São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2008

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"Acordo" põe Ronaldinho em Pequim

Milan diz que combinação com a CBF, prévia à contratação do meia-atacante, explica tratamento diferenciado dado a ele

Surpreso com a exceção, Kaká questionará dirigentes italianos sobre sua situação em relação aos Jogos, hoje, quando deve chegar à Itália


Alessandro Garofalo/Reuters
Ronaldinho acena para fãs no centro de treinamento do Milan

DA REPORTAGEM LOCAL

O Milan costuma ter regras rigorosas para seus jogadores. E o que vale para um, vale para todos. Pois a contratação de Ronaldinho, que repercutiu em toda a Itália e fez o clube mudar de ares, levou seus dirigentes a quebrarem essa norma.
Logo após a chegada do meia à Itália, a diretoria da equipe anunciou que ele estava liberado para disputar a Olimpíada de Pequim. Isso depois de ter vetado as presenças do lateral italiano Bonera e de Kaká, decisões que foram mantidas -clubes não são obrigados a ceder atletas acima de 23 anos.
"Nós respeitamos o compromisso [com a CBF] que ele fez, anteriormente à transferência para o Milan. Se ele já fosse do clube, ele não teria ido, mas ele só será nosso em uma semana. Então, vamos deixá-lo ir, diferentemente de Bonera e Kaká", afirmou o vice-presidente do Milan, Adriano Galliani.
Estrela do time de Milão, Kaká, 26, ficou surpreso com a notícia. Afinal, anunciou que queria ir aos Jogos e foi vetado.
O jogador pretende questionar os dirigentes do clube italiano para saber se sua situação mudou, hoje, quando está prevista sua chegada à Itália. Mas o clube demonstrou que isso não será alterado, pois adota discursos diferentes para os dois.
Na nota que vetou Kaká nos Jogos, o Milan disse que "pelo simples fato de que o campeão brasileiro faz parte já da seleção principal, o clube rubro-negro não considera justo que Kaká seja convocado para as partidas oficiais da seleção olímpica".
Com Ronaldinho, 28, foi diferente. "[A Olimpíada] Será uma chance de ele chegar às suas condições. Quando voltar, terá um tempo para entrar no nosso mecanismo", explicou o técnico Carlo Ancelloti.
Isso porque Kaká atuou na maior parte da temporada passada em boa forma. Sempre contundido, Ronaldinho jogou pouco pelo Barcelona.
A CBF contava que o agente do gaúcho, Roberto Assis, incluísse a participação de Ronaldinho nos Jogos. Afinal, o empresário tinha dado a palavra ao presidente da confederação, Ricardo Teixeira, de que o jogador estaria na Olimpíada.
Não houve conversa nesse sentido durante a negociação, segundo o empresário do atleta. Mas, depois, o clube aceitou sua liberação para os Jogos.
O Milan, em compensação, conseguiu repercussão dentro da Itália e internacionalmente com a contratação. Tanto que Galliani ressaltou que "os ventos estão mudando", sobre uma reviravolta em favor do clube.
Em sua chegada, Ronaldinho levou 4.000 torcedores ao aeroporto. Todos os jornais italianos deram destaque para ele em suas primeiras páginas.
No aeroporto, Ronaldinho disse que estava "muito feliz" e esperava "divertir as pessoas".
"É verdade. Eu confiava que seria do Milan. Muitas coisas aconteceram, e afinal estou aqui", contou ele, que preteriu o Manchester City, clube que oferecia maior salário a ele e um maior valor ao Barcelona.
O Milan encerrou suas contratações para a temporada 2008/2009. Desistiu assim de Schevchenko, pois afirmou que seria inviável ter ambos.
"Ronaldinho me custou um saco de dinheiro, mas valeu a pena", afirmou o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, que é dono do Milan e se gabou da contratação.


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