São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2008

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sem reposição

Medalhões deixam buraco na seleção

Símbolos da equipe que fracassou no Mundial-06, Cafu, Roberto Carlos, Emerson e Ronaldo ainda não têm sucessores

Quase 2 anos após assumir, Dunga testa 11 laterais, 9 volantes e 9 atacantes, mas não consegue definir os substitutos de "aposentados"


Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Ao lado do supervisor Américo Faria e do auxiliar Jorginho, Dunga, que ainda não tem titulares absolutos em posições-chaves da seleção, acompanha treino em BH

PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A BELO HORIZONTE

Eles deixaram a seleção, após a Copa-06, como símbolos de um time nacional que precisava de uma renovação urgente.
Mas, dois anos depois, é justamente nas suas posições que mais sofre o Brasil do técnico Dunga, que amanhã pega a Argentina, em Belo Horizonte, no seu momento mais delicado.
As laterais, por anos ocupadas por Cafu e Roberto Carlos, a cabeça-de-área, antes feudo de Emerson, e o cargo de centroavante, por muito tempo propriedade de Ronaldo, têm alta rotatividade com poucos resultados na era Dunga, iniciada em agosto de 2006.
Dunga já mandou a campo 11 laterais, cinco pela direita e outros seis pela esquerda. Foram nove volantes e igual número de centroavantes. E todo esse batalhão nunca aprovou de verdade. Foram 11 gols marcados por centroavantes com o gaúcho no comando, ou apenas 19% da artilharia da seleção.
Mesmo na Copa da Alemanha, quando já estava longe de seus melhores dias, Ronaldo foi responsável por 30% dos tentos anotados pelos brasileiros.
O Datafolha atesta que o desempenho dos laterais, volantes e centroavantes escolhidos por Dunga é uma decepção.
A começar pelo que aconteceu na derrota para o Paraguai, anteontem, por 2 a 0.
Para quem reclamava dos cruzamentos de Cafu e Roberto Carlos, Maicon e Gilberto são de amargar. Contra os paraguaios, o lateral-direito acertou apenas 3 de suas 8 tentativas. Muito pior foi Gilberto, que não acertou nenhum dos sete cruzamentos que tentou.
O trio de volantes formado por Josué, Mineiro e Gilberto Silva foi ruim até em passes curtos. Contra os paraguaios, eles acertaram 79% dos passes que fizeram, contra um aproveitamento de 85% do resto da equipe. Foram uma nulidade na ajuda ao ataque, com uma só finalização do trio. E nem foram tão bons na marcação -juntos, segundo o Datafolha, somaram só 21 desarmes.
No ataque, Adriano não conseguiu finalizar uma vez no Defensores del Chaco. Luis Fabiano teve uma única chance.
Comparando os números totais destas eliminatórias com as atuações de Cafu, Roberto Carlos, Emerson e Ronaldo no qualificatório passado, fica clara a vantagem do quarteto veterano hoje aposentado da seleção.
Nenhum volante de Dunga tem aproveitamento superior a 90% nos passes. Emerson teve 94% de acerto no fundamento no classificatório para 2006.
Gilberto tem 0% de acerto nos cruzamentos, contra 30% de Roberto Carlos. Maicon fez, em média, nove desarmes por partida. Cafu tirava a bola dos adversários 14 vezes em média.
Todos centroavantes usados por Dunga somam 3,8 finalizações por jogo, com 34% de acerto. Sozinho, Ronaldo fez 3,5 conclusões a cada jogo na eliminatória para o Mundial passado (aproveitamento de 57%).
"Todos que estão aqui são os que estão jogando melhor em seus clubes, independentemente da idade", falou Alexandre Pato, cujo ídolo é Ronaldo.


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