São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 2009

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"Questão cultural" é responsabilizada

Procon, secretaria de Esportes, PM, CET e ouvidoria justificam má qualidade de serviços a comportamento da torcida

Características que vão da passividade ao vandalismo são utilizadas para pintar imagem de torcedores que frequentam estádios


DA REPORTAGEM LOCAL

A "questão cultural" foi, de forma unânime, apontada por todos os personagens responsáveis pelo bom andamento do extracampo dos jogos de futebol como complicador. A participação da população para melhorar o espetáculo é cobrada quase como uma panaceia.
No Procon de São Paulo, neste ano, nenhuma reclamação foi registrada por torcedores sobre violação a seus direitos no Estatuto do Torcedor. A teoria no órgão é que quem vai ao estádio não se vê como consumidor, mas só como torcedor. Ou seja, teme reclamar e que isso possa prejudicar seu time.
Se alguém reclamasse, as explicações soariam talvez um tanto óbvias. Falta conforto? A Secretaria de Esporte de São Paulo (Seme) aponta para o vandalismo. "A cada jogo, vários assentos são arrancados. A ideia é instalar assentos em todo o estádio, mas, enquanto não houver exemplares que resistam à festa das torcidas, o cimento seguirá", afirma o órgão.
Sobre o fato de torcedores assistirem aos jogos fora de seus assentos ou até em cima de guarda-corpos, a secretaria explica que "culturalmente, as torcidas assistem às partidas em pé, dançando e cantando".
Quem concorda com essa fórmula é o ouvidor da Copa do Brasil, Antônio Álvares Miranda Filho. "É um processo que demanda conscientização, já que não é de fácil controle."
Falta transporte e melhores acessos? Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), é impossível impedir a confusão entre pedestres e carros nas ruas ao redor do estádio. O principal motivo é que "não dá para multar pedestres". Flanelinhas? Para a Secretaria de Esporte, problema da PM, apesar de ser um "problema social". "É preciso o cidadão denunciar".
Banheiros encharcados? "Isso acontece por conta da má utilização [dos torcedores]. Entopem as pias, deixam torneiras abertas de propósito."
Para a secretaria, o mesmo vale para os cambistas. "É preciso que torcedores só comprem ingressos nos pontos oficiais de venda. Em caso de denúncias de irregularidades envolvendo funcionários do estádio e da empresa contratada, a Seme tem procurado apurar."
Faltam leis? O major José Balestiero Filho, responsável pelo policiamento em estádios, reconhece que a PM tem dificuldades para coibir a venda de ingressos fora das bilheterias, pois não há legislação que criminalize a atividade -projeto de lei nesse sentido tramita neste momento no Congresso.
Mas, acrescenta, parcela da culpa é do torcedor. "O grande problema é que a população ainda continua comprando ingresso dos cambistas." (EO E MB)


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