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Bolt fácil
JAMAICANO , APELIDADO DE RELÂMPAGO , VENCE COM SOBRAS A FINAL DA PROVA MAIS NOBRE DO ATLETISMO, FIRMA NOVO RECORDE MUNDIAL E COMEMORA COM REGGAE
Valery Hache/France Presse
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Com a bandeira da jamaica, Usain Bolt faz reverência ao Ninho de Pássaro
ADALBERTO LEISTER FILHO
FÁBIO SEIXAS
ENVIADOS ESPECIAIS A PEQUIM
O Ninho de Pássaro só ouvia o helicóptero que o sobrevoava e a queima do gás da pira olímpica. Um tiro. E 9s69
depois a prova mais veloz do
atletismo ganhava um novo
recorde mundial, um novo
campeão olímpico, um novo
mito. O som seguinte seria
reggae. Perfeito.
Jamaicano, 21 anos, Usain
Bolt venceu ontem a final dos
100 m em Pequim com 41 passadas e baixou em 0s3 a marca
que ele próprio havia estabelecido em maio. É o primeiro a
correr a distância abaixo de
9s7 e protagonista da décima
quebra do recorde em 20 anos.
Nos metros finais, "Lighting
Bolt", ou relâmpago, apelido
que ganhou quando juvenil,
repetiu a cena das séries eliminatórias. Abriu os braços e festejou, como que para mostrar
que pode ser ainda mais veloz.
Isso numa prova que foi a
mais forte da história. Se não
pelo desempenho de seus rivais diretos, pela força daqueles que chegaram a Pequim como coadjuvantes: 6 dos 8 finalistas cruzaram a linha abaixo
dos emblemáticos 10s, o que
nunca havia acontecido numa
decisão olímpica. Em Atenas-2004, foram cinco.
O segundo colocado foi Richard Thompson, de Trinidad
e Tobago, com 9s89. O americano Dix Walter, com 9s91, fechou o pódio em Pequim.
Tyson Gay e Asafa Powell,
que chegaram ao Ninho dividindo o favoritismo com Bolt,
sucumbiram. O primeiro,
americano, chocou o estádio
ao terminar só em quinto em
sua semifinal e ficar fora da decisão. O segundo, antigo dono
do recorde, foi o quinto na final, a 0s26 do compatriota.
Especialista nos 200 m, Bolt
só decidiu correr os 100 m em
Pequim às vésperas do evento.
Pesou na decisão a pressão
que sofreu após bater o recorde em Nova York, em junho,
quase que acidentalmente.
Como fez com metro a metro
da final, Bolt controlou as eliminatórias da maneira que
quis. Na primeira série, na manhã de sexta, correu os 100 m
em 10s20. Na segunda, sexta à
noite, em 9s92. Ontem, cravou
9s85 na semifinal. Na disputa
do ouro, foi ao céu. E dançou.
Dançou pela pista, abraçou
amigos e desconhecidos, beijou
as sapatilhas douradas, bateu
no peito, fez o sinal da cruz. Posou para fotos ao lado do placar
indicando o recorde. Dando todos os indícios de que em breve
protagonizará cena parecida,
ao som de reggae, em algum outro estádio pelo mundo.
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