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NATAÇÃO
Revezamento põe Phelps no olimpo com oitavo ouro
Nadador americano cumpre façanha e vira maior ganhador de uma única edição dos Jogos Olímpicos
Vitória no 4 x 100 m medley supera um feito que havia assombrado a natação mundial havia 36 anos
e que parecia imbatível
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM
Michael Phelps anda até a
baliza e joga a toalha. Vira-se e
tira a calça. Volta ao bloco e o
enxuga com cuidado. Alonga as
pernas. Seu nome é anunciado.
Ele tira o casaco e os fones de
ouvido, que o distraem. Pára ao
lado do bloco de largada, apóia
o pé. Balança os braços para relaxar os músculos. Sobe na baliza, abaixa-se, gira os braços
atrás das costas. Larga.
O mesmo ritual foi cumprido
pelo nadador (completo ou em
partes) oito vezes na piscina do
Cubo d'Água, em Pequim. Em
todas elas, quando ergueu a cabeça ao fim da prova e mirou o
placar, seu nome ou o de sua
equipe estavam em primeiro.
Phelps repetiu o script ontem pela última vez nos Jogos
de Pequim, a mais importante.
Com a vitória no revezamento
4 x 100 m medley, superou um
feito que havia assombrado a
natação mundial havia 36 anos
e parecia imbatível.
O norte-americano de 23
anos se tornou o atleta com
maior número de medalhas de
ouro em uma mesma edição
olímpica. Como prêmio, ganhou uma medalha especial. O
primeiro e único a atingir o feito havia sido seu compatriota
Mark Spitz, em Munique-72.
Ao ver Phelps faturar o sétimo ouro, o ex-nadador já havia
reconhecido a magnitude do
feito. "Creio que pode ser classificado como o maior atleta
olímpico de todos os tempos."
Pode mesmo. Com o ambicioso programa que traçou para
Pequim, o nadador atingiu 14
ouros olímpicos e se tornou,
disparado, o maior vencedor da
história. A marca anterior era
de nove títulos nos Jogos.
"A coisa mais importante é
saber que nada é impossível,
que basta imaginar. Eu realmente queria fazer alguma coisa que ninguém tivesse feito
antes no esporte", falou Phelps,
já na madrugada de hoje.
E ele não fez pouco. Também
é o homem com maior número
de medalhas em Olimpíadas,
16, superando o ginasta da extinta URSS Nikolai Andrianov.
A recordista é Larisa Latynina,
com 18, metade delas de ouro.
Para chegar ao feito inédito,
Phelps nadou 3.300 metros em
17 eventos. Em sete deles, teve
performances avassaladoras,
todas com a marca de novos recordes mundiais, igualando
Spitz em Munique-1972 -venceu os 400 m medley, o 4 x 100
m livre, os 200 m livre, os 200
m borboleta, o 4 x 200 m livre,
os 200 m medley, os 100 m borboleta e o 4 x 100 m medley.
No revezamento 4 x 100 m livre, teve a ajuda da mesma
equipe que havia levado o bronze em Atenas-2004 e frustrado
seus planos. Naqueles Jogos,
Phelps conquistou seis ouros e
dois terceiros lugares.
Ontem coube a Phelps, que
largou para o borboleta em terceiro, levar a equipe à liderança, confirmada pelo companheiro Jason Lezak no crawl.
Nos 100 m borboleta, foi a
vez de Phelps vencer na última
braçada o sérvio Milorad Cavic,
por 0s01. Os sérvios protestaram contra o resultado, mas
Phelps foi confirmado vencedor. Nessa disputa, o fenômeno
das piscinas também conseguiu bater o recorde olímpico.
Estrela dos Jogos, o nadador
chegou a Pequim dizendo que
não queria ser o segundo Mark
Spitz. Fica na história como o
primeiro Michael Phelps.
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