São Paulo, sábado, 17 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MOTOR

A cidade que não existe mais


Há 16 anos, a F-1 começava a correr em "novos mercados", plano que na maioria das vezes deu em fiasco esportivo


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

SE VOCÊ gosta de F-1 há algum tempo, estava com sono 16 anos atrás. Na madrugada de 17 de abril de 1994, ficou acordado diante da TV assistindo à primeira experiência da categoria em Aida.
(Você não sabia mas via também, pela última vez, Senna caminhando pela pista após um acidente: tocado por Hakkinen, rodou e foi parar na área de escape, onde acabou sendo abalroado por Larini. Na corrida seguinte, em Imola... Bom, você sabe.) Aida. Palavra que é sinônimo de "fim do mundo", até hoje, nas conversas no paddock. Uma cidadezinha de 3.000 habitantes acessível a partir de Nagoya por trem-bala seguido por um trenzinho a diesel (!!).
Que contava com três hotéis. Que era ligada ao autódromo por uma estradinha tão estreita, mas tão estreita, que apenas ônibus conduzidos por locais podiam circular por ali.
Que não existe mais no mapa! Há cinco anos, Aida foi fundida com outras cidades e vilarejos. O resultado da soma, hoje, se chama Mimasaka.
Nada mais apropriado.
Aida foi o princípio, e o cúmulo, de um processo de decadência. Foi lá, há 16 anos, que a F-1 começou a deixar de lado circuitos tradicionais, via de regra com traçados interessantes, para correr em lugares sem a menor intimidade com o automobilismo.
A propalada "busca por novos mercados" deixou pelo caminho Kyalami, Buenos Aires, Donington, Estoril, Zeltweg, Indianápolis. E hoje o calendário tem Coreia do Sul, Sepang, Bahrein, Xangai, Abu Dhabi, Cingapura, Valencia e Istambul.
Com exceção do primeiro, que ainda não foi tocado por um carro, e do último, em que Tilke acidentalmente acertou a mão, todos traçados comprovadamente ruins. E quase todos sedes de GPs com recorrentes e retumbantes fracassos de público.
Na próxima madrugada, a F-1 vai correr num circuito insosso, com uma lombada no fim da grande reta (se fosse em Interlagos...) e para arquibancadas desertas (pelo menos seis setores estão ocupados por publicidade institucional da China).
Lucrativo, deve ser. E talvez seja o certo. E talvez este colunista seja o retrógrado, o romântico, o errado.

EMPURRÃOZINHO 1
Barrichello fez um boa comparação para o efeito do "snorkel" da McLaren na reta do circuito chinês: "É como se só eles tivesse o Kers". Em Xangai, mesmo se trabalhar direitinho, a Red Bull pela primeira vez nesta temporada deve enfrentar concorrência séria.

EMPURRÃOZINHO 2
A F-3 anunciou ontem que abrirá sua temporada em Brasília, nos dias 15 e 16 de maio, com direito a show do Living Colour, na sexta. Uma bela combinação, uma bela jogada de marketing de uma categoria que ressuscitou nos últimos anos e que vem crescendo. Se vier TV aberta, então, melhor ainda.

fabioseixas.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Hipismo: Pessoa cai para 6º na Copa do Mundo
Próximo Texto: O que ver na TV
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.