São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2001

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FUTEBOL

Morrer na praia

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Poucas coisas são tão doloridas quanto a frustração de uma expectativa. Quanto mais tardia e abrupta a decepção, pior o baque. O que dilacera mais o coração do noivo: ouvir um ""não" no dia em que pede a moça em casamento (será que alguém ainda faz isso?) ou ser abandonado no altar? Ok, sejamos menos folclóricos - o que enfurece mais o piloto: abandonar uma corrida na segunda volta ou perder a liderança na última, a poucos metros da chegada? O que amargura mais um time de futebol: ser eliminado na primeira fase ou perder a semifinal?
Por isso o estigma de "morrer na praia" é tão cruel. Um time faz uma bela campanha, vence a maioria dos seus jogos, proporciona meses de alegria para os torcedores a esse time, nenhum outro resultado interessa, só o título do campeonato. Um tropeço antes da final apaga todo vestígio de alegria, todo o orgulho anterior. O terceiro ou quarto lugar parecem mais humilhantes do que o décimo.
Quem assiste a uma decisão sem torcer por ninguém - só porque o seu próprio time não estava mais no páreo - vibra com a queda do coqueiro mais alto. A torcida do Guarani deve ter comemorado mais a derrota da Ponte na semifinal do que os pontepretanos comemoraram o rebaixamento do Guarani. Dessas pequenas alegrias sádicas é feito o futebol.
Se ao menos a Ponte tivesse passado pelo Botafogo, sua situação seria muito melhor, certo? Não necessariamente. Ser vice-campeã seria um "fracasso estrondoso"; o titulo de campeã do interior não passaria de um menosprezado "prêmio de consolação", a Ponte seria considerada a "eterna freguesa" do Corinthians. A tristeza final seria diretamente proporcional 'a comemoração semifinal.
A eliminação do Santos também foi uma tragédia. Os jogadores que estão lá há poucos meses já são carimbados com os 17 anos de fila (tão absurdo quanto chamar de "tetracampeão" quem só ganhou uma Copa). Mas, diante das acusações de frieza e indiferença, tão comuns no futebol hoje em dia, faz bem à alma ver um jogador chorando em campo, triste com um mau resultado do seu time. E não vai aí nenhum sadismo da minha parte.
Em nossas curtas e tortuosas vidas, teremos, todos, inúmeras decepções - profissionais, sentimentais, esportivas. Até o dia em que vitórias e derrotas não farão a menor diferença... Até lá, o melhor é saborear os bons momentos e corajosamente engolir os maus -sem deixar que o amargo destes apague as doces lembranças daqueles.

Nem parecia que o São Caetano tinha um jogador a menos. O Palmeiras tinha dificuldades para encontrar espaço no ataque e suava frio para conter os contra-ataques do Azulão.
Juninho, que até outro dia não ficava nem na reserva, foi um dos mais acionados. Ele é habilidoso, esguio; podia estar jogando há mais tempo para amadurecer o seu futebol e o entrosamento com o time.
Lopes é muito bom; Alex também. Mas ninguém repara se Galeano faz boas jogadas... E não é que ele fez? Se fosse o Rincón, não passaria desapercebido.
A torcida do Palmeiras, sempre azeda, xinga Celso Roth de burro. Exatamente como fez tantas vezes com Vanderlei Luxemburgo e Luis Felipe Scollari.
Celso Roth pode não ser um técnico brilhante, e já fez bobagens como a substituição de Tupã por Taddei na semana passada. Mas o que o técnico pode fazer quando os jogadores fazem tantas finalizações horríveis como as do Palmeiras ontem à noite? Parecia futebol americano, tal a quantidade de bolas chutadas por cima do gol. Mas, justiça seja feita, Silvio Luiz fez boas defesas.
Foram muitas as faltas violentas e pancadas adicionais. Todo jogador que era derrubado caía chutando e socando o adversário (um "recurso" muito comum).
No último jogo contra o Cerro Porteño, o Palmeiras jogou muito bem. No primeiro contra o São Caetano, terrivelmente mal. Ontem, foi irregular. Quem ousa prever o desempenho do time no Mundial de agosto?
Só sei que Juninho Pernambucano não faria mal algum ao time.

Seleção B
"Só convocamos jogadores de times que não disputam finais de competições". A Ponte Preta, de Washington, não está na Copa do Brasil? O Grêmio, de Ânderson, não está no Gauchão? O Bayern de Munique, de Élber, não está no Campeonato Alemão e não disputa a final da Copa dos Campeões?

Sabe Deus
No último jogo contra o Cerro Porteño, o Palmeiras jogou muito bem. Já na primeira partida contra o São Caetano, poucos dias depois, a equipe foi terrivelmente mal. Quem ousa prever o desempenho do time no Mundial de agosto?

Só para registrar
Otacílio -ou João Carlos- deveria ter sido expulso no lance do pênalti em Robert.

E-mail: soninha.folha@uol.com.br


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