São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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Bolt fácil

JAMAICANO , APELIDADO DE RELÂMPAGO , VENCE COM SOBRAS A FINAL DA PROVA MAIS NOBRE DO ATLETISMO, FIRMA NOVO RECORDE MUNDIAL E COMEMORA COM REGGAE

Valery Hache/France Presse
Com a bandeira da jamaica, Usain Bolt faz reverência ao Ninho de Pássaro

ADALBERTO LEISTER FILHO
FÁBIO SEIXAS
ENVIADOS ESPECIAIS A PEQUIM

O Ninho de Pássaro só ouvia o helicóptero que o sobrevoava e a queima do gás da pira olímpica. Um tiro. E 9s69 depois a prova mais veloz do atletismo ganhava um novo recorde mundial, um novo campeão olímpico, um novo mito. O som seguinte seria reggae. Perfeito.
Jamaicano, 21 anos, Usain Bolt venceu ontem a final dos 100 m em Pequim com 41 passadas e baixou em 0s3 a marca que ele próprio havia estabelecido em maio. É o primeiro a correr a distância abaixo de 9s7 e protagonista da décima quebra do recorde em 20 anos.
Nos metros finais, "Lighting Bolt", ou relâmpago, apelido que ganhou quando juvenil, repetiu a cena das séries eliminatórias. Abriu os braços e festejou, como que para mostrar que pode ser ainda mais veloz.
Isso numa prova que foi a mais forte da história. Se não pelo desempenho de seus rivais diretos, pela força daqueles que chegaram a Pequim como coadjuvantes: 6 dos 8 finalistas cruzaram a linha abaixo dos emblemáticos 10s, o que nunca havia acontecido numa decisão olímpica. Em Atenas-2004, foram cinco.
O segundo colocado foi Richard Thompson, de Trinidad e Tobago, com 9s89. O americano Dix Walter, com 9s91, fechou o pódio em Pequim.
Tyson Gay e Asafa Powell, que chegaram ao Ninho dividindo o favoritismo com Bolt, sucumbiram. O primeiro, americano, chocou o estádio ao terminar só em quinto em sua semifinal e ficar fora da decisão. O segundo, antigo dono do recorde, foi o quinto na final, a 0s26 do compatriota.
Especialista nos 200 m, Bolt só decidiu correr os 100 m em Pequim às vésperas do evento.
Pesou na decisão a pressão que sofreu após bater o recorde em Nova York, em junho, quase que acidentalmente.
Como fez com metro a metro da final, Bolt controlou as eliminatórias da maneira que quis. Na primeira série, na manhã de sexta, correu os 100 m em 10s20. Na segunda, sexta à noite, em 9s92. Ontem, cravou 9s85 na semifinal. Na disputa do ouro, foi ao céu. E dançou.
Dançou pela pista, abraçou amigos e desconhecidos, beijou as sapatilhas douradas, bateu no peito, fez o sinal da cruz. Posou para fotos ao lado do placar indicando o recorde. Dando todos os indícios de que em breve protagonizará cena parecida, ao som de reggae, em algum outro estádio pelo mundo.


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