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São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2003

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VÔLEI

Missão cumprida

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

A Copa do Mundo não mostrou mistérios: China, Brasil e Estados Unidos ficaram com as vagas para Atenas. Argentina e Cuba estão sorrindo à toa: agora são as favoritas nos Pré-Olímpicos continentais. O resultado não foi bom para as européias. Itália e Rússia vão ter uma batalha dura para irem à Olimpíada.
Quem acompanhou o torneio deve ter ficado com uma questão: pelo tanto que evoluiu na reta final, será que as brasileiras conseguiriam bater as chinesas se o jogo tivesse sido na última rodada, e não na abertura da competição?
Independentemente da resposta, há uma certeza: a Copa do Mundo, que é disputada em turno único, começou de trás para a frente. O primeiro jogo foi a grande final. Nas duas últimas colunas, afirmei que o Brasil, pelo que estava jogando nas primeiras rodadas, ainda teria que treinar muito para vencer as chinesas.
Ainda apostaria minhas fichas na China, mas não mais com tanta certeza. O Brasil, que está sendo comandado pelo técnico José Roberto Guimarães há cerca de apenas três meses, era um mistério não só para os adversários, mas para quem acompanha vôlei: o time ainda não tinha passado por grandes testes.
A Copa do Mundo teve um jogo divisor de águas para o Brasil: a vitória sobre a República Dominicana. A seleção estava perdendo por 2 sets a 1 no jogo e por 24 a 23 no quarto set. Naquele momento, uma derrota complicaria as chances brasileiras. Com uma sequência incrível de defesas, o time virou o set e a partida.
A seleção ainda teve um jogo complicado contra Cuba. Mas, depois disso, superou a irregularidade e se acertou. Ou melhor: acertou o saque e, por consequência, o bloqueio passou a dar show. Quem diria: Valeskinha, de 1,80 m, foi a melhor bloqueadora do torneio. Walewska ficou em quinto nesse fundamento.
O que mais impressionou na seleção foi a defesa, liderada pela Arlene, a líbero mais eficiente da Copa. O certo é que está difícil de a bola cair na quadra brasileira. E você sabe: quando a defesa funciona, o time pode contra-atacar. E essa foi uma arma poderosa do Brasil nos últimos jogos.
Para Atenas, o técnico José Roberto ainda terá que resolver uma grande questão: quem será a oposto titular? Bia viajou como titular por causa das contusões de Leila e Elisângela. Na Copa, ela se machucou e Raquel, de 1,91 m, assumiu a vaga: jogou bem e ainda mostrou um saque poderoso.
Pelo porte físico, Raquel seria a ideal, mas, assim como Elisângela, ela tem um histórico de irregularidade: alterna grandes jogos com alguns complicados. Se bem que, na Copa, Raquel pareceu bem mais segura e manteve a regularidade. Se continuar assim, será uma boa alternativa.
O torneio masculino começou ontem com uma grande atuação do Brasil na vitória por 3 a 0 sobre a Coréia. O que mais chamou a atenção foram as jogadas rápidas do fundo de quadra de Giovane, que começou como titular no lugar de Giba. A seleção pega hoje a França e, na quinta, encara a Itália, uma das favoritas na luta por uma das três vagas para Atenas.

400 jogos
O confronto hoje diante da França é especial para o atacante Giovane. Ele vai completar 400 partidas com a camisa da seleção. Com 33 anos, o jogador tem os dois principais títulos da história do vôlei brasileiro: foi campeão olímpico em 1992, nos Jogos de Barcelona, e campeão mundial em 2002, na Argentina.

A festa
Místico e supersticioso, o técnico José Roberto Guimarães teve ao seu lado, durante a Copa do Mundo, as imagens de seus dois santos protetores: São Tiago e Santa Edwiges. Nos Jogos de Barcelona, quando dirigiu a seleção masculina na conquista do título olímpico, ele levou Santa Edwiges. Desta vez, ele também carregou São Tiago, de quem se tornou seguidor após a caminhada que fez neste ano na Espanha.

E-mail cidasan@uol.com.br


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