São Paulo, sábado, 17 de junho de 2006

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Copa "passa" na internet e coloca a Fifa em xeque

Entidade fiscaliza páginas de atletas e cobra direitos de transmissão, mas diz que não há como frear troca de vídeos

Sites que disponibilizam imagens grátis da Copa dão drible nas restrições e fazem internautas acompanharem Mundial de maneira inédita


TALES TORRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nunca a Fifa fez tantas restrições à internet em uma Copa. Mas o esforço da entidade não impediu que os usuários tivessem acesso a um inédito volume de imagens do Mundial.
Graças a sites gratuitos de trocas de imagens como o www.youtube.com e o www.video.google.com, qualquer pessoa conectada à internet tem à disposição milhares de vídeos da atual Copa.
Se a Fifa tem fiscalizado as páginas oficiais de jogadores e cobrado pelos direitos de transmissão de vídeos na internet, nada pode fazer atualmente, por exemplo, contra o site You Tube (algo como "você no tubo"), um espaço "sem dono", abastecido por dezenas de milhares de usuários, do mundo todo. Uma rápida busca na página oferece mais de 5.000 vídeos desta e de outras Copas.
Do gol de Caniggia contra o Brasil em 1990 ao lance que fez Tevez balançar as redes contra Sérvia e Montenegro, ontem. Da tristeza da Polônia na última quarta à festa holandesa ontem nas ruas de Stuttgart.
Os vídeos entram nos sites de duas maneiras. Ou reproduzidos de transmissões profissionais -no Google Video dá para ver Brasil x Croácia na íntegra, gravado de um canal argentino- ou captados por usuários que levam celulares aos estádios e de lá filmam os trechos que são colocados nas páginas.
É impossível ver um jogo em tempo real nessas páginas, mas, em alguns casos, os melhores lances da partida são inseridos poucos minutos depois do fim.
A proliferação de vídeos da Copa na internet fará a Fifa se mexer em breve. Por enquanto, a entidade reconhece que não há como limitar a troca de vídeos. Tanto que ela própria disponibiliza compactos das partidas no site oficial da Copa.
"Esta troca de conteúdo veio para ficar. É algo sem volta", diz o especialista Antonio Rosa Neto, presidente da Dainet Multimídia e Comunicações.
Ronaldo Lemos, professor e coordenador da área de propriedade intelectual da escola de direito da Fundação Getúlio Vargas, no Rio, prevê: "Ou a Fifa proíbe a entrada de pessoas com telefones celulares nos estádios ou desenvolve uma maneira de tirar proveito desta prática. Afinal, o evento está recebendo promoção gratuita".
Para Lemos, a emissora que tem material reproduzido em outros sites está sendo lesada. "Os eventos são protegidos por direitos autorais", conclui, lembrando dos processos que gravadoras musicais impuseram a sites supostamente piratas.


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