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HIPISMO
Doda cita acordo e afirma que ele e Bernardo Resende saltarão em Atenas
Para companheiro, Pessoa não tem vaga na Olimpíada
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um suposto acordo feito entre
os cavaleiros que conquistaram as
duas vagas do Brasil para Atenas-2004 e a Confederação Brasileira
de Hipismo pode tirar Rodrigo
Pessoa dos Jogos Olímpicos.
Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, afirma que o presidente da CBH, Camillo Ashcar Júnior,
prometeu que as vagas são sua e
de Bernardo Rezende. Salvo desistências, iriam a Atenas os cavaleiros que garantiram as vagas durante o Pan de Santo Domingo.
Nesse cenário, Rodrigo Pessoa,
o cavaleiro mais premiado do
Brasil e sétimo no ranking da FEI
(Federação Equestre Internacional), ficaria fora da Olimpíada.
A entidade confirmou ontem
que as duas vagas seriam o único
passaporte de brasileiros para
Atenas, pois não haverá convites.
Pessoa sugere que seja feita uma
seletiva para distribuir as vagas.
O departamento técnico da
CBH, por sua vez, apresenta uma
terceira opção, que contradiz a
versão de Doda, ao explicar que o
critério para a seleção dos conjuntos ainda não foi definido.
"O Camillo [Ashcar] disse logo
depois de obtermos as vagas
olímpicas, ainda em Santo Domingo e em público, que quem as
conquistou é que seria seu dono.
Ele entendeu que quem estava lá
se sacrificou, teve de abrir mão de
muita coisa. É por isso que não vai
haver seletiva", diz Doda, que é o
221º no ranking mundial. Resende ocupa hoje a 80º colocação.
A Folha apurou que atletas planejavam questionar a CBH à época do Pan sobre a presença em
Atenas de quem obtivesse as vagas. Procurado pela reportagem
ontem à tarde em seu escritório e
em sua residência, Ashcar não foi
encontrado e nem ligou de volta.
Doda diz que a ida de Pessoa aos
Jogos estaria condicionada à situação dos demais conjuntos.
"Se houver problemas, se alguém estiver sem cavalo na época
da Olimpíada, pode desistir e
abrir vaga. Isso vai depender de
conversa, mas nem precisa ter seletiva, pois somos amigos, só dependeria de uma conversa. Mas se
eu estiver como hoje, com montaria nova, de primeiro mundo [Ski,
de oito anos], não abriria mão da
minha vaga", completa Doda.
Pessoa acredita que há um mal-entendido, lembrando que as vagas conquistadas no Pan são do
país, não dos cavaleiros.
"É a confederação que decide
quem enviar, é ela que escolhe os
critérios. Uma seletiva seria o
mais correto. Quero apenas uma
oportunidade, como os outros.
Não quero vaga automática por
causa de meu passado ou de minha condição atual. Mas se a confederação me desse a vaga sem seletiva, não iria recusá-la."
Pessoa disse que até já havia falado sobre seletivas olímpicas
com Ashcar e que este "havia explicado a situação de outra forma", mas, em um segundo contato, recuou e só afirmou crer que
seu argumento é o mais lógico.
Para Antonio Eduardo Alegria,
diretor técnico da CBH, ainda é
muito cedo para definições.
Ele não confirma as supostas
afirmações de Ashcar a Doda.
"Falta muito tempo para a
Olimpíada, tem muita coisa para
rolar ainda. Por isso não tem nada
decidido ainda [quanto aos critérios de seleção], se vai ser por uma
seletiva ou por resultados recentes", explica Alegria.
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