São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 2006

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FUTEBOL

Volante exalta trajeto do time e diz que só marcação dura dá o título hoje

Trunfo do Arsenal é o jeito mineiro, diz Gilberto Silva

FÁBIO VICTOR
DE LONDRES

Tal qual um bom mineiro, o Arsenal comeu pelas beiradas e, sem pompa nem alarde, poderá mineiramente ganhar hoje a Copa dos Campeões. Quem analisa é Gilberto Silva, 29, titular absoluto dos "gunners" (artilheiros), principal pilar de proteção à defesa do time londrino. E mineiro.
Respeitado pela mídia britânica, que costuma exaltar sua eficiência discreta (sintetizada pelo seu apelido, "Invisible Wall", ou Muro Invisível) e seus modos suaves e educados, Gilberto Silva falou à Folha quando o time ainda disputava as semifinais do torneio.
Comentou a polêmica causada pela "legião estrangeira" da equipe, que tem atuado na Copa dos Campeões com 11 titulares não-britânicos desde as contusões de Sol Campbell e Ashley Cole. A situação gerou críticas de treinadores ingleses. Alan Pardew, do West Ham, disse que com isso estava se "perdendo a alma do futebol inglês", ao que Arsène Wenger, o comandante do Arsenal, rebateu, acusando-o de racismo.
Nos dois jogos da semifinal contra o espanhol Villareal, Gilberto Silva foi incluído por quase todos os analistas entre os melhores do time. Sobre a final, deu a receita para repetir o sucesso até aqui. "Se não formos muito duros defensivamente, o Barcelona vai nos matar", disse ele à mídia inglesa.
Um dos 23 da seleção da Copa da Alemanha, avisou que disputa vaga no time titular de Parreira.

Folha - Será uma zebra se o Arsenal ganhar a Copa dos Campeões?
Gilberto Silva-
É a competição que falta e é uma oportunidade grande, principalmente porque ninguém dava nada pelo Arsenal. Houve momentos [nos últimos anos] em que fomos apontados como favoritos e paramos no meio do caminho. Agora estamos indo sem barulho, devagarinho, bem mineiros. E temos que ganhar, porque ninguém vai lembrar que chegamos à final se não formos campeões.

Folha - O Arsenal disputou os principais jogos do torneio com 11 estrangeiros no time titular. Isso favorece ou atrapalha dentro de campo?
Gilberto Silva -
Acho que a mistura do Arsenal fez bem ao clube, é uma troca de experiências. Mas, ao mesmo tempo, a gente precisa ter ingleses na equipe, para não perder a referência do futebol inglês, manter a cultura deles, já que estamos no país deles.

Folha - O fato de o técnico ser francês e escalar franceses torna o time francês acima de tudo?
Gilberto Silva -
A base dele [Wenger] é francesa, a escola dele é francesa, não tem como... Mesmo que ele queira incorporar outras influências, na hora que a coisa aperta claro que ele vai voltar pra base dele.

Folha - E também para os jogadores dele, digo, os franceses?
Gilberto Silva -
Independente de onde ele seja, vai ter os seus homens de confiança, como todo técnico. Claro que alguns são franceses, mas não só eles. Há muitos africanos, espanhóis.

Folha - E você, é também?
Gilberto Silva -
Não sei, só sei que temos uma boa relação.

Folha - A Copa dos Campeões é o principal torneio de clubes do mundo. Conquistá-la pode ser comparado a ganhar a Copa do Mundo?
Gilberto Silva -
Não, essa é única, não tem jeito. A Copa dos Campeões é importantíssima, mas tem todo ano.

Folha - No Mundial de 2002 você chegou para ser banco e foi titular. Agora, mais famoso e experiente, você deverá ser reserva. Como vê esse paradoxo?
Gilberto Silva -
Estou supertranqüilo. Hoje é uma situação totalmente diferente daquela. Ali eu não disputava nada, agora disputo uma vaga de titular.

Folha - Mas hoje você é reserva, não?
Gilberto Silva -
É como todos dizem: seleção é o momento de cada um. Não acho que tenha um time titular definido.


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