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VÔLEI
Queda-de-braço
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Uma pergunta ronda o vôlei
brasileiro: qual será o futuro
da seleção feminina? A semana
promete mais um capítulo na
queda-de-braço entre o treinador
Marco Aurélio Motta e o grupo de
atletas que pediu dispensa da seleção brasileira.
O presidente da Confederação
Brasileira de Vôlei, Ary Graça,
volta hoje de férias. A princípio,
deve apoiar o técnico, mas Graça
é sempre uma caixinha de surpresas. O certo é que Érika, Fofão,
Raquel e Walewska estão tentando marcar uma reunião com o dirigente para hoje ou amanhã.
Elas querem explicar porque
deixaram a seleção e que não pretendem retornar à equipe enquanto Marco Aurélio for o técnico. A atacante Virna também pediu dispensa, mas oficialmente
alega problemas particulares. Ou
seja, a equipe vai ficar sem cinco
jogadoras consideradas titulares.
A crise ganha dimensão maior
já que faltam pouco mais de dois
meses para o Campeonato Mundial. Diante desse quadro, há
duas alternativas: ou se antecipa
a renovação da seleção e o Brasil
disputa o Mundial com uma nova geração; ou muda-se o técnico
e as atletas voltam ao time.
Mas, para se chegar a um caminho, é preciso entender o que se
passa na seleção. E aí está a questão: dos dois lados, só há queixas
e críticas.
As jogadoras reclamam da falta
de diálogo, do estilo rígido do técnico e dos treinos, que não seriam
tão fortes quanto os de Bernardinho, o treinador anterior. A gota
d'água foi a dispensa, por indisciplina, da atacante Elisângela às
vésperas do embarque para a Suíça, onde a seleção disputou a Volley Masters.
Já Marco Aurélio diz que era
constantemente afrontado pelas
atletas e que passou o último ano
contornando crises. Segundo ele,
as quatro que pediram dispensa
-Érika, Fofão, Raquel e Walewska- se isolaram do grupo.
O técnico cita um exemplo:
quando chegaram na Suíça, para
a disputa da Volley Masters, deram uma paradinha em um restaurante bem na hora do jogo da
seleção brasileira de futebol. O time inteiro ficou vendo a partida e
torcendo. Érika, Fofão, Raquel e
Walewska foram assistir ao jogo
em outra televisão.
Um acordo parece impossível. O
técnico diz que tem bom relacionamento com as nove jogadoras
que ficaram e que ainda deverá
tentar convencer a levantadora
Fofão a voltar. Ela é a peça mais
importante para a seleção. Não
há uma levantadora que possa
substitui-la sem dar prejuízos.
O certo é que as atletas estavam
acostumadas com Bernardinho,
que havia comandado a seleção
nos oito anos anteriores, e sempre
tiveram resistências em aceitar
um técnico com um estilo diferente de trabalho. Ou seja, Marco
Aurélio teve problemas desde
quando assumiu o time.
Mas qualquer técnico que fosse
comandar a seleção teria dificuldades. Até mesmo Bernardinho
já que o país também não conta
mais com uma geração talentosa
como foi a de Ana Moser, Fernanda Venturini, Márcia Fu e Leila.
Diante desse quadro, fica muito
difícil analisar ou criticar o trabalho de Marco Aurélio e os resultados obtidos pela seleção.
Talvez a sua maior falha foi não
ter conseguido formar um grupo
unido. Mas, para se chegar a um
time unido, também é preciso a
boa vontade de todos, comissão
técnica e atletas. E foi nesse ponto
que começaram os problemas.
Argentina
De olho na Liga Mundial, a seleção argentina disputou quatro jogos amistosos contra o Canadá na última semana. A equipe, do
atacante Marcos Milinkovic, saiu vitoriosa em duas partidas da série -uma, por 3 sets a 0, e outra por 3 sets a 2. A seleção da Argentina sofreu derrotas mais arrasadoras, as duas foram por 3 a 0. Os argentinos serão os primeiros adversários da seleção brasileira na Liga Mundial. As duas equipes vão se enfrentar na primeira rodada
da competição, no próximo dia 28, em Brasília.
Itália
Também em preparação para a disputa da Liga Mundial, a seleção
italiana ganhou os dois amistosos que disputou contra a equipe
dos Estados Unidos. Antes de fazer essa série de partidas preparatórias, a Itália já havia organizado o torneio Seis Nações. A competição foi vencida pelo Brasil. Mesmo jogando em casa, os italianos
ficaram em terceiro lugar, atrás da Rússia, a vice-campeã.
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