São Paulo, sábado, 17 de setembro de 2011

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Quem faz

Em visita ao Mineirão, que tem operários parados, presidente Dilma diz que greve é uma forma de manifestação e deve ser enfrentada normalmente

BERNARDO ITRI
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
PAULO PEIXOTO
DE BELO HORIZONTE

Recepcionada com uma greve geral nas obras do Mineirão, a presidente Dilma Rousseff considerou normal a paralisação. "O Brasil, como um país democrático, tem que enfrentar a greve normalmente. É uma forma de manifestação", afirmou à Folha.
Ontem, a paralisação dos operários começou às 6h, quando eles chegavam para trabalhar. Com um carro de som, líderes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de BH e Região (Marreta) pediram para os funcionários não entrarem na obra e criticaram a ida de Dilma ao estádio.
Às 10h55, a presidente chegou ao Mineirão, mas entrou no canteiro pelo lado oposto ao dos manifestantes.
Eram cerca de 200 trabalhadores parados e, segundo a Polícia Militar, não houve tumulto.
Do lado de fora, os operários repetiam gritos das torcidas de Atlético-MG e Cruzeiro: "O Mineirão é nosso!".
Do lado de dentro, os funcionários também estavam sem trabalhar. Cerca de 1.300 reconstroem o estádio.
"Acho que é uma greve oportunista, em função do evento [a visita de Dilma]. Só posso entender dessa forma, uma vez que está sendo tudo rigorosamente cumprido como o combinado", disse Ricardo Barra, presidente do consórcio Minas-Arena.
A empresa recorreu à Justiça, afirmando ser ilegal a greve. Em junho, após paralisação de cinco dias, houve acordo com os operários que aumentou os salários em 4% e gerou outros benefícios, como alimentação e saúde.
"Entramos com um mandado de segurança na Justiça, porque não temos o que fazer agora. Tudo o que devia ser feito já foi feito", afirmou Barra, que espera que a greve acabe até segunda e que a Justiça a considere ilegal.
O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada, ao qual os operários da arena estão ligados, não apareceu no estádio pelo segundo dia consecutivo.
O presidente do Marreta, sindicato que convocou a paralisação ontem, Osmir Venuto, tachou de "omisso" o sindicato concorrente.
A reivindicação é que oficiais de obra (pedreiros, carpinteiros, ceramistas) ganhem como os de São Paulo (R$ 1.150, contra os atuais R$ 963 pagos na arena) e recebam R$ 160 de cartão alimentação, como é pago no Rio (contra os R$ 60 atuais).
O consórcio Minas-Arena disse não ter recebido nenhuma reivindicação dos funcionários e que desconhece os pedidos do sindicato.


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