São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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VÔLEI

Queda-de-braço

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Uma pergunta ronda o vôlei brasileiro: qual será o futuro da seleção feminina? A semana promete mais um capítulo na queda-de-braço entre o treinador Marco Aurélio Motta e o grupo de atletas que pediu dispensa da seleção brasileira.
O presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary Graça, volta hoje de férias. A princípio, deve apoiar o técnico, mas Graça é sempre uma caixinha de surpresas. O certo é que Érika, Fofão, Raquel e Walewska estão tentando marcar uma reunião com o dirigente para hoje ou amanhã.
Elas querem explicar porque deixaram a seleção e que não pretendem retornar à equipe enquanto Marco Aurélio for o técnico. A atacante Virna também pediu dispensa, mas oficialmente alega problemas particulares. Ou seja, a equipe vai ficar sem cinco jogadoras consideradas titulares.
A crise ganha dimensão maior já que faltam pouco mais de dois meses para o Campeonato Mundial. Diante desse quadro, há duas alternativas: ou se antecipa a renovação da seleção e o Brasil disputa o Mundial com uma nova geração; ou muda-se o técnico e as atletas voltam ao time.
Mas, para se chegar a um caminho, é preciso entender o que se passa na seleção. E aí está a questão: dos dois lados, só há queixas e críticas.
As jogadoras reclamam da falta de diálogo, do estilo rígido do técnico e dos treinos, que não seriam tão fortes quanto os de Bernardinho, o treinador anterior. A gota d'água foi a dispensa, por indisciplina, da atacante Elisângela às vésperas do embarque para a Suíça, onde a seleção disputou a Volley Masters.
Já Marco Aurélio diz que era constantemente afrontado pelas atletas e que passou o último ano contornando crises. Segundo ele, as quatro que pediram dispensa -Érika, Fofão, Raquel e Walewska- se isolaram do grupo.
O técnico cita um exemplo: quando chegaram na Suíça, para a disputa da Volley Masters, deram uma paradinha em um restaurante bem na hora do jogo da seleção brasileira de futebol. O time inteiro ficou vendo a partida e torcendo. Érika, Fofão, Raquel e Walewska foram assistir ao jogo em outra televisão.
Um acordo parece impossível. O técnico diz que tem bom relacionamento com as nove jogadoras que ficaram e que ainda deverá tentar convencer a levantadora Fofão a voltar. Ela é a peça mais importante para a seleção. Não há uma levantadora que possa substitui-la sem dar prejuízos.
O certo é que as atletas estavam acostumadas com Bernardinho, que havia comandado a seleção nos oito anos anteriores, e sempre tiveram resistências em aceitar um técnico com um estilo diferente de trabalho. Ou seja, Marco Aurélio teve problemas desde quando assumiu o time.
Mas qualquer técnico que fosse comandar a seleção teria dificuldades. Até mesmo Bernardinho já que o país também não conta mais com uma geração talentosa como foi a de Ana Moser, Fernanda Venturini, Márcia Fu e Leila.
Diante desse quadro, fica muito difícil analisar ou criticar o trabalho de Marco Aurélio e os resultados obtidos pela seleção.
Talvez a sua maior falha foi não ter conseguido formar um grupo unido. Mas, para se chegar a um time unido, também é preciso a boa vontade de todos, comissão técnica e atletas. E foi nesse ponto que começaram os problemas.

Argentina
De olho na Liga Mundial, a seleção argentina disputou quatro jogos amistosos contra o Canadá na última semana. A equipe, do atacante Marcos Milinkovic, saiu vitoriosa em duas partidas da série -uma, por 3 sets a 0, e outra por 3 sets a 2. A seleção da Argentina sofreu derrotas mais arrasadoras, as duas foram por 3 a 0. Os argentinos serão os primeiros adversários da seleção brasileira na Liga Mundial. As duas equipes vão se enfrentar na primeira rodada da competição, no próximo dia 28, em Brasília.

Itália
Também em preparação para a disputa da Liga Mundial, a seleção italiana ganhou os dois amistosos que disputou contra a equipe dos Estados Unidos. Antes de fazer essa série de partidas preparatórias, a Itália já havia organizado o torneio Seis Nações. A competição foi vencida pelo Brasil. Mesmo jogando em casa, os italianos ficaram em terceiro lugar, atrás da Rússia, a vice-campeã.

E-mail cidasan@uol.com.br



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