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Argentina tira Tevez e Messi do banco, goleia Sérvia e encanta
Técnico atende a pedidos e escala dupla, que dobra vitória e constrói placar mais elástico da Copa
Triunfo por 6 a 0 deixa os
argentinos a um empate
do primeiro lugar no temido
"grupo da morte", contra a
Holanda, na última rodada
DO ENVIADO A GELSENKIRCHEN
O lobby começava com Diego
Maradona, passava pela imprensa e contaminava até jogadores da seleção. O pedido:
Carlos Tevez e Lionel Messi em
campo pela Argentina.
O técnico José Pekerman
sempre ouvia com paciência,
mas deixava claro que os prodígios só pisariam no gramado na
hora e no local apropriados.
Ontem, quando já liderava o
placar por 3 a 0, o treinador resolveu escalá-los. E, agora, o coro dos que vão perturbá-lo com
o intuito de ver os atletas no
elenco titular deve engrossar.
O clamor começou logo após
os 6 a 0 sobre Sérvia e Montenegro. Em entrevista, o técnico
acabou indagado sobre a possibilidade de entrar com ambos
no duelo contra a Holanda.
Sempre comedido nos comentários sobre o desempenho individual de seus atletas, Pekerman disse que "todos souberam aproveitar os minutos em
que estiveram em campo".
Parece pouco para descrever
as travessuras que Tevez, 21, e
Messi, 18, aprontaram ontem.
Tevez deu as caras aos 14min
da etapa final, substituindo Saviola. Entrou no duelo quando
a Sérvia já tinha um jogador a
menos -Kezman havia sido expulso. Nas primeiras intervenções, não deu pistas do que viria
a seguir, já que errou passes e
perdeu bolas. "Estava afobado.
Mas sabia que poderia fazer algo melhor. Não desisti."
O esforço teve recompensa.
Em lance individual, ele tocou a
bola por baixo das pernas de
um zagueiro, livrou-se de outro
com um toque curto e bateu em
curva, no canto esquerdo.
O patrão estava no estádio e
gostou do que viu. Kia Joorabchian, presidente da MSI, "offshore" que gerencia o futebol do
Corinthians, foi indagado se
procurava algum atleta dos que
estavam na disputa como reforço. A resposta: "Não preciso, já
tenho Tevez, o melhor."
Naquele momento, o cronômetro marcava 39 minutos. No
placar, 5 a 0. Os adversários estavam atordoados. A torcida da
Sérvia já partia em debandada.
Messi, contudo, não achou
que era hora de parar. O atacante, que atua como profissional há apenas dois anos e defende o poderoso Barcelona,
entrou a 15 minutos do fim.
Precisou de 13 para se consagrar. Após assistência de Tevez,
invadiu a área e desviou do goleiro com toque sutil. "Não queria provar nada para ninguém.
Só queria jogar bem", afirma
ele, que antes já havia dado o
passe do quarto gol, de Crespo.
Tanto empenho em pouco
tempo tem, porém, outra explicação. Antes do jogo, Messi teve
uma conversa reservada com
Maradona, que defende sua
presença entre os titulares desde a convocação do grupo.
Nascido em Santa Fé, o jogador tem biografia curiosa. Com
problemas hormonais, media
1,40 m aos 13 anos. Nem o Newell's Old Boys, seu clube na
época, nem sua família tinham
condições de pagar US$ 900
mensais para o tratamento. Aí
surgiu o Barcelona com uma
proposta. Em 30 meses na Espanha, Messi cresceu 30 centímetros. Hoje, é apontado na
Argentina como sucessor daquele que ontem soprava recomendações em seus ouvidos.
"Tive uma ótima conversa
com o Maradona. Ele realmente me motivou", reconheceu.
Messi conquistou também o
maestro da equipe atual. Riquelme, eleito ontem o melhor
da partida pela Fifa, não esconde de ninguém a preferência
pelo colega. "Me divirto quando vejo o Messi jogar."
Diversão é tudo o que Sérvia
e Montenegro não teve em Gelsenkirchen. Os conflitos declarados entre atletas e técnicos, o
dia inspirado da Argentina, a
expulsão na etapa final, tudo
contribuiu para o maior revés
da antiga Iugoslávia em Copas.
Quem mais encarnava a decepção era Dejan Stankovic, camisa 10 da equipe. Após o apito
final, ele caminhou trôpego pelo gramado. Depois, procurou a
imprensa. E fez um pedido.
"É embaraçoso demais falar
numa hora dessas, mas eu gostaria de pedir desculpas aos
nossos torcedores, ao nosso
país. Precisamos tirar esse jogo
de nossas cabeças."
(GUILHERME ROSEGUINI)
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