São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002

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PINGUE-PONGUE

Belluzzo propõe acordo para a troca de poder

DA REPORTAGEM LOCAL

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, 60, é o homem que fará, "enquanto estiver vivo", a sombra de oposição a Mustafá Contursi no Palmeiras.
Belluzzo, que pretende ser candidato à presidência do clube pela chapa "Muda Palmeiras" nas eleições marcadas para janeiro do ano que vem, propõe uma sucessão "acordada" no clube.
Um dos idealizadores do contrato de parceria firmado com a Parmalat, no início dos anos 90, Belluzzo afirma que o principal pecado da atual diretoria foi não saber retomar a administração do clube do Parque Antarctica depois da saída da multinacional italiana. (EAR E LR)

Folha - Por que o Palmeiras deixou de ser competitivo?
Luiz Gonzaga Belluzzo -
Mais do que nunca isso depende da capacidade de planejamento, sobretudo de montagem de time. Hoje você precisa ter uma equipe de profissionais que te ajude a montar um time e antecipe a reposição de peças.

Folha - A crise palmeirense fez crescer uma oposição que estava dormente no clube?
Belluzzo -
Isso tem a ver com uma concepção equivocada de administração que vem me incomodando há pelo menos três anos. Perguntaram-me por que eu iria apresentar minha candidatura agora. É como se você tivesse um grupo de pessoas intocáveis lá. Evidentemente há resistência e, francamente, essa é uma concepção de clube assustadora.

Folha - Mas a oposição só vem ganhando força neste ano. Até então a atual diretoria não sofria nenhuma resistência.
Belluzzo -
É verdade. Nós deveríamos ter nos manifestado quando ele [Mustafá Contursi" mudou o estatuto para afastar o Seraphim [del Grande, ex-vice-presidente de futebol, afastado em 1996". Aquilo foi um verdadeiro golpe. Foi um acordo, e eu mesmo me calei. Fiz errado, muito errado.

Folha - No aspecto administrativo, qual foi o maior pecado da atual diretoria do Palmeiras?
Belluzzo -
Acho que o principal problema foi a transição da Parmalat-Palmeiras para administração do Palmeiras de novo. Esse foi o grande erro. O clube não se preparou para essa mudança. O Mustafá ganhou de mão beijada a parceria com a Parmalat, mas praticamente você não tem mais vestígios da passagem da Parmalat pelo Palmeiras. Qualquer palmeirense sabe que o tempo inteiro houve uma hostilidade com a Parmalat. Fizeram força para a Parmalat sair do clube. Poderia ter sido uma parceria mais frutífera.

Folha - Existe a possibilidade de o Palmeiras, sem parceiro forte, voltar a disputar títulos?
Belluzzo -
Eu acho que sim, mesmo sem um parceiro como a Parmalat, porque isso foi uma exceção no futebol brasileiro. Não houve nenhum caso semelhante. Acho que temos a mesma possibilidade de outras equipes. O Palmeiras é um clube que tem um potencial enorme a ser explorado economicamente. Com os recursos que estão disponíveis, é possível fazer uma administração mais eficiente e encontrar patrocínios pontuais. Se você tiver um programa de marketing bem feito, que valorize o clube.

Folha - O torcedor, então, terá papel importante no clube...
Belluzzo -
Eu passei como assessor do Ulisses Guimarães fazendo luta política por 20 anos. Eu não sei se terei mais 20 anos para passar. Entretanto, enquanto eu estiver vivo, tenho de ficar na oposição. Eu acho que seria mais sensato que o Palmeiras mudasse, de maneira inteligente, atendendo ao apelo da comunidade, de seus torcedores, dos sócios do clube. Isso poderia ser feito de uma maneira acordada. Não tive medo dos militares, também não vou ter medo deles [da situação].


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