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Médica diz que Rebeca foi vítima de falhas
Renata Castro afirma que, por apontar erros de 2006, agora é alvo de fofoca
Especialista contratado pela
defesa da nadadora para assistir à análise da amostra B também vê problemas nos testes feitos durante o Pan
ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Rebeca Gusmão foi vítima de
falhas em exame antidoping. E,
por ter apontado tais erros, Renata Castro se tornou alvo.
Estas são as explicações da
ex-médica da Confederação
Brasileira de Desportos Aquáticos para o fato de ter seu nome
envolvido no escândalo de
fraude nos testes do Pan do Rio.
"Na tentativa de evitar que
uma atleta fosse punida pela
aparência, participei da defesa
da Rebeca no caso de 2006. Parece que o fato de eu ter apontado tais falhas incomodou muitas pessoas e, por isso, tentam
me implicar neste caso atual,
com mentiras e fofocas nos
bastidores", afirmou a médica à
Folha, por e-mail, de Madri.
Gerente de controle antidoping do Pan, Renata saiu da
CBDA assim que foi divulgada
a presença de dois DNAs em
amostras de urina da nadadora
colhidas nos Jogos do Rio.
Em um dos testes, a médica
estava com Rebeca. No outro,
uma voluntária diz ter sido impedida de acompanhar a atleta.
Segundo especialistas, porém,
o procedimento foi correto.
O erro no teste de Rebeca teria ocorrido em 2006. Ela teve
detectada alteração nos níveis
de testosterona em urina colhida no Brasil e analisada em
Montréal (CAN). O laboratório
teria indicado as alterações
apesar de constatar que duas
amostras estavam degradadas.
"Por não ser parte do processo, não acho adequado comentar as falhas que ocorreram no
exame de 2006. Por enquanto,
é isso que posso responder.
Não acobertei caso de doping e
muito menos fui a causa de tudo isso", escreveu a médica.
Na ocasião, Rebeca não foi
nem sequer suspensa preventivamente pela Confederação
Brasileira de Desportes Aquáticos. A Federação Internacional de Natação, no entanto, teria solicitado sua punição. O
caso passou, então, a ser discutido entre as entidades.
O julgamento pela Corte de
Arbitragem do Esporte só deverá acontecer no ano que vem.
Procurado pela Folha, o presidente da CBDA, Coaracy Nunes, não foi encontrado.
Um brasileiro já foi vítima de
erro em Montréal. Antes de
Sydney-2000, Sanderlei Parrela, do atletismo, testou positivo
para nandrolona. Mas relatório
científico do toxicologista americano David Black apontou
que a urina estava degradada e,
por isso, acusou nível anormal
do hormônio. Parrela foi inocentado e correu na Olimpíada.
Segundo Gisliene Hesse, empresária de Rebeca, a atleta falará novamente na semana que
vem, após seus advogados definirem a estratégia de defesa.
A defesa nomeou o médico
cubano radicado no Brasil José
Blanco Herrera para assistir à
análise da amostra B de Rebeca
em Montréal. Ela testou positivo em 13 de julho. Antes, Renata viajaria com a atleta.
Herrera trabalhou no antidoping das Olimpíadas de Moscou, Los Angeles, Seul, Barcelona e Atlanta. Para ele, há irregularidades nos testes que
põem Rebeca na berlinda -ela
pode ser banida do esporte se
tiver mais de uma condenação.
"No caso de 2006, não é procedimento normal que ele ainda não tenha sido concluído."
O cubano também vê falhas
no Pan. Segundo o Ladetec, laboratório que fez os exames, algumas amostras dificultavam a
análise. Todas foram negativas.
"Se as urinas estavam muito diluídas, não deveriam ter sido
aceitas pelo controle."
E o teste de DNA demorou
muito a ser pedido. "Se havia
alguma suspeita na época do
Pan, por que pediram esse teste só agora?", questionou.
Segundo Eduardo de Rose,
chefe do antidoping dos Jogos,
a análise foi pedida ao laboratório Sonda, da UFRJ, na época
dos Jogos. Mas os resultados só
saíram na semana passada.
Para ele, porém, não é possível que uma amostra degradada resulte em um falso positivo. "Isso não ocorre no caso de
esteróides anabólicos."
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