São Paulo, quinta-feira, 17 de setembro de 2009

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ANÁLISE

A fábula terminou, e todos viraram sapos

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

O episódio do GP de Cingapura de 2008 é pior que a batida de Prost em Senna em 1989. É pior que o revide do brasileiro em 1990. É pior que o choque de Schumacher em Villeneuve em 1997. É pior que a marmelada do GP da Áustria de 2002.
É mais baixo que tudo isso porque envolve mentira, dissimulação, engodo. E covardia.
Nas entrevistas após aquela prova, Nelsinho "explicou" o acidente. "Belisquei o muro um pouco demais." Briatore, ator canastrão, xingou o brasileiro via rádio após o choque: "Ele não é piloto". Symonds simulou espanto. "Acho que foi na 17", disse, como se não tivesse instruído-o a bater naquela curva, desprovida de guindaste.
Nas polêmicas anteriores, resgatadas pelas rodinhas de conversa nas últimas semanas, o torcedor pode ter vibrado, se irritado, chutado a mesinha de centro diante da TV, perpetrado vaias nas arquibancadas dos autódromos. Mas não se sentiu otário, enganado. Os vilões se revelaram por inteiro, na hora, para quem quisesse julgar.
Mais: de Prost a Schumacher, todos os envolvidos tinham muito a ver com a história. Eram rivais, eram companheiros, eles que se entendessem.
O choque de Nelsinho no muro mexeu com um monte de gente que não tinha nada a ver com aquilo. Antes da batida, Massa liderava. Na bandeirada, foi 13º. Sim, Massa, aquele que perdeu o título por um ponto.
Nesta fábula, acreditaríamos todos até o fim dos tempos não fosse a guerra entre Piquet pai e Briatore detonada com a demissão de Piquet filho. Guerra que fez a fábula virar realidade, que tornou o final feliz um desfecho dos mais melancólicos.
Até nisso, Cingapura é pior. Desta vez, ninguém se deu bem, não há mártires nem príncipes.
Todos viraram sapos.



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