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FUTEBOL
Autores de disparos que mataram um e feriram outro são desconhecidos
Polícia investiga se briga foi agendada pela internet
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil investiga a participação de sites palmeirenses e
corintianos na confusão de ontem, na estação Tatuapé do metrô
e CPTM (Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos), que resultou na morte de Diogo Lima Borges, 23, sócio da Mancha Alviverde, vítima de um tiro no abdome.
O delegado Luiz Carlos do Carmo, titular da 5ª Seccional (da região Leste), está convencido de
que o confronto foi premeditado
por meio dos sites. "Ouvimos algumas pessoas que afirmaram terem interagido em sites, marcando horário para o confronto", disse o delegado. "Essa briga foi toda
planejada nos sites em resposta a
outra confusão ocorrida há um
mês na Radial Leste", completou.
A investigação faz parte do inquérito que apura crime de rixa
qualificada com o agravante de
homicídio e lesões corporais.
O tumulto generalizado entre
membros da Mancha Alviverde e
pessoas com o uniforme da Gaviões da Fiel começou por volta de
12h30, segundo a CPTM, próximo
às catracas de embarque para os
trens no metrô Tatuapé, que fica
anexo a um shooping center.
Borges foi levado com vida ao
Hospital Tatuapé, mas não resistiu ao ferimento e morreu. "Ele
pedia: "não me deixa morrer" e "eu
quero ver meu pai'", disse o cabo
da Polícia Militar, Milton Batista.
Outro baleado também é membro da Mancha Alviverde. Olival
Manoel Tibúrcio Júnior, 23, levou
um tiro no ombro direito. Ele não
corre risco de morte. "Não gosto
de briga, mas se a Gaviões vier
provocar novamente vai ter confusão", disse seu irmão, o balconista Alexandre, 28, que esperava
notícias no pronto-socorro e estava trabalhando na hora da briga.
Ainda há uma terceira vítima,
não identificada, com traumatismo craniano, que seria um corintiano. Pelo menos mais seis pessoas deram entrada no hospital,
feridas durante a confusão. A
maioria apresentava escoriações
por pauladas na cabeça, socos e
pontapés nas pernas e costas.
Segundo o promotor da cidadania de SP, Fernando Capez, a
Mancha Alviverde e a Gaviões podem ser extintas caso as investigações comprovem a participação
de diretores das organizadas no
tumulto ou se houve premeditação. Eles agora serão chamados a
prestar esclarecimentos na polícia.
Os autores dos disparos ainda
não foram identificados pela polícia, que deteve 54 pessoas suspeitas de participar da briga, todas
com ingressos para o jogo. Destes,
24 eram da Mancha Alviverde e
27 da Gaviões. Todos seriam submetidos a exames residuográficos
para detectar vestígios de pólvora
nas mãos. Eles seriam submetidos
também a exames de DNA. Depois disso, seriam liberados.
A polícia vai pedir imagens da
CPTM para tentar identificar os
suspeitos. Foram apreendidas 12
barras de ferro, sete rojões, oito
bombas caseiras e bola de bilhar.
O pai da vítima fatal, o autônomo Marcos Tadeu Borges, 49, estava com o filho no momento da
confusão. "Ele morava em Bragança Paulista com a mãe e a irmã. Também sou palmeirense e
iria ver o jogo com ele", disse.
"Viemos de trem de São Miguel e
na estação Tatuapé teve a confusão. Centenas de corintianos deram de 20 a 30 tiros no metrô.
Meu filho estava sem uniforme e
acho que não me bateram por
causa da minha idade. Era pessoal
da Gaviões."
Um funcionário da CPTM, que
preferiu não se identificar, disse
que viu cenas de guerra e que os
corintianos pularam as catracas,
começaram a disparar tiros, jogar
bombas e acertaram usuários.
No Morumbi, um palmeirense
perdeu parte de três dedos ao tentar atirar uma bomba caseira nos
torcedores do Corinthians.
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