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JOSÉ ROBERTO TORERO
Despedida de um CDF
Em resumo, somando tudo temos: 7 + 7 + 7 + 1 + 3 + 2 + 6 + 4 + 3 = 40 horas, como qualquer trabalhador
O
BODOSO leitor e a bondosa
leitora devem pensar que escrever sobre futebol é uma
moleza, não é? Devem pensar que fico vendo jogos na TV enquanto migalhas de batatinhas chips caem sobre minha barriga, não é? Pois é isso
mesmo. Mas não é só isso.
Há, por exemplo, que ler muito
jornal. E não apenas a Folha mas
também os rivais, como "Estadão"
e "Lance!". Nisso gasto cerca de
uma hora por dia. Ou seja, sete horas por semana. E nem vou colocar
na conta a revista Placar e a coluna
do Sócrates na "Carta Capital".
Há também que ficar ligado na
internet, onde sempre há notícias
quentes, blogs interessantes e onde posso fazer minhas pesquisas
para o Zé Cabala. Mais uma hora
diária. Mais sete horas por semana.
Não se pode esquecer dos programas de TV. Há o sagrado "Globo
Esporte", o curioso "Loucos por
Futebol", o bom "Sportv Repórter", os boleiros "Bola da Vez", "Bate Bola" e "Expresso da Bola", as
conversas do "Arena" e o "Papo
com Armando Nogueira", sem falar no "Grandes Momentos do Esporte" e no "Juca Entrevista". Nem
sempre vejo tudo, mas contemos
mais uma hora por dia e sete por
semana. Ah, e uma hora semanal é
gasta aos domingos e às segundas
zapeando pelas mesas-redondas.
Não podemos esquecer do rádio.
Divido-me entre CBN, Bandeirantes e Jovem Pan, e assim lá se vão
mais umas três horas por semana.
Ultimamente têm sido lançados
muitos livros sobre futebol. O mínimo de decência exige que eu leia
um por mês, e a leitura de um livro
de 200 páginas leva oito horas em
média, ou seja, duas por semana.
E, obviamente há que ver jogos
de futebol. Temos o jogo de quarta,
o de quinta, o de sábado, o de domingo (às vezes dois) e os torneios
europeus. Como sou um CDF (colunista de futebol), gasto nisso pelo
menos seis horas por semana.
Depois de tudo, há que escrever
meus textinhos. Para cada um gasto duas horas. Como faço uma coluna para a Folha e outra para o
UOL, lá se vão mais quatro horas. E
há as respostas aos leitores e uns
textos extras para revistas, jornais
de empresa, etc..., que somam mais
três horas por semana.
Em resumo: 7 + 7 + 7 + 1 + 3 + 2 + 6
+ 4 + 3 = 40. Estas 40 horas significam que não dá para fazer outra
coisa sendo colunista esportivo.
(Citar a Soninha não vale. Todos
sabem que ela tem uma irmã gêmea, Soraia, e só por isso consegue
fazer tudo o que faz.) E, sardoso leitor e saudosa leitora, preciso acabar um livro que está encalacrado,
emperrado, há muito tempo. A primeira vez que saí da Folha, quando
era repórter de Esporte no distante
1987, foi para tentar escrevê-lo.
Desde então, eu e ele temos lutado
de quando em quando, e tenho
perdido sempre. Mas, com dedicação integral, talvez tenha chance.
É por isso que terei que parar de
escrever esta coluna. Mas não vou
me despedir, pois, de vez em quando, posso fazer uma entrevista ou
escrever no lugar de alguém por
aqui. Aliás, se eu sentir muita saudade, algum colunista pode até sofrer um atropelamento inesperado. Tenho o endereço de todos. De
qualquer modo, espero estar de
volta ao meu posto na Olimpíada.
Então, até logo.
torero@uol.com.br
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