São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2007

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JOSÉ ROBERTO TORERO

Despedida de um CDF

Em resumo, somando tudo temos: 7 + 7 + 7 + 1 + 3 + 2 + 6 + 4 + 3 = 40 horas, como qualquer trabalhador

O BODOSO leitor e a bondosa leitora devem pensar que escrever sobre futebol é uma moleza, não é? Devem pensar que fico vendo jogos na TV enquanto migalhas de batatinhas chips caem sobre minha barriga, não é? Pois é isso mesmo. Mas não é só isso. Há, por exemplo, que ler muito jornal. E não apenas a Folha mas também os rivais, como "Estadão" e "Lance!". Nisso gasto cerca de uma hora por dia. Ou seja, sete horas por semana. E nem vou colocar na conta a revista Placar e a coluna do Sócrates na "Carta Capital".
Há também que ficar ligado na internet, onde sempre há notícias quentes, blogs interessantes e onde posso fazer minhas pesquisas para o Zé Cabala. Mais uma hora diária. Mais sete horas por semana. Não se pode esquecer dos programas de TV. Há o sagrado "Globo Esporte", o curioso "Loucos por Futebol", o bom "Sportv Repórter", os boleiros "Bola da Vez", "Bate Bola" e "Expresso da Bola", as conversas do "Arena" e o "Papo com Armando Nogueira", sem falar no "Grandes Momentos do Esporte" e no "Juca Entrevista". Nem sempre vejo tudo, mas contemos mais uma hora por dia e sete por semana. Ah, e uma hora semanal é gasta aos domingos e às segundas zapeando pelas mesas-redondas. Não podemos esquecer do rádio.
Divido-me entre CBN, Bandeirantes e Jovem Pan, e assim lá se vão mais umas três horas por semana. Ultimamente têm sido lançados muitos livros sobre futebol. O mínimo de decência exige que eu leia um por mês, e a leitura de um livro de 200 páginas leva oito horas em média, ou seja, duas por semana. E, obviamente há que ver jogos de futebol. Temos o jogo de quarta, o de quinta, o de sábado, o de domingo (às vezes dois) e os torneios europeus. Como sou um CDF (colunista de futebol), gasto nisso pelo menos seis horas por semana.
Depois de tudo, há que escrever meus textinhos. Para cada um gasto duas horas. Como faço uma coluna para a Folha e outra para o UOL, lá se vão mais quatro horas. E há as respostas aos leitores e uns textos extras para revistas, jornais de empresa, etc..., que somam mais três horas por semana. Em resumo: 7 + 7 + 7 + 1 + 3 + 2 + 6 + 4 + 3 = 40. Estas 40 horas significam que não dá para fazer outra coisa sendo colunista esportivo.
(Citar a Soninha não vale. Todos sabem que ela tem uma irmã gêmea, Soraia, e só por isso consegue fazer tudo o que faz.) E, sardoso leitor e saudosa leitora, preciso acabar um livro que está encalacrado, emperrado, há muito tempo. A primeira vez que saí da Folha, quando era repórter de Esporte no distante 1987, foi para tentar escrevê-lo. Desde então, eu e ele temos lutado de quando em quando, e tenho perdido sempre. Mas, com dedicação integral, talvez tenha chance.
É por isso que terei que parar de escrever esta coluna. Mas não vou me despedir, pois, de vez em quando, posso fazer uma entrevista ou escrever no lugar de alguém por aqui. Aliás, se eu sentir muita saudade, algum colunista pode até sofrer um atropelamento inesperado. Tenho o endereço de todos. De qualquer modo, espero estar de volta ao meu posto na Olimpíada. Então, até logo.

torero@uol.com.br


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