São Paulo, sexta-feira, 17 de agosto de 2007

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Corinthians capitaliza ídolo precoce

Conselho de Orientação se reúne para dar aval a saída de Willian por US$ 18 milhões, maior transação realizada pelo time

Em pouco mais de sete meses e 41 jogos, atleta, que só tem dois gols na carreira, passou de promessa a ídolo e esteio do time profissional


PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A proposta de US$ 18 milhões (cerca de R$ 36 milhões) do Shakhtar Donetski pelo meia Willian, que o Corinthians estuda hoje em seu Conselho de Orientação (Cori), representa o valor que o jovem atleta adquiriu rapidamente no clube mais popular do Estado.
Willian, 18, pode se tornar o jogador mais caro da história do clube a ser vendido. E já como ídolo e camisa 10 da equipe do Parque São Jorge, apesar de ainda não ter nem sequer um ano como profissional.
E o patamar alcançado pelo jovem atleta corintiano foi tão alto e meteórico dentro do clube que impressiona, apesar de seu desempenho em campo não ter se traduzido em números tão impressionantes, mas suficientes para transformá-lo em imprescindível e valioso para o clube, que desde o ano passado atravessa seguidas crises dentro e fora de campo.
Com 41 partidas completadas anteontem pelo time profissional, nenhum título conquistado e com apenas dois gols anotados (ambos após 37 jogos), Willian é atualmente o esteio da equipe no Brasileiro.
Com passagem pelas categorias de base da seleção sub-20, Willian está no elenco profissional desde o fim do ano passado, quando começou a ganhar oportunidades. Mas só se firmou como titular -e depois como principal atleta da equipe- após jogadores mais badalados, como o meia Roger, perderem espaço no clube, depois da campanha fraca do time no Campeonato Paulista.
Ganhou a camisa 10 no Brasileiro, competição em que ganhou a confiança da torcida corintiana, de Paulo César Carpegiani e passou a ser visto pela diretoria como fonte de renda.
Os números do Datafolha confirmam a importância do camisa 10 para o time.
Além de ser o maior driblador corintiano na competição (média de quatro por jogo), ele é o segundo jogador mais acionado (com 29,7 bolas recebidas), o que mais faz cruzamentos (7,9) e o líder em assistência (0,5 por duelo).
Já numa visão mais ampliada, o desempenho individual de Willian, de grande relevância para o Corinthians, não tem tanto peso.
O meia não figura entre os destaques do Brasileiro na maioria dos rankings. Salvo sua habilidade para dribles (ele é o quarto jogador do campeonato que mais tenta esse tipo de lance), Willian não aparece entre os cinco primeiros em outros fundamentos.
O jogador, no entanto, é o líder em bolas perdidas, provocado pelo número de vezes que arrisca jogadas individuais mais difíceis. Em média, ele perde a bola dominada nove vezes por partida.
A importância de Willian para o time e sua posição de ídolo relâmpago perante a torcida fizeram a diretoria corintiana tomar a inusitada decisão de dividir a responsabilidade por ter que se desfazer do jogador.
Ao receber a proposta oficial do Shakhtar, o presidente em exercício do Corinthians, Clodomil Orsi decidiu não dar sozinho a palavra final. Pediu o pronunciamento do Cori para se nortear por ele.
A atitude de Orsi, no entanto, não foi bem vista no clube. Conselheiros dão o caso de Willian como exemplo da falta de segurança que o presidente em exercício tem demonstrado desde que assumiu o cargo oficialmente, há onze dias.
Se o Cori disser sim para a venda de Willian, a negociação pode ser concretizada e ele deixar o clube na próxima semana.


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