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FUTEBOL
Morrer na praia
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Poucas coisas são tão doloridas quanto a frustração
de uma expectativa. Quanto
mais tardia e abrupta a decepção, pior o baque. O que dilacera mais o coração do noivo: ouvir um ""não" no dia em que pede
a moça em casamento (será que
alguém ainda faz isso?) ou ser
abandonado no altar? Ok, sejamos menos folclóricos - o que
enfurece mais o piloto: abandonar uma corrida na segunda
volta ou perder a liderança na
última, a poucos metros da chegada? O que amargura mais um
time de futebol: ser eliminado
na primeira fase ou perder a semifinal?
Por isso o estigma de "morrer
na praia" é tão cruel. Um time
faz uma bela campanha, vence
a maioria dos seus jogos, proporciona meses de alegria para
os torcedores a esse time, nenhum outro resultado interessa,
só o título do campeonato. Um
tropeço antes da final apaga todo vestígio de alegria, todo o orgulho anterior. O terceiro ou
quarto lugar parecem mais humilhantes do que o décimo.
Quem assiste a uma decisão
sem torcer por ninguém - só porque o seu próprio time não estava mais no páreo - vibra com a
queda do coqueiro mais alto. A
torcida do Guarani deve ter comemorado mais a derrota da
Ponte na semifinal do que os
pontepretanos comemoraram o
rebaixamento do Guarani. Dessas pequenas alegrias sádicas é
feito o futebol.
Se ao menos a Ponte tivesse
passado pelo Botafogo, sua situação seria muito melhor, certo? Não necessariamente. Ser vice-campeã seria um "fracasso estrondoso"; o titulo de campeã do
interior não passaria de um menosprezado "prêmio de consolação", a Ponte seria considerada
a "eterna freguesa" do Corinthians. A tristeza final seria diretamente proporcional 'a comemoração semifinal.
A eliminação do Santos também foi uma tragédia. Os jogadores que estão lá há poucos
meses já são carimbados com os
17 anos de fila (tão absurdo
quanto chamar de "tetracampeão" quem só ganhou uma Copa). Mas, diante das acusações
de frieza e indiferença, tão comuns no futebol hoje em dia, faz
bem à alma ver um jogador chorando em campo, triste com um
mau resultado do seu time. E
não vai aí nenhum sadismo da
minha parte.
Em nossas curtas e tortuosas
vidas, teremos, todos, inúmeras
decepções - profissionais, sentimentais, esportivas. Até o dia
em que vitórias e derrotas não
farão a menor diferença... Até
lá, o melhor é saborear os bons
momentos e corajosamente engolir os maus -sem deixar que o
amargo destes apague as doces
lembranças daqueles.
Nem parecia que o São Caetano tinha um jogador a menos. O
Palmeiras tinha dificuldades
para encontrar espaço no ataque e suava frio para conter os
contra-ataques do Azulão.
Juninho, que até outro dia
não ficava nem na reserva, foi
um dos mais acionados. Ele é
habilidoso, esguio; podia estar
jogando há mais tempo para
amadurecer o seu futebol e o entrosamento com o time.
Lopes é muito bom; Alex também. Mas ninguém repara se
Galeano faz boas jogadas... E
não é que ele fez? Se fosse o Rincón, não passaria desapercebido.
A torcida do Palmeiras, sempre azeda, xinga Celso Roth de
burro. Exatamente como fez
tantas vezes com Vanderlei Luxemburgo e Luis Felipe Scollari.
Celso Roth pode não ser um
técnico brilhante, e já fez bobagens como a substituição de Tupã por Taddei na semana passada. Mas o que o técnico pode
fazer quando os jogadores fazem tantas finalizações horríveis como as do Palmeiras ontem à noite? Parecia futebol
americano, tal a quantidade de
bolas chutadas por cima do gol.
Mas, justiça seja feita, Silvio
Luiz fez boas defesas.
Foram muitas as faltas violentas e pancadas adicionais. Todo
jogador que era derrubado caía
chutando e socando o adversário (um "recurso" muito comum).
No último jogo contra o Cerro
Porteño, o Palmeiras jogou muito bem. No primeiro contra o
São Caetano, terrivelmente mal.
Ontem, foi irregular. Quem ousa prever o desempenho do time
no Mundial de agosto?
Só sei que Juninho Pernambucano não faria mal algum ao time.
Seleção B
"Só convocamos jogadores de times que não disputam finais de
competições". A Ponte Preta, de Washington, não está na Copa
do Brasil? O Grêmio, de Ânderson, não está no Gauchão? O Bayern de Munique, de Élber, não está no Campeonato Alemão e
não disputa a final da Copa dos Campeões?
Sabe Deus
No último jogo contra o Cerro Porteño, o Palmeiras jogou muito bem. Já na primeira partida contra o São Caetano, poucos
dias depois, a equipe foi terrivelmente mal. Quem ousa prever o
desempenho do time no Mundial de agosto?
Só para registrar
Otacílio -ou João Carlos- deveria ter sido expulso no lance
do pênalti em Robert.
E-mail: soninha.folha@uol.com.br
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