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Com aval da FPF, árbitro faz assessoria de atletas
Eduardo Coronado divide trabalho de juiz de futebol com atividade jornalística
Chefe da arbitragem da CBF diz que irá estudar o caso para ver se há conflito de interesses ou falta de ética na relação com jogadores
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Você fica com uma pulga
atrás da orelha quando um árbitro prejudica seu time? Com
quantas pulgas você ficaria se
um árbitro prejudicasse seu time e depois ganhasse dinheiro
divulgando feitos de um jogador que atuou pelo adversário?
A questão é nova no futebol.
Eduardo César Coronado Coelho, 37, árbitro da CBF que integra o quadro da federação
paulista (FPF), trabalha como
assessor de imprensa em site
que é especializado em divulgação e estatísticas de jogadores e
outros profissionais do futebol.
""Venho para o escritório todos os dias, mas mantenho a rotina de treinos. Tenho facilidade de horários porque quem me
contratou já sabia da minha situação. Quando tem uma coisa
específica, palestra da CBF,
curso ou treinamento da federação, sou liberado pela empresa para fazer minhas atividades
de árbitro", falou Coronado.
""Sou formado [em jornalismo] desde 1995. Estou no futebol há quase 20 anos. Na primeira divisão, há oito anos. Antigamente, era difícil [conciliar
as duas carreiras] por proibições da federação. Com a entrada do coronel Marcos Marinho
[presidente da Comissão de Arbitragem da FPF], ele abriu o
foco, liberou, e hoje estou trabalhando com assessoria de jogadores", afirmou Coronado.
O site em que ele trabalha
tem mais de 30 atletas como
clientes, alguns atuando no exterior, como Kleberson (do turco Besiktas), e outros em clubes
de ponta no Brasil, casos de
Eduardo e Wellington (Corinthians), Carlinhos e Domingos
(Santos) e Renato (Flamengo).
Coronado, que atuou como
quarto árbitro no Ituano x Ceará pela Série B no fim de semana, por enquanto só cuida de
atletas que atuam no exterior.
Por questão ética, segundo ele.
""Trabalho aqui no site da assessoria. Mas minhas contas
são os jogadores da Europa. Faço estatísticas e também cuido
da imagem dos jogadores. Tento colocá-los aqui nos programas, faço assessoria mesmo",
diz Coronado, que começou a
atuar respaldado por Marinho.
A Folha falou com o responsável pela arbitragem em São
Paulo anteontem. Marinho
disse, inicialmente, o seguinte:
""Ele [Coronado] me falou alguma coisa [sobre jornalismo],
mas não sobre esse tipo de coisa [assessoria de jogadores].
Preciso conversar com ele. Não
seria conveniente [conciliar as
duas profissões]. Pode surgir lá
na frente alguns comentários,
seria prejudicial até para ele."
Minutos depois, ao receber
um release destacando a estréia de Coronado como assessor de imprensa de jogadores,
Marinho mudou seu discurso.
""Não vejo problema. Ele é especializado em estatísticas e
divulgação, nada ligado direto
ao atleta. Não vejo inconveniente. Só informar a performance do jogador não é problema. Não é empresário de jogador, trabalha em uma assessoria de atletas", disse Marinho,
que liberou até a assessoria de
atletas que estão no Brasil.
Edson Rezende, o presidente
da Comissão de Arbitragem da
CBF, não sabia do trabalho paralelo de Coronado até ontem.
Ao ficar sabendo do fato pela
reportagem, disse que irá investigar o caso para ver se há
um conflito de interesses.
""Vou procurar detalhes com
a federação paulista, com o Coronado e vou conversar com dirigentes da CBF para ver se autorizamos, para ver qual é o nível de atuação dele na empresa
[site] e se é contra-indicado
exercer essas duas atividades."
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