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Tribunal derruba veto, e Pistorius pode ir a Pequim
Corte Arbitral refuta proibição da entidade máxima do atletismo para sul-africano, apto agora a correr nos Jogos
Próteses de velocista, que ainda precisa de índice, eram apontadas como vantagem sobre os demais competidores nos 400 m
EDUARDO OHATA
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele tentou manter uma expressão séria. Mas, diante de
um grupo de jornalistas, não
conseguiu conter o sorriso.
Foi essa a reação do sul-africano Oscar Pistorius, 21, que
recebeu ontem o aval da Corte
Arbitral do Esporte para tentar
a qualificação para Pequim-2008. Nascido sem o perônio
-o osso que conecta o joelho ao
calcanhar- nas duas pernas,
Pistorius teve as duas pernas
amputadas sob o joelho quando
tinha somente 11 meses de vida.
A Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo) o havia proibido de ir
aos Jogos por entender que Pistorius é um ""homem biônico",
por contar com vantagem mecânica sobre seus rivais, já que
compete com próteses.
"Estou extasiado. Quando
soube da decisão da corte, fui às
lágrimas", festejou Pistorius,
cuja prioridade agora, passados
meses de batalha jurídica, é obter a marca para ir aos Jogos
Olímpicos de Pequim, que
ocorrem entre 8 e 24 de agosto.
"Tenho muitas esperanças
para a Olimpíada de 2008. O
tempo que tenho [para obter a
classificação] é muito escasso.
Obviamente agora tenho a
oportunidade e não vou deixá-la escapar... Mas sei que será
muito difícil registrar esse tempo", reconheceu Pistorius.
"Gastei muito tempo nos tribunais. Agora, quando chegar
em casa, vou me dedicar ao
treinamento. Tenho de pensar
em ficar em forma para disputar essas provas", refletiu Pistorius, que já adiantou que, independentemente de sua participação ou não na Olimpíada,
disputará a Paraolimpíada.
Se confirmar participação
em Pequim, Pistorius terá em
sua própria delegação a companhia de outra amputada que já
se classificou para os Jogos, Natalie du Toit, que, na China, disputará a maratona aquática.
"Essa é uma batalha que já
durou muito tempo. Esse é um
grande dia para o esporte, um
dia que ficará na história pela
igualdade conquistada pelos
deficientes físicos", argumenta
Pistorius, que é um estudante
de administração esportiva na
Universidade de Pretória.
Se agora o sul-africano busca
esquecer a batalha judicial, foi
justamente por causa dela que
obteve notoriedade mundial.
A revista americana ""Time" o
incluiu na lista das cem pessoas
mais influentes do mundo, ao
lado da pré-candidata à presidência dos EUA Hillary Clinton
e do presidente venezuelano,
Hugo Chávez, por exemplo.
Encaixou-se na categoria dos
"heróis e pioneiros".
Ele é o atual recordista mundial paraolímpico nos 400 m,
com a marca de 46s56. Para ir
aos Jogos, no entanto, precisa
diminuir o tempo para 45s55.
Mas, mesmo que não consiga
tal marca individualmente, a
Confederação Sul-Africana de
Atletismo poderia escalá-lo para compor o revezamento 4 x
400 m, se a equipe se qualificar
para a Olimpíada entre as 16
melhores do mundo. Pistorius
iria a Pequim como reserva.
"Temos muita esperança de
que ele integrará nossa equipe", disse Leonard Chuene,
presidente da confederação.
A Iaaf indicou ontem que
honrará a decisão da corte.
"Oscar será bem-vindo em
qualquer evento que disputar",
disse Lamine Diack, presidente
da Iaaf, via comunicado oficial.
"Ele é um homem inspirador."
A reação teve eco no Comitê
Olímpico Internacional. ""Pistorius é um atleta determinado
e corajoso que direcionará sua
energia à classificação aos Jogos", afirmou um comunicado.
Com agências internacionais
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