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"Estou bem, mas não 100%", diz Massa
Em sua casa, piloto dá a primeira entrevista após o grave acidente sofrido no treino para o GP da Hungria
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma gargalhada quebra o silêncio no amplo salão de festas
do apartamento de Felipe Massa na zona sul de São Paulo.
Autor da risada, o piloto da
Ferrari entra pela porta principal da sala acompanhado pela
mulher, Raffaela, e por Stefano
Domenicali, chefe da equipe,
que fez uma visita de última hora -chegou ontem pela manhã
e iria embora à noite.
"E aí?", pergunta Massa, sorridente, ao chegar para a primeira entrevista depois do grave acidente que sofreu no treino de classificação para o GP da
Hungria, há exatos 24 dias, dos
quais dez passou internado no
Hospital Militar de Budapeste.
Daquele sábado, o piloto tem
poucas recordações. A maior
delas exibe acima do olho esquerdo, local atingido pela mola que se soltou do carro de Rubens Barrichello. Uma cicatriz
grossa, ainda vermelha, que vai
de cima da sobrancelha até a
têmpora. Os pontos já não existem mais, mas as marcas ficaram. Sete em cima e outras sete
abaixo do corte. A pálpebra ainda permanece um pouco inchada, e a parte inferior do olho está ligeiramente roxa. E só.
"Estou me sentindo normal.
Não posso fazer exercício ainda
porque os médicos dizem que
esse é o jeito mais rápido de eu
melhorar", explica Massa, que
voltou ao Brasil há duas semanas e tem gastado seu tempo na
frente da TV, do computador e
agora brincando com o "Guitar
Hero", jogo de videogame que
ganhou do amigo Barrichello.
"Eu até consegui tocar uma
música, mas é bem difícil. Como não sou de comer muito, tenho me alimentado normalmente para tentar manter o peso e fico fazendo essas coisas,
que são legais, mas não quando
você as faz por muito tempo."
A noção de tempo aliás, é algo
a que Massa tem tentado se
readaptar. Acostumado com
velocidade, sabe que, agora,
precisa ter calma. Não só para
se recuperar totalmente como
também para suportar a ideia
de ainda não ter uma previsão
de quando poderá pilotar.
"Não sei dizer quando vou
correr de novo. Sinto-me bem,
mas não sei se conseguiria
guiar um carro de F-1 por causa
da vibração", disse o ferrarista,
com sua camiseta polo branca
com o pequeno cavalinho vermelho de sua equipe no peito.
"Às vezes mexo a cabeça para
ver como estou me sentindo, e
me sinto bem. Mas sinto um
pouco a cicatriz ainda e sei que
não estou 100%. Estou muito
bem, melhorei muito e, para
mim, estou chegando perto,
mas ainda não estou 100%."
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