São Paulo, sábado, 17 de abril de 2010

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Casimiro revela oferta de R$ 1,5 mi e já vale 30 mi

Promessa do São Paulo diz ter recusado dinheiro de agente para deixar o clube

Volante campeão da Copa São Paulo vai na contramão de Oscar e toma partido do time contra empresário, que nega proposta milionária

Zanone Fraissat/Folha Imagem
O volante Casimiro, que rompeu com o empresário Giuliano Bertolucci, treina no CT de Cotia

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ponha-se no lugar de Casimiro: garoto, com 17 anos, família humilde, mãe necessitada e futuro promissor no futebol. De um lado, uma proposta de R$ 1,5 milhão de um empresário que já lhe deu R$ 136 mil e que pode negociá-lo por muito mais em breve. Do outro, a chance de ganhar duas casas e um considerável aumento salarial ficando num grande clube do país que pode negociá-lo por 30 milhões a médio e longo prazo.
"Não se pode jogar fora R$ 1 milhão, ainda mais um moleque, mas não queria sair", disse Casimiro, que preferiu o São Paulo, não o empresário de atletas Giuliano Bertolucci.
O volante, que fez 18 em fevereiro, foi cliente de Bertolucci, agente que virou inimigo do São Paulo, até 15 de março.
"Antes do jogo com o Vitória na Copa São Paulo, me ofereceram dinheiro para fazer a mesma coisa que o Oscar. Falaram: "Se você quiser fazer o mesmo que o Oscar, sair do São Paulo, vamos aí no hotel, levamos você para casa e pagamos tudo o que acontecer na Justiça. Faz igual o Oscar e te dou seu milhão". Não achei certo e disse não. Acharam que eu ia aceitar, que estava blefando. Já na outra fase fizeram outra proposta, de R$ 1,5 milhão", conta ele.
O relato de Casimiro e um item no seu distrato com Bertolucci, mais do que apimentar a disputa judicial entre São Paulo e o agente, jogam luz numa situação cada vez mais frequente com jovens jogadores.
"Há dois anos, assinei com o Bertolucci. Só que agora pedi para fazer um distrato com ele. Achei que a atitude que eles tomaram com o Oscar não foi certa. Não queria sair brigado, na Justiça. Hoje, não tenho empresário", falou Casimiro.
Quem quiser tirar esse campeão da Copa São Paulo júnior do São Paulo agora "à força" terá de pagar uma multa rescisória de 30 milhões.
"Conversei com o São Paulo e falei que estavam me oferecendo essa grana. Renovaram meu contrato no meu aniversário [23 de fevereiro] até 2015. Me deram luvas muito boas. Comprei mais uma casa para minha mãe, um terreninho em São José dos Campos... Comprei duas casas e ajudou legal. Aumentaram em quatro ou cinco vezes o que eu ganhava."
Por meio de sua assessoria de imprensa, Bertolucci negou as ofertas milionárias e a sugestão para o atleta ir à Justiça contra o clube. Também disse que não tinha propostas do exterior por Casimiro, que atuou na seleção no Mundial sub-17.
"Nunca existiu proposta para o jogador entrar na Justiça contra o São Paulo, muito menos financeira. Muito menos proposta de R$ 1,5 milhão. Nem de R$ 2. Nunca foram feitas propostas de clubes por Casimiro e eu nunca falei com ele sobre a possibilidade de ele entrar na Justiça contra o São Paulo", afirmou o agente.
Segundo Bertolucci, um item do distrato com Casimiro é a maior prova de que ele não foi coagido a deixar o clube. Porém, para o São Paulo, esse item é só um indício de que o agente coagiu, sim, seu jogador.
"No distrato, ele [Casimiro] assina dizendo que nunca foi assediado para mover qualquer ação contra o São Paulo. Quem tem boca fala o que quer. E aí você tem um documento. Ele mentiu para você. Ninguém botou uma faca ou um revólver na cabeça dele para ele assinar um documento", disse Bertolucci, através de seu assessor de imprensa, Olivério Júnior.
"O Casimiro recebeu minuta de distrato por e-mail. Havia nela sugestão de redação que dizia basicamente: "Declaro que nunca fui coagido a entrar com a ação". Isso nada é mais do que um reforço de que isso aconteceu. É estranho. Num distrato, quero que você diga que nunca te coagi a sair. Quem é que coloca isso gratuitamente num documento?", disse Carlos Eduardo Ambiel, advogado contratado pelo São Paulo.
O texto sugerido pelo agente que trata de coação foi modificado em acordo com o São Paulo, mas as duas partes o interpretam de forma diferente.
"Ele assinou que não teve nenhum assédio", diz o agente. "O que está escrito é verdadeiro: o Casimiro nunca fez nada coagido, deixou de fazer o que pediram para ser feito", diz Ambiel.


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