols de Elias e na virada corintiana.
A cobrança por gols, porém, não cessa sobre Ronaldo. Ao que ele respondeu: "Uma hora vai sair. Sempre saiu, não é?"