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Ex-rebelde, Nunes tenta reviver dia perfeito
Apontado como promessa em 2003, quando venceu a Copinha, atacante do Santo André busca redenção na reta final do Paulista
RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A história de Nunes como jogador começou de um jeito que
nem o boleiro mais otimista
poderia imaginar. Imagine
quatro dias após você ter completado 21 anos ganhar o título
da Copa São Paulo de juniores
pela manhã, em cima do Palmeiras, com direito a uma irreverente imitação de porco no
melhor estilo Viola.
Horas mais tarde, você é chamado para defender o time
principal contra o atual campeão do país. Aí, você entra no
decorrer do jogo, passa ao lado
de Robinho e de Diego, e ainda
marca o gol de empate para a
sua equipe contra o Santos.
Tudo isso aconteceu para
Nunes em 25 de janeiro de
2003. Um dia "mágico", "inesquecível", e tantos outros adjetivos que ele usa para descrevê-lo. Foi, porém, único, mas no
sentido negativo da palavra.
Faltou uma chance -ou maturidade- para o atacante do
Santo André deixar de ser apenas uma promessa.
"Conheço o Nunes desde
moleque. A qualidade dele não
se discute, mas, quando garoto,
ele era mais avoado. Depois,
amadureceu. Hoje, ele está
pronto para jogar em qualquer
clube grande", afirma o treinador do time, Sérgio Soares.
"Eu era rebelde. Só enxerguei
que estava errado quando meus
filhos nasceram. Aí, eu tinha
uma família para cuidar", diz
Nunes, cujas salvações atendem pelos nomes de Ana Clara,
4, e Lucas, sete meses.
Na verdade, naquele mesmo
dia em que o futebol lhe foi tão
generoso, Nunes começou a se
deparar com problemas.
A imitação de porco, que, segundo ele, foi uma provocação
feita a um tio palmeirense,
obrigou o "bad boy" a sair do
Pacaembu, palco da final, deitado no assoalho da perua que levou o time de volta para o ABC.
"A torcida queria me pegar."
No fim de 2003, ele deixou o
clube após entrar na Justiça e
só conseguiu voltar a jogar um
ano depois, com uma liminar.
A partir daí, pôs a mochila
nas costas e rodou por Coritiba,
Emirados Árabes, Rio Branco,
Fortaleza, Juventus, Gama,
América-RN, Arábia Saudita,
Bragantino até, no segundo semestre do ano passado, retornar para o Santo André.
No ano passado, diz Nunes, o
Santos chegou a procurá-lo.
Também conversou com o Palmeiras. "Já escutei de muita
gente que eu só não fui para o
Palmeiras por causa da imitação do porco", lamenta-se.
De volta para casa, ele tenta
resgatar sua essência. Busca,
sete anos depois, viver um novo
dia perfeito. Se possível, três,
caso a equipe chegue à inédita
final do Campeonato Paulista.
"Quero terminar o campeonato bem, e ver com a diretoria
o que vai ser feito", afirma Nunes, que amanhã enfrentará o
Grêmio Prudente pela semifinal do Campeonato Paulista.
"A personalidade forte o
atrapalhou em alguns momentos", sentencia Sérgio Soares.
Nunes só quer jogar em paz.
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