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Diego dribla dor e lidera ranking
Com problema crônico no pé, ginasta coroa ano "perfeito" e diz que agora se sente reconhecido no país
Atleta se torna o mais jovem
e o único do hemisfério Sul
a deter status no masculino
e permite dobradinha do país na listagem mundial
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Diego Hypólito é protagonista de mais uma marca histórica
na ginástica artística brasileira.
Depois de faturar três medalhas no Pan-2007, de se sagrar
bicampeão mundial em setembro e de triunfar na etapa da
Copa do Mundo em Stuttgart
(ALE) no mês passado, o atleta
paulista, mesmo com um problema crônico no pé direito, assume agora a liderança no ranking internacional de solo.
Na última lista da Federação
Internacional de Ginástica,
Diego ostenta 547,46 pontos.
Além de ter superado seu
maior rival nos últimos anos, o
romeno Marian Dragulescu,
que tem 530,08, o brasileiro de
21 anos se torna o único ginasta
do hemisfério Sul a atingir o
feito e o mais jovem dos seis
atletas que lideram cada um
dos seis aparelhos masculinos
(solo, salto, paralelas, cavalo
com alças, argolas e barra fixa).
"Não pensava em conseguir
neste momento. Mas é fruto da
melhor temporada da minha
carreira, que foi praticamente
perfeita", disse Diego, que disputa hoje e amanhã em Goiânia
eventos do circuito nacional.
E o ano foi mesmo brilhante.
Exceto pelo seu primeiro torneio, em março, quando lesionou o pé em etapa da Copa em
Paris, Diego subiu ao pódio no
solo em todos os outros eventos
oficiais de que participou e ainda teve sua maior nota, 16,200
pontos, em amistoso na Suíça.
"Tudo melhorou para o Diego. Desde as condições de treino, a série e até as finanças. E isso acompanhado do melhor
momento do seu pé direito", falou o técnico Renato Araújo.
Segundo ele, que trabalha
com Diego há 12 anos, seu pupilo conseguiu nos últimos torneios, pela primeira vez em
dois anos, atuar sem proteção
de esparadrapo no pé. "O problema é crônico, de ligamento
rompido, e só vai sarar com cirurgia. Só que ele não pode parar agora. Isso será visto após a
Olimpíada", disse Araújo.
O atleta festeja o fato de poder atuar sem proteção e antiinflamatórios. "Por incrível
que pareça, não estou sentindo
dor. Antes, gastava quase um
rolo de esparadrapo por dia para fazer a bota de proteção até
para treinar", afirmou o ginasta
do Flamengo, que desde 2005
tem dois pinos de titânio no pé.
Um dos torneios em que
atuou sem proteção foi o Mundial de Stuttgart, decisivo para
sua escalada no ranking -o ouro no solo deu-lhe 125 pontos.
Como líder da listagem da
FIG, Diego põe um pé na finalíssima da Copa, que será no final de 2008 com os oito mais
bem ranqueados de cada prova.
Diante do novo status, o atleta diz que, enfim, pode se considerar reconhecido no país.
"Tive que fazer o impossível,
conquistar medalhas em três
Mundiais seguidos [ouro em
2005 e 2007 e prata em 2006],
mas agora recebi 50% de aumento dos meus patrocinadores [Golden Cross e Redecard],
ganhei apoio da Caixa e passei a
receber todo tipo de contato,
até de novela participei ["Sete
Pecados"]. E, no Flamengo,
mesmo quando vão atrasar salário, agora dão satisfação."
Mas o ranking, que a cada virada de ano tira 30% da pontuação de cada atleta a fim de
motivá-lo a seguir competindo,
não será a prioridade de Diego.
"A meta é a Olimpíada [em
agosto de 2008]. Ele começa o
ano à frente mesmo com o desconto e, se fizer o que fez até
hoje, segue líder", falou Araújo.
Um coisa é certa: Diego dificultará mais sua série de solo.
"Na Suíça, ele partiu de 16,600
e tirou 16,200. Na China, queremos sair de 17, para credenciá-lo ao pódio. Mas não vamos
forçar nada agora. Ele tem dores no ombro", disse o técnico.
Com o feito de Diego, o Brasil
ostenta inédita dobradinha no
solo, já que Daiane dos Santos
ainda lidera a lista feminina.
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