São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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NATAÇÃO

Revezamento põe Phelps no olimpo com oitavo ouro

Nadador americano cumpre façanha e vira maior ganhador de uma única edição dos Jogos Olímpicos

Vitória no 4 x 100 m medley supera um feito que havia assombrado a natação mundial havia 36 anos e que parecia imbatível


MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

Michael Phelps anda até a baliza e joga a toalha. Vira-se e tira a calça. Volta ao bloco e o enxuga com cuidado. Alonga as pernas. Seu nome é anunciado. Ele tira o casaco e os fones de ouvido, que o distraem. Pára ao lado do bloco de largada, apóia o pé. Balança os braços para relaxar os músculos. Sobe na baliza, abaixa-se, gira os braços atrás das costas. Larga.
O mesmo ritual foi cumprido pelo nadador (completo ou em partes) oito vezes na piscina do Cubo d'Água, em Pequim. Em todas elas, quando ergueu a cabeça ao fim da prova e mirou o placar, seu nome ou o de sua equipe estavam em primeiro.
Phelps repetiu o script ontem pela última vez nos Jogos de Pequim, a mais importante. Com a vitória no revezamento 4 x 100 m medley, superou um feito que havia assombrado a natação mundial havia 36 anos e parecia imbatível.
O norte-americano de 23 anos se tornou o atleta com maior número de medalhas de ouro em uma mesma edição olímpica. Como prêmio, ganhou uma medalha especial. O primeiro e único a atingir o feito havia sido seu compatriota Mark Spitz, em Munique-72.
Ao ver Phelps faturar o sétimo ouro, o ex-nadador já havia reconhecido a magnitude do feito. "Creio que pode ser classificado como o maior atleta olímpico de todos os tempos."
Pode mesmo. Com o ambicioso programa que traçou para Pequim, o nadador atingiu 14 ouros olímpicos e se tornou, disparado, o maior vencedor da história. A marca anterior era de nove títulos nos Jogos.
"A coisa mais importante é saber que nada é impossível, que basta imaginar. Eu realmente queria fazer alguma coisa que ninguém tivesse feito antes no esporte", falou Phelps, já na madrugada de hoje.
E ele não fez pouco. Também é o homem com maior número de medalhas em Olimpíadas, 16, superando o ginasta da extinta URSS Nikolai Andrianov. A recordista é Larisa Latynina, com 18, metade delas de ouro.
Para chegar ao feito inédito, Phelps nadou 3.300 metros em 17 eventos. Em sete deles, teve performances avassaladoras, todas com a marca de novos recordes mundiais, igualando Spitz em Munique-1972 -venceu os 400 m medley, o 4 x 100 m livre, os 200 m livre, os 200 m borboleta, o 4 x 200 m livre, os 200 m medley, os 100 m borboleta e o 4 x 100 m medley.
No revezamento 4 x 100 m livre, teve a ajuda da mesma equipe que havia levado o bronze em Atenas-2004 e frustrado seus planos. Naqueles Jogos, Phelps conquistou seis ouros e dois terceiros lugares.
Ontem coube a Phelps, que largou para o borboleta em terceiro, levar a equipe à liderança, confirmada pelo companheiro Jason Lezak no crawl.
Nos 100 m borboleta, foi a vez de Phelps vencer na última braçada o sérvio Milorad Cavic, por 0s01. Os sérvios protestaram contra o resultado, mas Phelps foi confirmado vencedor. Nessa disputa, o fenômeno das piscinas também conseguiu bater o recorde olímpico.
Estrela dos Jogos, o nadador chegou a Pequim dizendo que não queria ser o segundo Mark Spitz. Fica na história como o primeiro Michael Phelps.


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