São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Médica diz que Rebeca foi vítima de falhas

Renata Castro afirma que, por apontar erros de 2006, agora é alvo de fofoca

Especialista contratado pela defesa da nadadora para assistir à análise da amostra B também vê problemas nos testes feitos durante o Pan


ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Rebeca Gusmão foi vítima de falhas em exame antidoping. E, por ter apontado tais erros, Renata Castro se tornou alvo.
Estas são as explicações da ex-médica da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos para o fato de ter seu nome envolvido no escândalo de fraude nos testes do Pan do Rio.
"Na tentativa de evitar que uma atleta fosse punida pela aparência, participei da defesa da Rebeca no caso de 2006. Parece que o fato de eu ter apontado tais falhas incomodou muitas pessoas e, por isso, tentam me implicar neste caso atual, com mentiras e fofocas nos bastidores", afirmou a médica à Folha, por e-mail, de Madri.
Gerente de controle antidoping do Pan, Renata saiu da CBDA assim que foi divulgada a presença de dois DNAs em amostras de urina da nadadora colhidas nos Jogos do Rio.
Em um dos testes, a médica estava com Rebeca. No outro, uma voluntária diz ter sido impedida de acompanhar a atleta. Segundo especialistas, porém, o procedimento foi correto.
O erro no teste de Rebeca teria ocorrido em 2006. Ela teve detectada alteração nos níveis de testosterona em urina colhida no Brasil e analisada em Montréal (CAN). O laboratório teria indicado as alterações apesar de constatar que duas amostras estavam degradadas.
"Por não ser parte do processo, não acho adequado comentar as falhas que ocorreram no exame de 2006. Por enquanto, é isso que posso responder. Não acobertei caso de doping e muito menos fui a causa de tudo isso", escreveu a médica.
Na ocasião, Rebeca não foi nem sequer suspensa preventivamente pela Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos. A Federação Internacional de Natação, no entanto, teria solicitado sua punição. O caso passou, então, a ser discutido entre as entidades.
O julgamento pela Corte de Arbitragem do Esporte só deverá acontecer no ano que vem.
Procurado pela Folha, o presidente da CBDA, Coaracy Nunes, não foi encontrado.
Um brasileiro já foi vítima de erro em Montréal. Antes de Sydney-2000, Sanderlei Parrela, do atletismo, testou positivo para nandrolona. Mas relatório científico do toxicologista americano David Black apontou que a urina estava degradada e, por isso, acusou nível anormal do hormônio. Parrela foi inocentado e correu na Olimpíada.
Segundo Gisliene Hesse, empresária de Rebeca, a atleta falará novamente na semana que vem, após seus advogados definirem a estratégia de defesa.
A defesa nomeou o médico cubano radicado no Brasil José Blanco Herrera para assistir à análise da amostra B de Rebeca em Montréal. Ela testou positivo em 13 de julho. Antes, Renata viajaria com a atleta.
Herrera trabalhou no antidoping das Olimpíadas de Moscou, Los Angeles, Seul, Barcelona e Atlanta. Para ele, há irregularidades nos testes que põem Rebeca na berlinda -ela pode ser banida do esporte se tiver mais de uma condenação.
"No caso de 2006, não é procedimento normal que ele ainda não tenha sido concluído."
O cubano também vê falhas no Pan. Segundo o Ladetec, laboratório que fez os exames, algumas amostras dificultavam a análise. Todas foram negativas. "Se as urinas estavam muito diluídas, não deveriam ter sido aceitas pelo controle."
E o teste de DNA demorou muito a ser pedido. "Se havia alguma suspeita na época do Pan, por que pediram esse teste só agora?", questionou.
Segundo Eduardo de Rose, chefe do antidoping dos Jogos, a análise foi pedida ao laboratório Sonda, da UFRJ, na época dos Jogos. Mas os resultados só saíram na semana passada.
Para ele, porém, não é possível que uma amostra degradada resulte em um falso positivo. "Isso não ocorre no caso de esteróides anabólicos."


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