São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2007

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Com aval da FPF, árbitro faz assessoria de atletas

Eduardo Coronado divide trabalho de juiz de futebol com atividade jornalística

Chefe da arbitragem da CBF diz que irá estudar o caso para ver se há conflito de interesses ou falta de ética na relação com jogadores


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Você fica com uma pulga atrás da orelha quando um árbitro prejudica seu time? Com quantas pulgas você ficaria se um árbitro prejudicasse seu time e depois ganhasse dinheiro divulgando feitos de um jogador que atuou pelo adversário?
A questão é nova no futebol. Eduardo César Coronado Coelho, 37, árbitro da CBF que integra o quadro da federação paulista (FPF), trabalha como assessor de imprensa em site que é especializado em divulgação e estatísticas de jogadores e outros profissionais do futebol.
""Venho para o escritório todos os dias, mas mantenho a rotina de treinos. Tenho facilidade de horários porque quem me contratou já sabia da minha situação. Quando tem uma coisa específica, palestra da CBF, curso ou treinamento da federação, sou liberado pela empresa para fazer minhas atividades de árbitro", falou Coronado.
""Sou formado [em jornalismo] desde 1995. Estou no futebol há quase 20 anos. Na primeira divisão, há oito anos. Antigamente, era difícil [conciliar as duas carreiras] por proibições da federação. Com a entrada do coronel Marcos Marinho [presidente da Comissão de Arbitragem da FPF], ele abriu o foco, liberou, e hoje estou trabalhando com assessoria de jogadores", afirmou Coronado.
O site em que ele trabalha tem mais de 30 atletas como clientes, alguns atuando no exterior, como Kleberson (do turco Besiktas), e outros em clubes de ponta no Brasil, casos de Eduardo e Wellington (Corinthians), Carlinhos e Domingos (Santos) e Renato (Flamengo).
Coronado, que atuou como quarto árbitro no Ituano x Ceará pela Série B no fim de semana, por enquanto só cuida de atletas que atuam no exterior. Por questão ética, segundo ele.
""Trabalho aqui no site da assessoria. Mas minhas contas são os jogadores da Europa. Faço estatísticas e também cuido da imagem dos jogadores. Tento colocá-los aqui nos programas, faço assessoria mesmo", diz Coronado, que começou a atuar respaldado por Marinho.
A Folha falou com o responsável pela arbitragem em São Paulo anteontem. Marinho disse, inicialmente, o seguinte: ""Ele [Coronado] me falou alguma coisa [sobre jornalismo], mas não sobre esse tipo de coisa [assessoria de jogadores]. Preciso conversar com ele. Não seria conveniente [conciliar as duas profissões]. Pode surgir lá na frente alguns comentários, seria prejudicial até para ele."
Minutos depois, ao receber um release destacando a estréia de Coronado como assessor de imprensa de jogadores, Marinho mudou seu discurso.
""Não vejo problema. Ele é especializado em estatísticas e divulgação, nada ligado direto ao atleta. Não vejo inconveniente. Só informar a performance do jogador não é problema. Não é empresário de jogador, trabalha em uma assessoria de atletas", disse Marinho, que liberou até a assessoria de atletas que estão no Brasil.
Edson Rezende, o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, não sabia do trabalho paralelo de Coronado até ontem. Ao ficar sabendo do fato pela reportagem, disse que irá investigar o caso para ver se há um conflito de interesses.
""Vou procurar detalhes com a federação paulista, com o Coronado e vou conversar com dirigentes da CBF para ver se autorizamos, para ver qual é o nível de atuação dele na empresa [site] e se é contra-indicado exercer essas duas atividades."


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