São Paulo, terça-feira, 17 de agosto de 2010

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Desalojados

Com Mineirão em obras, Cruzeiro e Atlético-MG têm renda de time pequeno e devem perder mais de R$ 12 milhões só no Brasileiro

Cristiano Trad 09.ago.10/'O Tempo'/Folhapress
Funcionários trabalham no rebaixamento do Mineirão

PAULO COBOS
DE SÃO PAULO

Atlético-MG e Cruzeiro são os primeiros clubes brasileiros a perder dinheiro com a Copa do Mundo de 2014.
Tradicionais campeões de público -ambos estão bem acima da média geral da bilheteria do Brasileiro-, os rivais de Belo Horizonte viram o número de ingressos vendidos despencar depois que o Mineirão, a casa dos dois, foi fechado para uma reforma que vai, ao menos, até 2012.
Apelando a modestas arenas em Sete Lagoas e Ipatinga, o Atlético-MG tem uma média de só 6.500 pagantes nos jogos pós-fechamento do Mineirão, ou quase um quarto da sua média geral nos pontos corridos, marca que, isolada, seria a terceira pior da edição 2010 do Nacional.
O Cruzeiro, nos mesmos estádios, registra média de 7.800 pagantes, ou menos da metade da sua marca geral desde 2004. A diretoria do clube tem até uma estimativa do dinheiro que vai deixar de ganhar até o final deste ano com o Mineirão fechado -de hoje até dezembro, serão pelo menos R$ 6 milhões.
Os arquirrivais concordam que a situação é difícil.
"Todo mundo sabia que não teríamos o Mineirão por muito tempo. Mas nós, do Atlético, fomos incompetentes. Não nos preparamos para a situação", declarou Alexandre Kalil, o presidente do clube, que no jogo contra o seu xará de Goiás, em Sete Lagoas, vendeu pouco mais de 3.000 entradas.
Kalil diz que tem uma saída para as arquibancadas vazias. "Precisamos resolver o assunto. Temos que ir atrás de empresários, da iniciativa privada", afirma o cartola, com o plano de fazer as empresas adquirirem entradas e as distribuírem a torcedores.
"Se essa situação continuar no ano que vem, e estivermos classificados para a Libertadores, será uma tragédia", afirma Valdir Barbosa, o gerente de futebol cruzeirense. O dirigente diz que o rombo por causa das bilheterias é ainda mais dramático nestes tempos em que, segundo ele, os clubes europeus estão dispostos a pagar pouco por atletas brasileiros.
Se concordam sobre penúria, os clubes não concordam sobre o estádio de Sete Lagoas, a Arena do Jacaré, que, mesmo com capacidade para pouco mais de 10 mil pessoas, nunca encheu neste Brasileiro, tanto que acabou colocada em segundo plano.
"A Arena do Jacaré é só um pouquinho pior do que o Pacaembu. O único problema é que é longe", afirma Kalil. Segundo o dirigente, partiu da comissão técnica a decisão de ir para Ipatinga.
Avaliação bem menos camarada com a arena tem Barbosa, o gerente cruzeirense.
"A Arena do Jacaré não oferece boas condições", diz ele. "São 80 km de Belo Horizonte até lá, um acidente na estrada pode complicar o trânsito e nos finais de semana é difícil arrumar hotel."


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