São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Diego dribla dor e lidera ranking

Com problema crônico no pé, ginasta coroa ano "perfeito" e diz que agora se sente reconhecido no país

Atleta se torna o mais jovem e o único do hemisfério Sul a deter status no masculino e permite dobradinha do país na listagem mundial


CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Diego Hypólito é protagonista de mais uma marca histórica na ginástica artística brasileira.
Depois de faturar três medalhas no Pan-2007, de se sagrar bicampeão mundial em setembro e de triunfar na etapa da Copa do Mundo em Stuttgart (ALE) no mês passado, o atleta paulista, mesmo com um problema crônico no pé direito, assume agora a liderança no ranking internacional de solo.
Na última lista da Federação Internacional de Ginástica, Diego ostenta 547,46 pontos.
Além de ter superado seu maior rival nos últimos anos, o romeno Marian Dragulescu, que tem 530,08, o brasileiro de 21 anos se torna o único ginasta do hemisfério Sul a atingir o feito e o mais jovem dos seis atletas que lideram cada um dos seis aparelhos masculinos (solo, salto, paralelas, cavalo com alças, argolas e barra fixa).
"Não pensava em conseguir neste momento. Mas é fruto da melhor temporada da minha carreira, que foi praticamente perfeita", disse Diego, que disputa hoje e amanhã em Goiânia eventos do circuito nacional.
E o ano foi mesmo brilhante. Exceto pelo seu primeiro torneio, em março, quando lesionou o pé em etapa da Copa em Paris, Diego subiu ao pódio no solo em todos os outros eventos oficiais de que participou e ainda teve sua maior nota, 16,200 pontos, em amistoso na Suíça.
"Tudo melhorou para o Diego. Desde as condições de treino, a série e até as finanças. E isso acompanhado do melhor momento do seu pé direito", falou o técnico Renato Araújo.
Segundo ele, que trabalha com Diego há 12 anos, seu pupilo conseguiu nos últimos torneios, pela primeira vez em dois anos, atuar sem proteção de esparadrapo no pé. "O problema é crônico, de ligamento rompido, e só vai sarar com cirurgia. Só que ele não pode parar agora. Isso será visto após a Olimpíada", disse Araújo.
O atleta festeja o fato de poder atuar sem proteção e antiinflamatórios. "Por incrível que pareça, não estou sentindo dor. Antes, gastava quase um rolo de esparadrapo por dia para fazer a bota de proteção até para treinar", afirmou o ginasta do Flamengo, que desde 2005 tem dois pinos de titânio no pé.
Um dos torneios em que atuou sem proteção foi o Mundial de Stuttgart, decisivo para sua escalada no ranking -o ouro no solo deu-lhe 125 pontos.
Como líder da listagem da FIG, Diego põe um pé na finalíssima da Copa, que será no final de 2008 com os oito mais bem ranqueados de cada prova.
Diante do novo status, o atleta diz que, enfim, pode se considerar reconhecido no país.
"Tive que fazer o impossível, conquistar medalhas em três Mundiais seguidos [ouro em 2005 e 2007 e prata em 2006], mas agora recebi 50% de aumento dos meus patrocinadores [Golden Cross e Redecard], ganhei apoio da Caixa e passei a receber todo tipo de contato, até de novela participei ["Sete Pecados"]. E, no Flamengo, mesmo quando vão atrasar salário, agora dão satisfação."
Mas o ranking, que a cada virada de ano tira 30% da pontuação de cada atleta a fim de motivá-lo a seguir competindo, não será a prioridade de Diego.
"A meta é a Olimpíada [em agosto de 2008]. Ele começa o ano à frente mesmo com o desconto e, se fizer o que fez até hoje, segue líder", falou Araújo.
Um coisa é certa: Diego dificultará mais sua série de solo. "Na Suíça, ele partiu de 16,600 e tirou 16,200. Na China, queremos sair de 17, para credenciá-lo ao pódio. Mas não vamos forçar nada agora. Ele tem dores no ombro", disse o técnico.
Com o feito de Diego, o Brasil ostenta inédita dobradinha no solo, já que Daiane dos Santos ainda lidera a lista feminina.


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