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FUTEBOL
Volante exalta trajeto do time e diz que só marcação dura dá o título hoje
Trunfo do Arsenal é o jeito mineiro, diz Gilberto Silva
FÁBIO VICTOR
DE LONDRES
Tal qual um bom mineiro, o Arsenal comeu pelas beiradas e, sem
pompa nem alarde, poderá mineiramente ganhar hoje a Copa
dos Campeões. Quem analisa é
Gilberto Silva, 29, titular absoluto
dos "gunners" (artilheiros), principal pilar de proteção à defesa do
time londrino. E mineiro.
Respeitado pela mídia britânica,
que costuma exaltar sua eficiência
discreta (sintetizada pelo seu apelido, "Invisible Wall", ou Muro
Invisível) e seus modos suaves e
educados, Gilberto Silva falou à
Folha quando o time ainda disputava as semifinais do torneio.
Comentou a polêmica causada
pela "legião estrangeira" da equipe, que tem atuado na Copa dos
Campeões com 11 titulares não-britânicos desde as contusões de
Sol Campbell e Ashley Cole. A situação gerou críticas de treinadores ingleses. Alan Pardew, do
West Ham, disse que com isso estava se "perdendo a alma do futebol inglês", ao que Arsène Wenger, o comandante do Arsenal, rebateu, acusando-o de racismo.
Nos dois jogos da semifinal contra o espanhol Villareal, Gilberto
Silva foi incluído por quase todos
os analistas entre os melhores do
time. Sobre a final, deu a receita
para repetir o sucesso até aqui.
"Se não formos muito duros defensivamente, o Barcelona vai nos
matar", disse ele à mídia inglesa.
Um dos 23 da seleção da Copa
da Alemanha, avisou que disputa
vaga no time titular de Parreira.
Folha - Será uma zebra se o Arsenal ganhar a Copa dos Campeões?
Gilberto Silva- É a competição
que falta e é uma oportunidade
grande, principalmente porque
ninguém dava nada pelo Arsenal.
Houve momentos [nos últimos
anos] em que fomos apontados
como favoritos e paramos no
meio do caminho. Agora estamos
indo sem barulho, devagarinho,
bem mineiros. E temos que ganhar, porque ninguém vai lembrar que chegamos à final se não
formos campeões.
Folha - O Arsenal disputou os
principais jogos do torneio com 11
estrangeiros no time titular. Isso
favorece ou atrapalha dentro de
campo?
Gilberto Silva - Acho que a mistura do Arsenal fez bem ao clube,
é uma troca de experiências. Mas,
ao mesmo tempo, a gente precisa
ter ingleses na equipe, para não
perder a referência do futebol inglês, manter a cultura deles, já que
estamos no país deles.
Folha - O fato de o técnico ser
francês e escalar franceses torna o
time francês acima de tudo?
Gilberto Silva - A base dele
[Wenger] é francesa, a escola dele
é francesa, não tem como... Mesmo que ele queira incorporar outras influências, na hora que a coisa aperta claro que ele vai voltar
pra base dele.
Folha - E também para os jogadores dele, digo, os franceses?
Gilberto Silva - Independente de
onde ele seja, vai ter os seus homens de confiança, como todo
técnico. Claro que alguns são
franceses, mas não só eles. Há
muitos africanos, espanhóis.
Folha - E você, é também?
Gilberto Silva - Não sei, só sei
que temos uma boa relação.
Folha - A Copa dos Campeões é o
principal torneio de clubes do mundo. Conquistá-la pode ser comparado a ganhar a Copa do Mundo?
Gilberto Silva - Não, essa é única,
não tem jeito. A Copa dos Campeões é importantíssima, mas
tem todo ano.
Folha - No Mundial de 2002 você
chegou para ser banco e foi titular.
Agora, mais famoso e experiente,
você deverá ser reserva. Como vê
esse paradoxo?
Gilberto Silva - Estou supertranqüilo. Hoje é uma situação totalmente diferente daquela. Ali eu
não disputava nada, agora disputo uma vaga de titular.
Folha - Mas hoje você é reserva,
não?
Gilberto Silva - É como todos dizem: seleção é o momento de cada um. Não acho que tenha um time titular definido.
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